UM BRASIL AINDA BIPOLARIZADO

CUNHA E SILVA FfILHO

(Da Academia Brasileira de Filologia, ABRAFIL).

Um articulista merece discutir, com isenção e sem a parcialidade de polarização, os males que o fanatismo carcomido e o messianismo de fundo religioso, agora mais do que nunca, assolam o país. Certos pontos de vista do que viveu Brasil com forte tons autoritários e de incompetênica adminstratva devem ser refutados com rigor. Entretanto, existe igualmente o outro lado da moeda.

Há que se pensar também num outro tipo de fanatismo. Me refiro aos "apoiadores," (palavra detestável) aos meus ouvidos (antigamente, se dizia correligionários) da chamada esquerda brasileira comunista, ou melhor diria, do pseudoesquerdimso . A realidade brasileira é ofuscada pelos meios de ferramentas alvissareiras oriundas das práticas de uma política popularesca e com tons e nuanças também fora da órbita da política com P maiúsculo. Não se pode apagar o passdo de umpartido que fora palco de escândalos seguidos e de apadrinhamentos e cumplicidades tácitas entre o poder central e a inicativa privada, responsáveis por desvios de uma política que deveria ter se pautado, desde o início, com um compromisso sério e esperado visando ao bem-estar comum da sociedade. Isso somente seria exequível se tivéssemos um verdadeiro estadista desejoso de efetivas mudanças fundamentais contra a pobreza e a miséria no país, fora outros problemas gritantes. como a escalada da violência e um combate aguerrido contra impunidade ainda bem evidente causando a indignação da nossa população em suas diversos estratos sociais.

Esse problemas ainda não foram atacados com a firmeza de um governo competentes e respeitado, porquanto o grave problema da fome não foi devidamente anda equacionado e um outro grave problema, a corrupção, largamente conhecida e atuante até hoje, não foi tampouco reduzida.

Houve, vou dar nomes aos bois, mudanças do petismo para melhor no que concerne à aviltante miséria, fome e descaso com os despossuídos? Sim, houve. Contudo, isso não é suficiente para um governo que aspire a ser respeitado pela maioria do seu povo.

É preciso que as mudanças sejam estruturais e o bolo dos bens gerais da Nação seja melhor distribuído, não por migalhas popularescas e eleitoreiras, pois os ricos continuam a ser ainda mais ricos.

Quando o judiciáro federal se aproveita dos seus régios poderes, muitas vezes parciais e com ações amiúde anulando desmandos de governança ilícita praticados em mandatos anteriores, mesmo num Estado Democrático de Direito.  Não é por essas e outras razões que cessariam as punições cabíveis e fundamentadas nos deveres constitucionais do Executvo. do Legislativo e do Judiciário.

Os malfeitos de mandatos anteriores do PT que se prolongaram durante anos, não podem ser, subitamente apagados e esquecidos. No mínimo, uma "mea culpa" deveria ser esperada de um governante que se viu cercado de políticos corruptos e de malversações oriundas de conluios de práticas de  milionárias propinas entre o público e o privado, i.e., dilapadoras do Erário Públicio, ou, por outra, do dinheiro do contribuinte atrapes das arredações de impostos.

Seria, por esses motivos que, no meu juízo, não faria opção pelo populismo do atual governo, como, da mesma sorte, não comungaria com os erros crassos e de viés autoritário do governo precedente.

Urge que , no país dos Bruzundangas, dos Malazartes, dos malandro macunaímicos, e dos males da extrema-direita e da "esquerda festiva," esta última que adora o luxo das suas benesses hauridas nas delícias financeiras dos três poderes. ainda bem atuantes nos seus resquicios e desmandos já ocorrentes e detrados pela visão lúcida e premonitória  de Lima Barreto sobre os males do Brasil.

A Literatura é uma grande fonte para conhecimento da alma e do caráter de um pais, das suas virtudes, dos seus vícios e erros. Mesmo por sua "deformação" através da mímesis aristotélica, não é difícil compreender os seus índices, as suas sinalizações.