[Maria do Rosário Pedreira]

Ouvi recentemente numa reunião com o director comercial da LeYa que um livro tem uma esperança de vida média de sete semanas. Sete semanas durante as quais, com ou sem ajuda, terá de se vender e sair da livraria, pois, de contrário, sairá também, mas devolvido e para os armazéns da editora – e é quase garantido que não voltará a pôr lá os pés (na livraria, entenda-se). Tratando-se de um livro de um estreante, português ou estrangeiro, é preciso, pois, torná-lo minimamente conhecido ou «badalado» antes da saída, ou tentar que as críticas cheguem em cima da publicação para que alguma atenção recaia sobre ele durante essas míseras sete semanas. O problema é que há muito pouco espaço para falar de livros na nossa comunicação social – menos ainda para livros de desconhecidos, sobretudo se a saída destes coincide com a de outros títulos mais sonantes com direito natural a uma ou mais páginas. Então, não é raro que os mais necessitados se vejam confinados a uma colunazita de nada que, por bem intencionada que seja, não ajuda muito; ou, o que é pior, a um espaço efectivamente mais amplo mas, sim, sete semanas depois do que era preciso... Ou mais. Já vi críticas que saíram um ano depois da publicação dos livros a que diziam respeito. Não serviram a quem as escreveu nem a quem publicou o livro. Talvez sejam iguais ao silêncio, enfim.