Para a mãe Elza, minha  mulher, e para minha mãe Ivone e todas as mães  neste “Dia das Mãe"

 

 

 

                  

                   

Minha  mãe

 

 

                 Sobre minha fronte põe tuas mãos frescas. Aí.. sim.. que refrigério! Isso tudo me faz  reviver o tempo em  que,  pequenino,  me punhas sobre os joelhos quando eu tinha um grande pesar,  por exemplo,    um galo na testa, ou quando, sem querer ter revelar,  tinha medo dos ruídos e da tantas sombras  sob o meu leito de criança.

                   Me  sorris agora com este mesmo sorriso pleno de luz. Recordas?  Dizias-me que era “teu pequeno cavalheiro.” Me parecias  feliz, feliz como as fadas e princesas dos contos  maravilhosos.

                   Teus cabelos embranqueceram.  Por acaso foi de tanto chorares  por mim? Não tens mais o rosado na pele. Não seria por que tanto ficaste à minha espera?

Em tua  pessoa  pensava às vezes lá distante,  na solidão no meio de meus colegas  de  cativeiro. Levado no  rol dos  repatriados,   retorno através de pequenas etapas e longos dias até chagar a ti. Não te disse ainda nada ainda, nem a ti dado  nenhum testemunho. Cansado  e muito  magoado  me encontro agora.. No entanto, tu sabes agir sem  questionar. Com passos leves, me cumulas de cuidados, de silêncio, de  tua presença.

Te sigo pelo olhar. Bebo teu sorriso: não quero pensar em nada e, se por acaso o pesadelo me  ameaçar, ou se as  lembranças de sofrimentos me assaltarem, estenderei a mão;  estarás aí perto ... e o meu   cansaço passará. Um dia, talvez,  quando estiver  mais disposto,  te contarei. tudo.... como se esvazia de  um saco bem pesado todas as minhas  dores.  Agora,   quero esquecer, quero viver e te quero junto de mim... Mamãe.

 

                  (Trad. de Cunha e Silva Filho)

 

 

Nota: A despeito de ter pacientemente procurado, via Internet,   dados biográficos  do autor do texto acima, de resto, uma texto belíssimo falando  dos valores  universais das Mães,  na consegui  encontrar nada  de concreto. Só contei  com  o livro,  do qual  extraí a passagem  que traduzi, que está  num antigo compêndio didático  de français escrito por Marcel Debrot, livro lido na adolescência, adotado  por meu  pai,  meu então  professor de francês no Ginásio  “ Des. Antônio Costa,”  instituição  escolar particular, mais conhecida como “Domício." O título do livro é Le français au gymnase, terceira e quarta séries ginasiais, publicação Editora do Brasil, São Paulo,  5. ed., p.34-35.  Agradeceria a qualquer leitor caso  me  fornecesse dados biobliográficos  referentes  ao  texto.