Tema recorrente

Por Cunha e Silva Filho

Na cidades, nos campos, nas metrópolis, tanto nas camada menos desfavorecidas quanto nas médias e elevadas, as ações violentas praticadas por indivíduos, sejam porque razões forem, não serão nem poderão ser justificativas plausíveis para  atos das mais ferozes atrocidades a que o homem  pode chegar na sociedade contemporânea O Brasil, em  em especial,  se tornou  um dos campeões mundiais em práticas de brutalidades e selvagerias jamais vistas. Somos brutos e cruéis e a toda hora temos dado suficiente demonstrações dessa nossa tendência para a estupidez. Povo manso, cordato, “homem cordial”, "democracia racial" de longe se transformaram em falácias quando se levanta a discussão sobre a questão da violência. Os exemplos de atos de extrema crueldade estão aí para confirmarem nossas premissas. Não podemos ocultar esse estado de patologia social que está tomando conta de nosso povo.


É bem verdade que há quarenta ou cinquenta anos, o quadro de violência no país era outro e melhor, ainda que tenhamos que levar em consideração que a população brasileira era muito menor. 


Mas, o país, demograficamente falando, cresceu muito Passamos por muitos mudanças de valores que vieram esgarçar os poucos vestígios de moralidade e de mais sadio relacionamento entre os indivíduos. Houve o desprestígio do rádio, do cinema presencial,  os quais  foram  substituídos pela televisão e pelos dvds. Logo em seguida, veio a internet que, a par de tanta importância, trouxe percalços de mudanças de comportamento, isolando as pessoas, acabando com a interação real dos jovens, os quais se insularam atrás dos monitores dos computadores.


A ética do respeito sofreu um tremendo colapso, pois a maioria dos mais jovens deixou de cultivar as mais elementares regras de respeito para com os mais velhos. As inversões axiológicas se multiplicaram nos vários ambientes sociais, em casa, na escola, na universidade, na vida comunitária, na rua, nos condomínios, nos mais diversos ambientes.
Vieram as drogas e estas duplicaram seus males e suas conseqüências deletérias, atingindo sobretudo os mais jovens e  se tornando fatores indiscutíveis de expansão do crime, da violência e da desagregação familiar


O progresso, a tecnologia, a robótica, as facilidades de comunicação cada vez mais sofisticadas inegavelmente têm seu lado positivo, desde que sejam usadas sob a égide da ética.


Entretanto, o surgimento de certos estilos de vida e de relacionamentos familiares, não contendo o mínimo de compromisso moral, afrouxou os laços familiares tradicionais da família que ainda hoje muito podem bem ser mantidos, contanto que não caiam num moralismo postiço e hipócrita, mas sejam alicerçados na reciprocidade do respeito e da consideração entre pais.e filhos, entre amigos e amigos.


Esse fatores negativos, combinados com outros de natureza sócio-econômica, quer dizer, congregando componentes de desigualdade social aviltante, injustiça social, carências gerais de infra-estrutura, pobreza absoluta, ausência de perspectiva de vida digna, falta de planejamento social, favelização incontrolável, desemprego, sucateamento do sistema da saúde púbica, analfabetismo, resultaram  numa explosão de violência atingindo a todos indiscriminadamente e, portanto, colocando-nos como reféns dos senhores do crime, do narcotráfico, em escala jamais vista em nosso país.


No ápice da pirâmide, guardadas as proporções, a nação tem vivido nos últimos anos os mais reprováveis exemplos de falta de dignidade, de moralidade e de respeito à cidadania brasileira partindo dos três poderes, sendo exceções, nessas esferas públicas,  apenas os casos isolados de gente de bem. Este exemplo do alto da pirâmide tem consequências destrutivas de ordem moral e serve de estímulo e de modelo de comportamento antiético aos que, fracos de caráter, se sentem com direito de cometer também atos de corrupção e de ilicitudes. Ora, se um parlamentar ou um juiz comete atos indignos de sua função, por que  um  simples mortal, não pode  também fazê-lo?  Não estamos no país da impunidade, do crime de colarinho branco?


Leitor, isso tudo vem a propósito dessa tragédia ocorrida no interior de São Paulo, na cidade de Americana, em que toda uma família foi assassinada, sendo que a nota agravante e trágica - perfídia das perfídias a que o ser humano pode chegar -, foi que, na execução de um casal, foram trucidados dois anjinhos, duas irmãzinhas lindas, puras, frágeis, vítimas de mãos monstruosas, de facínoras que não merecem viver. E não estou falando sob o impacto da emoção. Falo com a racionalidade, com o raciocínio e a  objetividade de  pura análise distanciada.

Não, leitores, os dois anjinhos, nada tinham com a vida paralela  ou supostamente criminosa dos pais, da mesma forma que não podemos culpabilizar uma mãe por ter um filho psicopata,  assassino ou bandido. A crueldade dos assassinos é tamanha que não cabe nos limites de nossa percepção de ser humano. Atos de extrema e hedionda covardia feitos contra duas crianças estão acima de nossa capacidade de definir o ser humano Não, eles não podem ser classificados como seres humano.  Não o são. São diabos, demônios, seres das trevas de onde nunca deviam ter saído para o nosso planeta. É tempo, magistrados, juízes, legisladores de se repensar urgentmente as formas de punição desses “objetos”, dessas “coisas” de carne e osso em forma de gente. Acabemos com as chamadas comutações de penas para  esses tipos de  crimes  cometidos  por bestas  oriundas da Hades.