Tiradentes


Rogel Samel

 

Novamente em casa. O Rio parece cinzento. Ouço um ruído de carro e aviões ao longe. Os aviões, estou na rota. Vão para o Santos Dumont. O Rio ainda dorme. Preparo-me para dar a minha caminhada. É bom estar em casa, mas saudades de Tiradentes e da minha amiga Lyria. Espero que ela me esteja lendo. O meu amigo Dílson Lages Monteiro escreveu um poema sobre Tiradentes:

Palpitam e apitam

Em ruas de rumores e estações

As pedras palpitam minas e ouro

Palpitam como as encostas da serra

Palpitam nuvens e cerração

O céu de sol e sombra

em silêncios  e orações.

 

A Maria Fumaça parada, parada

na viagem derradeira

reviva em cada charrete

Como o passado em  ilusão.

 

Tiradentes palpita.

As encostas da serra

As ruas de pedras

Palpitam e apitam paradas.

 

Nos rumores da estação

Palpita a Maria Fumaça

Em cada charrete apita.

Palpita e apita

 

Tiradentes parada.

 

Como este poema me soa a Tiradentes! Cidade parada, amada. As pedras da Serra de São José nas pedras das ruas.

Sobre elas, as charretes passam.

Mas o tempo, esse lambido de gato,

Não passa.

Ali não passa.