Tancredo Neves e o barbeiro
Por Flávio Bittencourt Em: 11/01/2010, às 08H25
Tancredo Neves e o barbeiro
Sebastião Nery recontou essa estória, entre outras, no mesmo dia!
TANCREDO NEVES DISCURSA AO SER ELEITO PRESIDENTE DO BRASIL, EM 15.1.1995
(Legenda: Coluna "Recontando...", foto: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/files/2009/11/tancredo-neves-presidente-13-440x306.jpg)
CARTAZ DE ESPETÁCULO OPERÍSTICO
(http://www.itaborahy.com.br/links/lk_itabora/links1.html,
"O Barbeiro de Sevilha - Site da ópera onde estrelou o tenor Eduardo Itaborahy - www.palaciodasartes.com.br/barbeiro")
COM SUA AFIADA NAVALHA, UM BARBEIRO TRABALHA
(SEM ESSA LEGENDA, A FOTO ESTÁ, NA WEB, EM:
http://universouniversal.wordpress.com/2009/05/31/o-cristao-e-o-barbeiro/,
onde causo de barbeiro está - com felicidade - transcrito)
APURADAMENTE BARBEADO, AÍ ESTÁ UM SEBASTIÃO
NERY EM FOTO FEITA TAMBÉM COM MUITO ESMERO:
célebre folclorista político do Brasil
(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA DA COLUNA
"RECONTANDO...", ESTÁ, NA WEB, EM
http://www.temnoticia.com.br/noticia.asp?cod=8350)
"O [então] candidato democrata às [eleições] presidenciais norte-americanas Barack Obama, posando com a chanceler alemã Angela Merkel, na chancelaria em Berlim, em frente do edificio Reichstag, 24 de Julho de 2008 (Hannibal Hanschke/Reuters), versão eletrônica do INTERNATIONAL BUSINESS TIMES, http://www.ibtimes.com.br/photonews.htm?image=407&st=2)
Ao jornalista e escritor Sebastião Nery e
ao repórter e editor Helio Fernandes,
ambos da Tribuna da Imprensa, do Rio
11.1.2010 (Brasília) - Essa estória é boa e, segundo consta, é verídica. Um dos causos mais interessantes do folclore político brasileiro é aquele conhecido como Tancredo Neves e o barbeiro, que Sebastião Nery recontou, com a sua reconhecida technical expertise - ou seja, com o saber do especialista - do campo literário-histórico-jornalístico, como assim se notabilizou. Adiante, o relato, seguido de outros três. Um abraço fraterno, grande jornalista Sebastião Nery - e transmita meus sinceros cumprimentos, por favor, ao eminente amigo Helio Fernandes e família, a quem desejo um FELIZ 2010, como também a você e aos seus, Flávio Bittencourt ([email protected])
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(http://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=30052&Itemid=55)
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MAIS UM TEXTO DE SEBASTIÃO NERY para o deleite e a informação e atualização pertinentes do gentil leitor e da amável leitora desta Coluna
TEM NOTÍCIA online ("O jornal do pensamento brasileiro"), Rio de Janeiro, 20.10.2009, responsável: Oséas de Carvalho / COLUNA DE SEBASTIÃO NERY
Sebastião Nery |
Quando o Muro de Berlim foi derrubado, ela pulou logo o muro. Tinha vários partidos para escolher: “A Esquerda” (Die Linke) de seus ex-companheiros comunistas e esquerdistas, os Verdes, o Partido Social Democrata (SPD) de Willy Brandt e os Democratas Cristãos (CDU), a direitona poderosa de Helmult Kholl. Foi exatamente para lá que ela foi.
(http://www.temnoticia.com.br/noticia.asp?cod=8350)
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CAPA DE TRADUÇÃO DE LIVRO SOBRE O INSTITUTO
DE PESQUISAS SOCIAIS DE FRANKFURT-SOBRE-O[rio]-MENO (Main),
CIDADE DE ONDE ESCREVEU O ARTIGO ACIMA TRANSCRITO
O JORNALISTA SEBASTIÃO NERY
(reprodução da imagem da capa: http://www.travessa.com.br/A_IMAGINACAO_DIALETICA_HISTORIA_DA_ESCOLA_DE_FRANKFURT_E_DO_INSTITUTO_DE_PESQUISAS_SOCIAIS_1923_1950/artigo/17074895-4e45-404b-b86d-af11a7b4e2d4)
EM FRANKFURT, A SEDE DO INSTITUTO
(FOTOGRAFIA, NA WEB, EM:
FOTOS DE ADORNO, MARCUSE E BENJAMIN EM ANÚNCIO DE ELEVADO NÍVEL TEÓRICO
(O ANÚNCIO, DE MARÇO DE 2009, ESTÁ, NA WEB, EM:
http://relexus.ning.com/events/introducao-a-escola-de)
TRADUÇÃO DE OUTRO IMPORTANTE LIVRO
SOBRE A ESCOLA DE FRANKFURT
(A REPRODUÇÃO DA CAPA ESTÁ, NA WEB,
EM: http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=3647)
]
O DR. WALTER BENJAMIN (1892 - 1940) TRABALHANDO
(http://criticadialetica.blogspot.com/2008_10_01_archive.html)
OBS. - UM DOS "GURUS" TEÓRICOS DA COLUNA "RECONTANDO
ESTÓRIAS DO DOMÍNIO PÚBLICO" - onde produtos da cultura de
massa são devorados como biscoitos finíssimos em que às vezes
se transformam -, O FILÓSOFO FREUDO-"KAFKO"-MARXISTA ALEMÃO
WALTER BENJAMIN TEVE ILUMINAÇÕES TEÓRICAS INOVADORAS,
COMO SE PODE A SEGUIR VERIFICAR, COM O AUXÍLIO DE UM TEXTO
PRIMOROSO DE NILDO VIANA, DA UEG (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
GOIÁS):
"O Cinema segundo Walter Benjamin
por Nildo Viana
(...) O passo seguinte de Benjamin é a defesa do "direito de ser filmado". Tal direito seria de todo mundo e todos devem exigir isto. Ele chega a afirmar que a diferença entre autor e público está em vias de desaparecer. Ele cita o exemplo do escritor. Está aumentando o número de escritores e o leitor já está pronto para se transformar em escritor. A competência literária passa a ter sua base na formação politécnica e não na educação especializada. Isto já está em estágio adiantado no cinema. Benjamin cita o exemplo do cinema russo, no qual o direito de ser filmado já está praticamente concretizado. Na Europa, o capital cinematográfico dificulta e atrasa este processo.
O cinema mantém uma relação indissolúvel com a realidade. Através do aparelho, a câmera, o cinema penetra no âmago da realidade:
"A natureza ilusionística do cinema é de segunda ordem e está no resultado da montagem. Em outras palavras, no estúdio o aparelho impregna tão profundamente o real que o que aparece como realidade "pura", sem o corpo estranho da máquina, é de fato o resultado de um procedimento puramente técnico, isto é, a imagem é filmada por uma câmara disposta num ângulo especial e montada com outras da mesma espécie" (Benjamin, 1994, p. 186).
A descrição cinematográfica da realidade, segundo Benjamin, é, devido a isto, muito mais significativa do que a pictórica para o homem moderno. A reação da massa diante da arte é modificada na sociedade moderna. A reprodutibilidade técnica provoca esta transformação. A massa era retrógrada diante de Picasso mas se torna progressista diante de Chaplin. Ao contrário da pintura, que deveria ser apreciada por uma ou poucas pessoas, o cinema deve ser apreciado por uma coletividade, e as reações dos indivíduos são condicionadas pelo caráter coletivo delas, não somente a soma das reações individuais mas pelo seu controle mútuo.
O cinema tem como função social das mais importantes promover o equilíbrio entre o homem e o aparelho. As imagens provocam efeitos na percepção dos atos cotidianos. Os gestos, incluindo o de pegar uma colher ou um isqueiro, são familiares, mas não sabemos nada sobre as elaborações psíquicas contidas neste processo. No entanto, através da câmera e seus recursos, a montagem pode provocar imersões, emersões, interrupções, isolamentos, extensões, acelerações, ampliações, miniaturizações, abrindo, pela primeira vez, para nós, a "experiência do inconsciente ótico", assim como a psicanálise revelou o inconsciente pulsional.
"Muitas deformações e estereotipias, transformações e catástrofes que o mundo visual pode sofrer no filme afetam realmente esse mundo nas psicoses, alucinações e sonhos. Desse modo, os procedimentos da câmara correspondem aos procedimentos graças aos quais a percepção coletiva do pública se apropria dos modos de percepção individual do psicótico ou do sonhador. (...). Se levarmos em conta as perigosas tensões que a tecnização, com todas as suas conseqüências, engendrou nas massas – tensões que em estágios críticos assumem um caráter psicótico –, percebemos que essa mesma tecnização abriu a possibilidade de uma imunização contra tais psicoses de massa através de certos filmes, capazes de impedir, pelo desenvolvimento artificial de fantasias sadomasoquistas, seu amadurecimento natural e perigoso. (...). A enorme quantidade de episódios grotescos atualmente consumidos no cinema constituem um índice impressionante dos perigos que ameaçam a humanidade, resultantes das repressões que a civilização traz consigo. Os filmes grotescos, dos Estados Unidos, e os filmes de Disney, produzem uma explosão terapêutica do inconsciente" (Benjamin, 1994, p. 190). (...)".
O filme com a sucessão de imagens não permite a contemplação, o movimento delas interrompe a associação de idéias. [GRIFO É DESTA COLUNA DO PORTAL ENTRE-TEXTOS.] Daí Benjamin extrai o que ele denomina "efeito de choque" do cinema, o que provoca uma "atenção aguda". O aparelho perceptivo do homem contemporâneo atravessa profundas mudanças, tanto do ponto de vista do indivíduo que enfrenta o tráfego quanto aquele que combate, em escala histórica, a ordem social vigente.
Benjamin passa a contestar a oposição que se faz entre as massas, que buscariam na obra de arte apenas a distração e o conhecedor o recolhimento. A massa, segundo Benjamin, (...) possui uma nova atitude diante da obra de arte. Com ela, "a quantidade converteu-se em qualidade". [ESTE GRIFO É DA COLUNA "RECONTANDO..." E NÃO ESTAVA NO ORIGINAL DO PROF. NILDO VIANA.] Benjamin critica a posição contrária esclarecendo o que seria distração e recolhimento:
"A distração e o recolhimento representam um contraste que pode ser assim formulado: quem se recolhe diante de uma obra de arte mergulha dentro dela e nela se dissolve, como ocorreu com um pintor chinês, segunda a lenda, ao terminar seu quadro. A massa distraída, pelo contrário, faz a obra de arte mergulhar em si, envolve-a com o ritmo de suas vagas, absorve-a em seu fluxo" (Benjamin, 1994, p. 193).
Benjamin diz que a arquitetura é uma obra de arte que é exemplar para discutir a questão da distração. Desde a pré-história a arquitetura está presente com os edifícios, enquanto que outras formas de arte surgiram e desapareceram, fazendo de sua história a mais ampla do que qualquer outra obra de arte. Os edifícios podem ser percebidos tanto pelo uso quanto pela percepção, ou seja, por meios óticos ou por meios táteis. Segundo o modelo do recolhimento, é impossível compreender tal recepção em sua especificidade. Na recepção tátil, não há nada semelhante que na recepção ótica se chama contemplação. A recepção tátil se realiza mais pelo hábito do que pela atenção. O hábito, na arquitetura, determina a recepção ótica, em grande medida. Ela ocorre por uma observação casual de início. Assim, conclui Benjamin, o aparelho perceptivo não pode ser compreendido apenas pela perspectiva ótica, pela contemplação. É preciso perceber, ainda segundo ele, o papel da recepção tátil, através do hábito.
No entanto, acrescenta Benjamin, o distraído pode habituar-se. Quando realizamos certas tarefas de forma distraída é devido ao fato de que elas se tornaram um hábito. (...)
Referências Bibliográficas:
Benjamin, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. in: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura. Obras Escolhidas. Vol. 1. São Paulo, Brasiliense, 1994.
Bourdieu, Pierre. As Regras da Arte. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
Kothe, Flávio. Benjamin e Adorno: Confrontos. São Paulo, Ática, 1978.
Marx, K. A Miséria da Filosofia. 2ª edição, São Paulo, Global, 1989a.
Marx, K. Tecnologia e Revolução Industrial. In: Fernandes, Florestan (org.). Marx-Engels. História. São Paulo, Ática, 1989b.
Prokop, Dieter. O Papel da Sociologia do Filme no Monopólio Internacional. In: Filho, Ciro Marcondes (org.). Dieter Prokop. São Paulo, Ática, 1986.
Ramos, Jorge Leitão. Sergei Eisenstein. Lisboa, Horizonte, 1982.
Stam, Robert. Introdução à Teoria do Cinema. Campinas, Papirus, 2003.
Viana, Nildo. A Concepção de Arte em Marx e Weber. Revista Pós – Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais. ICS/UnB, ano III, no 01, 1999.
Autor:
Nildo Viana
nildoviana[arroba]terra.com.br
Professor da UEG – Universidade Estadual de Goiás; Doutor em Sociologia/UnB.
Revista Espaço Acadêmico Nº 66, Novembro de 2006".
(http://br.monografias.com/trabalhos914/cinema-segundo-benjamin/cinema-segundo-benjamin2.shtml)
NA SEPULTURA DO PENSADOR ALEMÃO ESTÁ INSCRITO:
“Es ist niemals ein Dokument der Kultur, ohne zugleich ein solches der Barbarei zu sein”:
NUNCA HÁ UM DOCUMENTO DA CULTURA QUE NÃO SEJA TAMBÉM DA BARBÁRIE
(Foto: http://oquestamosafazer.blogspot.com/2008/10/passatges-o-memorial-walter-benjamin-de.html)
"O OLHO SABE, SEU TATO TRANSLUMINA"
HAROLDO DE CAMPOS, poeta, tradutor, professor, advogado e ensaísta brasileiro, falecido em 2003