4)

 

WORK WITHOUT HOPE*


All Nature seems at work. Slugs leave their lair—
The bees are stirring—birds are on the wing—
And Winter slumbering in the open air
Wear on his smiling face a dream of Spring!
And I the while, the sole unbusy thing,
Not honey I make, nor pair, not build, nor sing.

Yet well I ken the banks where amaranths blow
Have traced the fount whence streams of nectar flow.
Bloom, O ye amaranths! Bloom for whom ye may,
For me ye bloom not! Glide, rich streams, away!
With lips unbrightened, wreathless brow, I stroll:
And would you learn the spells that drowse my soul?
Work without Hope draws nectar in a sieve,
And Hope without an object cannot live.

O TRABALHO SEM A ESPERANÇA


Inteira movimenta-se a Natureza. As lesmas suas tocas deixam.
Movimentam-se as abelhas – os pássaro voos alçam –
E o Inverno, dormitando ao ar livre,
Exibe, no sorriso do rosto, de Primavera um sonho!
Enquanto isso, eu apenas algo inútil represento.
Mel não faço, nem caso, nem crio, nem canto.

Sei, contudo, que as margens, nas quais amarantos desabrocham,
A fonte encontraram, da qual fluem os arroios.
Desabrochai vós, ó amarantos! Desabrochai pra quem puderdes.
Pra mim, não desabrochais! Ricos arroios, pelo vosso curso deslizai!
Com lábios ofuscados, caminho com desgrinaldada fronte.
Entenderíeis os encantos que minha alma entorpecem?
O trabalho sem a Esperança néctar extrai numa peneira.
Sem um objetivo a Esperança morre.

                                                                                                          (Trad. de Cunha e Silva Filho)
 

* nota do tradutor:  Poema escrito em  21 de fevereiro de 1825.