[Maria do Rosário Pedreira]

Aqui no país vizinho, há já várias décadas que toda a gente se trata por tu, sobretudo nos centros urbanos. Os falantes de língua inglesa têm também o problema resolvido, porque não encontram forma de escapar ao «you» – e, se viverem nos Estados Unidos, tornam-se ainda mais informais, abolindo os Mr. e Mrs. e tratando-se invariavelmente pelo nome próprio que, em reuniões ou convenções profissionais, exibem em crachás presos nos casacos ou pendurados em fitas ao pescoço. Noutros países, o tratamento é mais cerimonioso (e até pretensioso, como na Alemanha ou na Bélgica, em que os cartões de visita revelam o grau académico antes do nome). Em todo o caso, venha donde vier, um ministro trata-se habitualmente com respeitinho – e falo disto porque Mário Lúcio Sousa, de quem publiquei recentemente o romance O Novíssimo Testamento, acaba de ser nomeado Ministro da Cultura de Cabo Verde. Tratamo-nos por tu desde que nos conhecemos e continuaremos a fazê-lo, mas lá que vai parecer estranho a algumas pessoas, isso vai. Espero que esta nova função não lhe retire o tempo e o prazer da escrita.