UM PAÍS´`AS AVESSAS E OUTROS TEMAS
Por Cunha e Silva Filho Em: 17/06/2023, às 16H02
UM PAÍS ÀS AVESSAS E OUTROS TEMAS
CUNHA E SILVA FILHO
Enquanto o atual presidente viageiro às custas do Erário Público ainda fará sua oitava viagem pelo mundo, desta vez ao Vaticano, aqui no cotidiano assombroso tem de tudo: altíssimo custo de vida, arrocho salarial, criminalidade por toda a parte, sobretudo no eixo Rio-São Paulo e um Congresso que só pensa em CPIs que, no fundo, e ao cabo, não dão em nada
. Não viram a CPI da Covid-19 , quanta conversa vazia, quanta briga entre partidos, bate-bocas de políticos que também nada têm de santinhos, pois a nossa bendita política é com “p” minúsculo e só pensa em benefícios próprios e na continuidade das regalias - estas uma condição pétrea que só tende a ser a mesma, sem tirar nem pôr e manter o continuísmo que nenhum bem efetivo tem feito a todas as classes da pirâmide social.?
Ora, os que estão no topo da pirâmide nada sofrerão com a escalada de aumentos e de juros estratosféricos a começar da tal Selic do Banco Central que ainda tem no cargo o mesmo descendente do Bob Campus em patamares que não existem em nenhum país do mundo e trabalhou em consonância com o desastroso governo do Bolsonaro.
Façamos um parêntese: o bolsonarismo e o petismo dividiram e polarizaram a sociedade brasileira a tal ponto que , hoje, estamos sofrendo as consequências nefastas e deletérias de um povo que ficou cindindo, diria até de forma fanática, o que é uma fato perigoso para que uma nação possa se equilibrar e resolver seus magnos e mais gritantes problemas. Sim, sem dúvida, dificilmente conseguiremos unir uma sociedade que está irreparavelmente partida em dois grandes blocos: o petismo e o bolsonarismo. Dois antípodas que, só com muita sensatez e amor à pátria, possam se entender no conjunto da sociedade brasileira. Um país dividido é uma país com forte tendência a ser autoritário mesmo vivendo uma democracia eivada de tantas imperfeições e injustiças como a nossa.
Outro grande mal que se poderia apontar em nosso país é de como combater a guerra dos preconceitos. Nunca será por decreto ou punições legais que se irá livrar a nossa sociedade do cancro dos preconceitos. Em meu conceito, ele está inextricavelmente atrelado ao nosso sistema de Educação, à nossa formação de Nação e profundamente aos estereótipos que se perpetuaram por uma longa permanência de ideias preconcebidas e subalternas em relação a que não era branco. Fomos o último país das Américas a abolir a escravidão.
Somente com a Educação elevada e sem proselitismo de fundo ideológico o país irá se desapegando dos estigmas nefastos dos preconceitos em todas as suas formas. Portanto, vejo, na dimensão educacional, desde as bases do ensino público ou privado, a preparação paulatina e natural, sem imposições ideológicas, a convivência co-educativa e saudável, durante o início da aprendizagem escolar, entre brancos e negros.
Esta convivência na fase em que a criança se caracteriza pela pureza da inocência, auxiliada por laços familiares entre brancos e pretos, e reforçada, já à altura do ensino médio, pelo ensinamento e internalização nos espíritos dos adolescentes que somos um país mestiço, no qual não existe a chamada pureza étnica em nosso país, será possível debelar, gradativamente, nas gerações futuras, a ideia de que somos seres humanos que jamais podem ser rotulados de superioridade de raça pura – frutos de ideias nazistas sem o mínimo de sustentação científica por força de uma mera pigmentação na pele.
Creio que as conquistas dos direitos civis nos EUA, frutos de grandes líderes negros americanos à frente dos quais o grande Martin Luther King(1929-1968) é prova cabal de que ideias racistas e anticientíficas terão que ser extirpadas de vez do convívio humano e entre nações civilizadas. Uma outra conquista, no exterior, foi a derrubada do apartheid na África do Sul, cujo exemplo mais auspicioso e emblemático foi a presença do ativista Mandela(1918-2013) que, passando pelas maiores vicissitudes, sendo preso por longo período, conquistou a liberdade e se tornou uma das figuras mais proeminentes da história daquela nação africana, a ponto desse tornar presidente de seu país e ter sido ganhador do prêmio Nobel da Paz.Um merecimento. a toda prova, de que sua ilustre pessoa ter do seu povo. São estas figuras de altos méritos morais e patrióticos que aprimoram as grandes nações. E o nosso país anda carente de figuras dessa natureza ética e política. Não de arrivistas, de oportunistas de populistas que engabelam povos pelo mundo afora.
Enquanto a política no país não der seu exemplo de patriotismo e de integridade moral, a nossa sociedade será refém de políticos mal preparados e oportunistas, quando não corruptos, de formação de partidos em número exagerado e sobretudo de impunidades deploráveis, esta nação não se emendará nem tampouco prosperará. Ao contrário, viverá da política eleitoreira à custa do maior cabo eleitoral de nossa história política: as chamadas bolsas famílias e quejandos. Que estas migalhas realimentadoras da pobreza se transformem em criação de emprego, em desenvolvimento real e contínuo nos diversos setores da vida brasileira e na formação de uma sistema de educação igualitário para pobres e ricos que tire o indivíduo da eterna posição de analfabetos e analfabetos funcionais. O Brasil, já assinalei alhures, é aqui e não na pretensão de ser líder mundial sem um currriculum à altura de um grande estadista. Cumpre a um presidente fazer primeiro o dever de casa, depois, voltar-se para o mundo que possa elevar o nível de nossa sociedade reconhecidamente injusta e persistentemente injusta.