Ode to Napolean


‘Tis done – but yesterday a King
              And arm’d with Kings to strive –
And now thou art a nameless thing;
               So abject – yet alive?
Is this the man of thousand thrones,
Who strew’d our earth with hostile bones,
               And can be thus survive?
Since he, miscall’d the Morning Star,
Nor man nor fiend hat fallen so far.

Ill-minded man” why scourge thy kind
              Who bow’d so low to knee?
By gazing on thyself grown blind,
              Thou taught’st the rest to see,
With might unquestion’d – power to save, -
Thine only gift has been the grave,
              To those that worship' d  thee;
Nor till fall could mortals guess
Ambition' s  less than littleness!

Thanks for that lesson – it will teach
             To after-warriors more
Than high Philosophy can preach,
             And vainly preach’d before.
That spell upon the minds of men
Breaks never to unite again
             That led them to adore
Those Pagod things of sabre sway,
With fronts of brass, and feet of clay.

The triumph, and the vanity,
             The rupture of the strife –
The earthquake voice of victory,
             To thee the breath of life;
The sword, the sceptre, and that sway
Which man seem’d made but to obey,
             Wherewith renown was rife –
All quell’d – Dark Spirit! What must be
The madness of thy memory!

The Desolator desolate!
            The Victor overthrown!
The Arbiter of other’s fate
            A Supplicant for his own!
Is it some yet imperial hope
That with such change can calmy cope
            Or dread of death alone?
To die a prince – or live a slave –
Thy choice is most ignobly brave!

And  Earth hath spilt blood for him,
          Who thus can hoard his own!
And Monarchs bow’d the trembling limb
          And thank’d him for a throne!
Fair Freedom! We may hold thee dear,
When thus thy mightiest foes their fear
          In humblest guise have shown,
Oh! ne’er may tyrant leave behind
A brigher name to lure mankind!

Thine evils deeds are writ in gore,
          Nor written thus in vain –
Thy triumphs tell of fame no more,
          Or deepen every stain:
If thou hadst died as honour dies,
Some new Napolean might arise,
         To shame the world again –
But who would soar the solar height,
To set in such a starless night?

Weigh’d in balance, her dust
         Is vile as vulgar clay;
Thy scales, Mortality! are just
        To all that pass away:
But yet methought the living great
Some higher sparks should animate,
       To dazzle and dismay:
Nor deem’d Contempt could thus make mirth

Of these, the Conquerors of the earth.
And gaze upon the sea;

Then haste thee to thy sullen Isle

That element may meet thy smile –
        It ne’er was ruled by thee!
Or trace with thine all idle hand,
In loitering mood upon the sand,
      That Earth is now as free!...

There was a day – there was an hour,
       While earth was Gaul’s – Gaul thine –
When that immeasurable power
       Unsated to resign
Had been an act of purer fame,
Than gathers round Marengo’s name,
       And gilded thy decline,
Through the long twilight of all time
Despite some passing clouds of crime.

But, thus,  forsooth, must be a king
And don the purple vest?
As if that foolish robe could wring
       Remembrances from thy breast.
Where is that faded garment? Wher
The gewgaws thou wert fond to wear,
       The star, the string, the crest?
Vain forward child of empire! Say,
Are all thy playthings snatch’d away?

Where may the wearied eye repose
       When gazing on the Great,
Where neither guilty glory glows,
       Nor despicable state?
Yes – one – the first – the last – the best
The Cincinnatus of the West,
      Whom envy dared not haate,
Bequeath’d the name of Washington,
To make man blush there was but one!


Ode a Napoleão


‘Stá consumado – ontem, um Rei
Com Reis armados lutando –
Agora, uma insignificância
Tão ignóbil – entretanto, viva?
É este o homem de mil tronos
Que encheu nossa terra de ossos hostis
E que ainda sobrevive?
A partir dele, impropriamente chamado Estrela Matutina
Nenhum homem, nenhum demônio foi tão longe n a queda.

Mal-intencinado homem! Por que açoitar tua espécie
Que a ti tanto se rendeu?
Cega por a ti mesmo contemplar, os demais a verem.ensinaste
Com poder incontestável – poder de salvar, -
A sepultura tua única dádiva tem sido
Para aqueles que te veneravam.
Só após a tua queda puderam os mortais compreender que
A ambição é menor do que a necessidade!

Agradecido por essa lição – ela ensinará
Aos futuros guerreiros mais
Do que sabe doutrinar a alta Filosofia
Que debalde antes ensinava.
Aquele fascínio sobre os espíritos dos homens
Rompido, nunca mais haverá de uni-los outra vez
Visto que ele os conduzia a adorar
Aqueles objetos de domínio do sabre no Pagode
Com frontais de latão e pés de barro.

O triunfo e a vaidade,
O êxtase do combate –
A voz da vitória do terremoto,
Pra ti o sopro da vida.
A espada, o cetro e aquele domínio
Pelos quais parece ter-se feito o homem apenas pra obedecer
Com os quais a fama se constrói –
Alívio final – Espírito Sombrio!  o que deve  ser
A loucura da tua memória!

O desolado Desolador!
O Vitorioso destronado!
O Árbitro do alheio destino
Um Suplicante de si próprio!

Será que ainda existe alguma esperança imperial
Que com tal mudança possa calmamente afrontar
Ou recear da morte a solidão?

Morrer como príncipe - ou viver como escravo –
Vilmente ousada é tua escolha!

Pra ele o sangue a Terra derramou,
Sendo o dele para si próprio entesourado!
Monarcas os membros trêmulos inclinavam
Por um trono agradecendo!
Liberdade justa! Preciosa, considerar-te podemos
Quando, assim, teus mais poderosos inimigos o medo,
Através do mais humilde disfarce, expressaram
Oh, nunca possa mais um tirano legar
Pra seduzir a humanidade um nome mais brilhante!

Com sangue tuas más ações escritas estão.
Desse modo, não em vão escritas –
Não dizem mais da fama teus triunfos,
Nem cada mancha aprofundam:
Se tivesses morrido como morre a honra,
Surgir poderia algum novo Napoleão
A fim de o mundo envergonhar –
Quem, contudo, se elevaria à altura solar
Para se pôr em tal noite sem estrelas?

Postos os pratos na balança, o pó do herói
É tão vil quanto bairro ruim.
Tua balança, Mortalidade! Não é mais do que
Algo despercebido:
No entanto, ainda me pareceu que a grande criatura
Algumas fagulhas mais altas inspirar devia,
Ofuscando e assombrando:
O julgado Desprezo nem mesmo poderia assim alegrar
Os conquistadores da terra.

Agora, para a tua Ilha aborrecida, apressa-te,
E olha pro mar.
Talvez esse elemento de ti um sorriso arranque –
Pois por ti jamais dominado foi!
Ou, se não, desenha, com a tua mão toda inerte,
Sobre a areia, com ânimo negligente,
Mostrando que a Terra mais uma vez é livre...!

Houve uma vez – houve uma hora
No tempo em que a terra era da Gália – a tua Gália –
Quando aquele incomensurável poderio
Indestrutível
Um ato de fama mais puro havia sido
Do que aquele suscitado pelo nome de Marengo
E que o teu declínio dourava
Através do mais longo dos crepúsculos
Não obstante passageiras.nuvens de crime

Na verdade, deverias tu, entretanto, ser rei
E envergar o traje púrpuro?
Como se aquele manto idiota pudesse arrancar
Do teu peito lembranças.
Onde andará aquela vestimenta desbotada ? com
Aqueles penduricalhos lustrosos de que gostavas de usar,
a estrela, os cordões, a cimeira?
Fútil e petulante criança imperial! Escuta,
Tomaram-te todos os brinquedos?

Onde repousarem podem os olhos lassos
Ao contemplarem o Grande,
Onde nem a glória culposa brilha,
Nem tampouco o estado de vilania?
Sim – um – o primeiro – o último – o melhor
O Cincinato do Ocidente
A quem a inveja odiar não ousa,
Deixou como legado o nome de Washington
Pra fazer alguém enrubescer um só homem existiu.

(Trad. de Cunha e Silva Filho)

Observação do tradutor: Algus versos, pertencentes à mesma estrofe, por impossiblidade técnica,  figuram em espaços saltados. O leitor paciente há de me relevar  por isso.