Tradução do poema
Por Cunha e Silva Filho Em: 13/01/2015, às 13H35
Écoutez
Écoutez la chanson bien douce
Qui ne pleure que pour vous plaire.
Elle est discrète, elle est légère:
Um frisson d’eau sur de la mousse!
La voix vous fut comme (et chère?)
Mais à présent elle est voilée,
Comme une veuve désolée,
Pourtant comme elle encore fière,
Et dans les longs plis de son voile
Qui palpite aux brises d’automne
Cache et montre au coeur que s’étonne
La vérité comme une étoile.
Elle dit, la voix reconnue,
Que la bonté c’est n otre vie,
Que de la haine e de l’envie
Rien ne reste, la mort venue.
Elle parle aussi de la gloire
D’être simple sans plus attendre,
Et de noces d’or e du taindre
Bonheur d’une paix sans victoire.
Acccueillez la voix que persiste
Dans son naîf épithalame.
Allez, rien n’est meilleur à l’âme
Que de faire une âme moins triste!
Elle est “en peine” e de “passage”
L’âme que souffre sans colère,
Et comme sa morale est claire!...
Écoutez la chanson bien sage.
(Paul Verlaine- 1844-1896)
Escutai
Escutai esta canção tão doce
Que apenas chora para vos contentar.
Discreta, sim, singela, sim:
De água um frêmito no musgo!
Conhecida (e querida?) se fez a voz
Agora, porém, velada está
Qual viúva desconsolada.
Não obstante, quão ainda altiva se mostra!
E nas longas dobras de seu véu
Palpitando com as brisas do outono
Oculta e mostra ao coração surpreso
A verdade de uma estrela.
Diz a voz reconhecida
Que de nossa vida a bondade é parte,
Que, após a morte, o ódio e a inveja
Nada significam.
Da glória por igual discorre
De ser simples sem mais nada esperar.
Fala das bodas de ouro e da comovente
Felicidade de uma paz sem vitória.
Acolhei a voz que persiste
Em seu ingênuo epitalâmio.
Ide, nada é tão precioso à alma
Quanto suavizar-lhe a tristeza!
A voz, um “átimo, uma “ fugacidade”
A alma que sofre sem cólera.
E, em sua moral, quanta transparência!...
(Trad. de Cunha e Silva Filho)