Imagem de Luísa Vasconcelos.
Imagem de Luísa Vasconcelos.

No distante mundo pré-pandemia, uma crise assombrava o mercado editorial brasileiro. Seu roteiro: a recuperação judicial das grandes redes nacionais de livrarias, a agressividade injustificada da empresa do homem mais rico do mundo, problemas e omissões por parte do Governo Federal na compra de livros e a falha estrutural de sempre do Brasil em formar leitores. Quando estoura a atual crise humanitária sem precedentes no contemporâneo, com o Brasil já mergulhado em um sentimento anticultural talvez inédito, o roteiro, que já era sombrio, ganha contornos ainda mais assustadores. E as livrarias independentes — o elo mais frágil de uma cadeia já fragilizada — sofrem um baque enorme.

No pandêmico abril de 2021, as livrarias Argumento, Berinjela, Blooks, Folha Seca, Janela, Leonardo da Vinci, Lima Barreto e Malasartes se uniram no grupo “Livrarias Cariocas”, reforçando a mensagem de fragilidade: “O que seria da história das cidades sem esse lugar, sem essa ideia chamada livraria?” O grupo de livreiros do Rio de Janeiro passou a reforçar as pautas coletivas para se contrapor às tamanhas circunstâncias adversas.

A Blooks (também com lojas em São Paulo), por exemplo, precisou de um financiamento coletivo em setembro passado para resistir. Conseguiu arrecadar R$ 93 mil de leitores e apoiadores dedicados.

A histórica Livraria Da Vinci, nos últimos anos sob nova administração, adotou as redes sociais para, por um lado, criticar o projeto do governo federal em adotar taxação para os livros — que teria impacto no mercado como um todo, nas livrarias em especial —, e por outro, sensibilizar os clientes e leitores sobre um hipotético fechamento. Em postagem de 17 de março, a página da livraria mostrava um recado: “Fechada para sempre”. Dizia o texto: “Imagine essa mesma placa no restaurante do seu bairro, pendurada na vitrine do seu mercadinho preferido, em todo o pequeno comércio da sua cidade. Imagine sua cidade sem comércio local, sem vida de rua, sem cena cultural, uma cidade que gera poucos subempregos super explorados. Imagine sua cidade tomada pela economia de aplicativos com um exército de trabalhadores andando de bicicleta ou moto 14 horas por dia para a sua felicidade smart e quem não pode se sacode”.

LEIA NA ÍNTEGRA  o artigo de Guilherme Sobota NO SUPLEMENTO PERNAMBUCO.