Síria, um país esquecido pela ONU
Por Cunha e Silva Filho Em: 24/08/2013, às 09H19
Cunha e Silva Filho
As ações maléficas do governo de Bashr al Assad contra os sírios foram longe demais, já que não é possível prever o que ainda se tem pela frente no que diz respeito aos sucessivos massacres causados por bombardeios aéreos quase diariamente mostrados pelos canais de TV e outros meios de comunicação no mundo inteiro.
Estas formas de atos perversos tendem , até onde posso entender, a se transformar numa espécie de segunda natureza no cotidiano do povo sírio. Além disso, o que é espantoso é o fato de que não se tem tomado nenhuma atitude concreta por parte da ONU. O que diabo está acontecendo com os ânimos deste organismo internacional com poderes para tomar providências rigorosas contra toda a carnificina praticada por um ditador que nem está aí para o que a comunidade mundial possa pensar sobre seus crimes?
Recentemente a mídia tem informado que, pelo menos, centenas de pessoas foram mortas ou seriamente feridas (cenas assustadoras com crianças e adultos com seus corpos queimados ou lacerados) por supostas armas químicas – um tipo de arma cujo emprego não é permitida mesmo durante épocas de guerra..Por conseguinte, compete à ONU de imediato examinar se estes ataques covardes e insanos realmente ocorreram. Este absurdo de selvageria não pode mais ser tolerada pela comunidade mundial. Alguma coisa tem que ser feita antes que tais ações virem crimes de genocídio, os quais devem ser duramente rechaçados pela nossa civilização. Na realidade, isso vem a ser uma crime contra a humanidade visto que todos nós compartilhamos dos mesmos sentimentos de ultraje diante de atos amedrontadores.
Há algum tempo venho escrevendo artigos criticando asperamente o governo sírio em virtude de suas atitudes de natureza terrorista para com seu povo, além de constantemente provocar devastações nas suas cidades, aqui incluindo edifícios, residências, parques, imponentes construções arquitetônicas e tudo que constitui a estrutura de uma cidade, i.e., toda a sua infra-estrutura.. Todas as principais cidades da Síria têm sofrido contínua destruição. Contudo, o que dizer de seu povo, de suas crianças, dos velhos? Continuarão migrando para a Turquia e outros países vizinhos? Quem se responsabilizará por todos os massacres perpetrados até agora na Síria?
Compete à ONU procurar solucionar esta situação insustentável. Em consequência, seu Conselho de Segurança deveria envidar todo o seus esforço a fim de tomar providências firmes e urgentes contra a carnificina, pois do contrário este cairá no descrédito. Não adianta que comissões de observadores vejam o que está acontecendo lá, de vez que os massacres são do conhecimento da imprensa internacional e de outros meios de comunicação. Para Constatar isso tudo não passa de uma obviedade e perda de tempo. Tudo que a comunidade mundial exige da ONU são medidas concretas e efetivas contra o ditador que possam levá-lo à derrocada de seu poder na Síria.
Entretanto, existe uma fator desfavorável que se devia assinalar no conflito: o país está rachado em duas grandes partes, uma que está ao lado do ditador. Naturalmente este grupo constitui sua força militar e a entourage política do autocrata. Em outras palavras, os partidários que pertencem aos privilegiados que ainda levam uma vida moldada por prerrogativas e condições de vida luxuosa. O outro grupo constitui a chamada oposição ou rebeldes contrários a um regime há longo tempo implantado no poder.
Tantas pessoas foram assassinadas na Síria durante dois anos de guerra civil que já é hora de os organismos competentes internacionais convocarem o ditador a fim de dar explicações para os crimes que lhe são atribuídos até hoje, sobretudo agora diante da suposta responsabilidade de Bashar al Assad de ter permitido que seu exército empregasse armas químicas contra a oposição.
Pelo menos dois grandes países, os Estados Unidos e a França declararam seu repúdio aos desmandos feitos pelo ditador. A Rússia, que é tida como um aliado da Síria, deveria modificar sua posição, mormente porque se não reagir às atrocidades comandadas pelo governante da Síria, poderá ser interpretada como uma país que esteja dando apoio político às ações do ditador. Tal posição de um país da importância da Rússia não é conveniente para a suas relações políticas e econômicas no âmbito internacional. Decerto sabe-se que os Estados Unidos, por exemplo, embora sendo uma nação democrática, também já se envolveu, em alguns casos e em épocas diferentes, com práticas reprováveis em sua política externa.
Todavia, não se pode negar a circunstância de que tanto os Estados Unidos quanto a Rússia já desempenharam papéis relevantes relativos à paz mundial, sendo um bom exemplo a contribuição de ambos na Segunda Guerra Mundial. A rigor, nenhum país é assim inteiramente ingênuo e livre de culpas ao longo da História da humanidade. Contudo, ao depararmos com a violência em algumas partes do mundo, como é o exemplo da Síria, não se poderá aceitar matanças de inocentes e desamparados. Seria uma atitude saudável expressar solidariedade a quem é impedido de exercitar sua dignidade, cidadania e liberdade.
Confio em que as potências citadas hão de repensar em profundidade seus interesses internos e externos, econômica e ideologicamente considerados, e ajudar aqueles que estão morrendo na Síria atualmente diante dos nossos olhos conturbados pela visão do pavor da tragédia síria.