Há pessoas que, mesmo se escondendo, aparecem sempre. Existem, também, as que, cansativamente até, aparecem porque insistem em não se esconder; e outros que preferem não aparecer, por isso se escondem. Típicas do primeiro grupo são aquelas cujas obras falam por si: as abnegadas, as desprendidas, as humildes, as boas. Os demagogos, os sensacionalistas, os falaciosos, os arrogantes, os pernósticos, os que se julgam autossuficientes, compõem o segundo conjunto de criaturas. Os tímidos, os simples, os despojados, os que se veem como complementares, coadjuvantes, prescindíveis ou substituíveis, integram a terceira categoria de seres humanos. O modo como esses homens se inserem ou se imiscuem na sociedade não obedece a uma ordem lógica de prioridade ou de importância no que diz respeito a aspectos morais ou éticos. Felizmente, encontram-se por aí, em meio à diversidade social e comunitária, muitos cidadãos cuja produção de virtudes supera a de defeitos. No mundo conturbado em que vivemos, alegando ou não razões de sobrevivência, muitos tentam eliminar outros: os indesejados, os “perigosos”, porque estes podem atrapalhar o objetivo que querem atingir, nem sempre meritório. Aqueles cujo trabalho honesto e pautado em princípios de justiça é seu melhor cartão de apresentação, infelizmente, não abundam em nossas sociedades. Nelas, é mais fácil nos abalroarmos com os falastrões, os hipócritas, os que se imaginam motivo permanente de afagos, de deferência por parte dos que com eles dividem os mesmos espaços. Os presunçosos, não raro, confundem respeito ou humildade com puxa-saquismo; subserviência com civilidade e educação. Estando eles, política ou socialmente, em posição de destaque ou em situação de comando, pensam, chegam mesmo a acreditar, que os que os cercam, além de subalternos, são seres inferiores sobre quem podem pisar ou os humilhar à vontade, sem que isso seja entendido como falha de caráter, má formação de personalidade, tampouco desvio ético que precisam urgentemente redirecionar para a mediatriz ideal. No cenário político que estamos habituados a conceber e do qual, talvez por conta de nosso modorrento conformismo, nem mais discutimos seu real conceito, é comum figuras execráveis se apresentarem como irretocáveis, irrepreensíveis, capazes de encontrar solução para todos os problemas. Hipócritas, por excelência, essa corja não mede esforços para ter tudo ao alcance das mãos, pouco importando como, se à custa de chantagem ou de corrupção. Apraz-nos perceber que, os que se valem de meios lícitos, justos e honestos para obterem aquilo de que precisam ou que os satisfaça, dificilmente, servem de presa aos pedantes, aos corruptos, aos soberbos bravateiros. Virtude, humildade e bondade, tantas vezes, habitam um mesmo indivíduo, daí, a quantidade insuficiente de homens probos. Os gananciosos, os imodestos; enfim, os idiotas que fazem do próprio umbigo razão de toda preocupação e que veem o mundo que os rodeia como extensão de seu quintal, esses proliferam. Seres autofágicos eles o são, haja vista não conseguindo consumir aqueles que têm largueza de visão e de intelecção, nutrem-se uns dos outros. Missão difícil é extirpá-los do convívio social; pois, qual fênix, sempe ressurgem, como se das cinzas. Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]