E o presente, para uma pessoa desse naipe? Dificuldade fácil. Apois, neste parágrafo não dá pra fugir do lugar-comum, e o jeito é cair nele: não tem dinheiro que pague! Graças a Jah, pois até estou um tanto desprevenido. Mas tou pensando, mãe. Mas, antes, quero le-dar algo por demais valioso e que guardo comigo para estas horas solenes: o meu respeito pela senhora. Sim, mãe, o meu respeito. Claro, eu, que, criança e adolescente, beliscando a fase adulta, le-faltei, nalgum momento, com este que deve ser o primeiro artigo da lei de todo ser humano – principalmente, com sua progenitora (e não se-trata, aqui, de questionar a participação dos pais, não!) –, esse eu desse tipo não pode ser considerado querido, respeitado. Mas cresci, mãe. Sim, tou crescido a força e coragem minhas. Cresci junto com esta hipérbole: le-tenho o maior respeito do mundo! E carinho, sobretudo; sobretudo, que a senhora e papai, como dois sertanejos rudos, nos-privaram de certos afagos e beijinhos, sobretudo, de abraços. Hem-hém, nós, irmãos, somos pouco de abraços e beijos. Porisso, o respeito exigido.
Agora, dar na mãe?! Arriégua, desconjuro! Jamais atentaria contra esse segundo artigo da Lei dos Doidos, aquela que, quando eu menino, no Primavera, o Bolola sempre colocava como absurda, aquela que condena à pena de ser considerado louco todos os que obedecerem a estes três artigos: correr nu; dar na mãe; rasgar dinheiro. Não. Não violo nenhum deles e canto isso sem viola: minha capela é outra; meu santo é barroco e maldizentemente baiano! Não canto sozinho, há tantos, como eu, o coro come cantando: respeitoso às mães; aos canalhas, nunca! É, conheço um canalha que batia na mãe dele e dizia que aprendeu isso comigo. No meu bairro, meu vizinho. Traiçoeiro, esse que se-disse, por longos anos, ser amigo. Venenoso, esse sujeito sem escrúpulo. Ele batia na própria mãe. E acreditem, se-achava – e ainda se-acha! – melhor que muita gente boa por aí. Tá bom, bonito! Pensa que é a bala (e nem chega aos pés do Bala dos Capitães da Areia, que era mala!). E é que, se eu fosse homofóbico, como pensam, às vezes, alguns apressadinhos desta rede e de outras camas, eu meteria o irmão dele, ou melhor (pra ele!), o irmã dele, que, além de me-caluniar do mesmo jeito, ainda dizia qu’eu era viado, como ele (pelo amor de Jah, sem trocadilhos; senão, ela goza!). Comigo não, violão! Desarreda! Não admito essas canalhices! Comigo, mãe, meus respeitos sempre à senhora, que pagou muito caro para criar a mim e meus irmãos. Muito trabalho. E hoje, mãe, tenho certeza de que meu presente é valioso: meus respeitos, minha mãe. Poissim, mãe, sei que não le-dou motivos algum para ter vergonha de mim. Me-orgulho da senhora. Aprendi: eu sempre respeito a todos e ensinei isso aos meus filhos até onde eu pude. Hoje eu me-orgulho do caráter deles e do meu, então, nem se-fala ou se-escreve!. Essa é a única herança sua que me-interessa. E ela não é somente um quarto, nem um terço (não tem choro nem vela), ela é INTEIRA!
Sou o que sou, mãe, porque, criação ruda de afagos, mas plena de exemplos, tenho bastante caráter. Ótimos, a senhora e, também papai. Agradeço-os. Agradeço-a principalmente: rainha. Da minha vida o DNA do respeito, do caráter honrado, do trabalho. Se pudesse, faria mais. Mas a vida intensa de trabalhos, de responsabilidades, me-fazem omisso, muita vez, com a senhora. Aquele egoísmo de querer evitar o mundo pra ganhar algum dinheiro – nunca os trinta! Sempre fiel à senhora. Jamais trair a família, que isso é uma armadilha pros irmãos. Jamais ser canalha com irmãos e com vocês principalmente, meus pais, minhas mães. Minha mãe, pra fugir dos erros, 77 vezes celebro teus anos: 45 vezes vivo sua vida fora do teu útero. Íntegro. Amanhã é seu dia; o dia é todo seu, mamãe. E vai ganhar estes meus presentes.
Seu filho, Filho. Neste ano de 2013. Neste agosto, este meu gesto, meu texto. Parabéns.