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 “Quero ser uma esposa feliz.”
(Haine Otomiya)

“Por que a família Touguu tem essa coisa de criar substitutos? Ouvi dizer que, antigamente, o nascimento de gêmeos era visto como um mau presságio... mas isso é pura superstição!”
(Haine Otomiya)


Resenha do volume 10 do mangá “The Gentlemen’s Alliance: Cross” (A Aliança dos Cavalheiros: Cruz) de Arina Tanemura. Editora Panini, São Paulo-SP, 2012. Edição original: Editora Shueisha, Tokyo, Japão, 2004. Tradução: Karen Kazumi Hayashida.

O penúltimo volume de “The Gentlemen’s Alliance” é de todos o mais dramático e angustiante, quando Hayne Otomiya é confrontada com toda a verdade da família Shouguu e a tirania nela exercida pelo chefe do clã, o avô de Shizumasa e Takanari. E a verdade é chocante e aterrorizante, configurando uma grande ofensa aos direitos humanos.
O próprio Takanari explica a Haine, sintetizando a crua verdade: “Na família Touguu, faziam parentes se casarem para proteger a linhagem. Por isso, o sangue se tornou fraco. Mesmo hoje, ainda tenho parentes com a saúde debilitada. Então, quando nascem g~emeos na família, um deles é criado como substituto... para manter as aparências caso o outro adoeça.”
A mãe de Takanari e Shizumasa, Shouka, era uma substituta de sua irmã e mantida em confinamento mas fugiu com Senri, que servia a família, pois haviam se apaixonado, e acabou morrendo na neve. Senri foi trazido de volta e prometeu servir a família Touguu pelo resto da vida, para se “redimir”.
O destino de Takanari, iludido pelo irmão quando, em crianças, tiveram de buscar pedras com seus nomes perto de um lago, para decidir quem seria o escolhido e quem seria o substituto (a sombra, cuja existência oficial seria apagada dos registros) estava traçado: ser confinado sempre que não necessário, pois apenas substituía Shizumasa na escola, por causa da frágil saúde deste.
E embora Haine tenha se decidido por Takanari, não consegue evitar que ele seja sequestrado pelo próprio irmáo e confinado na casa do avô. Curiosamente ninguém cogita recorrer à polícia: Haine resolve salvar o seu amado com seus próprios meios.
Ela terá de enfrentar o “poderoso chefão” dos Touguu, o “vovô” Schuuichirou...
A trama então assume uma intensa dramaticidade e com nuances notáveis no enredo, uma obra realmente habilidosa da mangaká Arina Tanemura. Afinal Shizumasa não é ruim como parece: finalmente se revela que na verdade ele não quer desgraçar o irmão nem tomar-lhe o amor de Haine: ele quer simplesmente morrer e fazer com que o irmão o odeie... e com sua morte liberar Takanari.
Resta chegar ao desfecho no volume seguinte do mangá.


Rio de Janeiro, 14 de agosto de 2016.