Rogel Samuel



A Internet sempre me lembra o conceito de Fromm para a liberdade, “objetivo cobiçado para uns e para outros uma ameaça”. Como a web é um espaço livre, onde você vê, lê diz e ouve o que quer, muitos a temem. Há os que só podem viver na submissão (de uma religião, de uma lei, de uma autoridade, ou da polícia) para serem éticos. Em grego, “ethos” significa caráter, ou seja, modo de ser. Refere-se ao juízo do bem e do mal social. É uma ciência do relacionamento. As ditaduras odeiam a Internet. A China impunha uma fiscalização e controle rigoroso até nos hotéis. Recentemente decidiu criar uma nova internet, alegando que a estrutura atual da rede mundial de computadores não vai dar conta do número de usuários entrando na internet ao mesmo tempo, principalmente em países muito povoados, como a China, onde atualmente há mais de 120 milhões de internautas, com um potencial de crescimento do tamanho de sua população de mais de 1,2 bilhão.
Talvez seja uma desculpa. Talvez não.
Mas a rede mundial de computadores que hoje usamos nasceu no governo americano, no poderio militar americano. Era um projeto da década de 70, chamado Arpanet, que passou para o meio acadêmico, acabando no que a gente tem hoje, a internet comercial, democrática (com algumas exceções, como a da China), mesmo assim ligada ao governo americano e, claro, às empresas americanas. Até hoje, o ICANN, que é a entidade internacional que “controla” o endereçamento na internet, continua sob o “domínio” do Departamento de Comércio Americano que, jurando neutralidade, agregou representantes de todos os países que queiram participar, inclusive o Brasil.
Mas a ponta do iceberg de uma revolução que pode vir a explodir a qualquer momento.
Ou de uma guerra virtual.