Eu trabalhei no magistério estadual como professor concursado de provas e títulos durante um bom tempo. No entanto, durante todo o período em que  lecionei na rede pública, vendo tantas greves inúteis, cheguei à conclusão de que jamais o professor brasileiro do ensino fundamental e médio, no setor público, seria valorizado pela sociedade, mormente com salário compatível com a alta função de ensinar.

 

     

 

      Tal não aconteceu. Tive que pedir demissão do ensino público (estadual). Procurei, na mesma atividade, outros caminhos, e tudo mudou para melhor, ainda que não seja essas mil maravilhas. Por outro lado, o que desejo salientar  é   outro fato que, a meu ver, relevante .

 

     

 

      Desde os meados dos anos 1970, em jornais do Piauí, ainda muito moço, escrevi muitos artigos sobre a questão salarial e sobre a deplorável condição de desvalorização dos docentes públicos, não do ensino superior federal ou estadual, que sempre foi muito melhor do que no ensino público, fundamental e médio.

 

    

 

     Além disso, urge fazer uma distinção básica: há o ensino  de qualidade no setor privado, formado dos grandes colégios ou escolas de elite nos diversos estados brasileiros, ou pelo menos em alguns é  o ensino privado de  baixa  ou baixíssima qualidade na mesma situação.

 

    

 

     Portanto, que as pessoas não misturem as duas situações falando da qualidade do ensino fundamental e médio federal e privado, com se este último apenas fosse de alta qualidade.  O mesmo vale para o ensino fundamental municipal e privado no tocante à qualidade.

 

      Em síntese, as escolas do ensino fundamental dos pobres, as que são administradas pelas prefeituras e as escolas nesse mesmo nível de ensino da elite. Há que considerar ainda as escolas dos níveis fundamental e médio federais que são de alta qualidade, como o Colégio Militar do Rio de Janeiro, estas também localizadas em alguns estados da Federação, o Colégio Pedro II, as Escolas Técnicas federais e algumas Fundações de ensino militar, alguns colégios mantidos pela Polícia Militar.

 

     

 

     O sucateamento do ensino fundamental e médio estadual ou municipal remontam há longos anos, diria, a grosso modo, desde o período da Ditadura Militar-Civil quando os governadores eram nomeados pelo governo federal, os chamados biônicos. Dede então nunca houve um melhoria efetiva salarial e valorização da atividade docente. Na realidade nunca os governantes brasileiros deram a devida atenção aos professores do ensino público, mesmo no ensino universitário.

 

     

 

      Sempre os professores tiveram que se desdobrar em três, quatro ou até cinco empregos (escolas, faculdades). Hoje, nos casos assinalados neste comentário, e nas situações consideradas linhas atrás, pouco ou nada melhorou e , ao contrário, piorou, porque,  a par de não serem reconhecidos socialmente, os professores ainda enfrentam a extrema violência nas escolas por parte de alunos delinquentes ou em face de condições adversas e aviltantes de trabalho perto de comunidades violentas, como, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo e seguramente em outros estados do país.

 

       Gostaria de ligeiramente levantar uma questão muito diretamente ligada ao professorado: os governos sabem bem que, em muitos casos, a atividade docente é exercida por mulheres, principalmente no ensino fundamental e médio.

 

     Ora, grande parte das professoras tem seus maridos, muitas vezes bem empregados ou até gente endinheirada. Eu mesmo conheci muitos casos assim. Ora, sabedor disso, os governantes, que são bem malandros, pensam: para que pagar bem a professoras que têm maridos (claro, nem todas) bem postos economicamente na vida?

 

        E, assim, durante décadas, os governantes de plantão vêm desprestigiando uma das profissões mais sublimes e vitais da Humanidade.