São Paulo, 2011: 60 anos da Exposição Internacional de Quadrinhos
Por Flávio Bittencourt Em: 12/08/2011, às 08H59
[Flávio Bittencourt]
São Paulo, 2011: 60 anos da Exposição Internacional de Quadrinhos
Ela foi a primeira exposição internacional de HQ, no mundo, e aconteceu em São Paulo, Capital, em junho de 1951.
LITTLE NEMO (O PEQUENO NEMO),
DE W. McCAY: as sequências
de desenhos narrativos (QUADRINHOS)
passam, prestigiosamente, a ser
consideradas arte maior (A NONA ARTE)
Winsor McCay - 1911 - Little Nemo,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=kcSp2ej2S00
(http://mixtureba.com/tag/fotos)
ARTE DE MILO MANARA,
o "Carlos Zéfiro italiano" :
(http://rquadrinhos.blogspot.com/2010_10_15_archive.html)
"(...) (O GENIAL AUTOR DE QUADRINHOS E DESENHO ANIMADO) McCay (WINSOR McCAY, 1871 - 1934) influenciara também cineastas como Federico Fellini, que tem como livro de cabeceira Little Nemo in Stumberland (uma das histórias foi transformada em cena de Cidade das Mulheres).
Little Nemo in Stumberland apresenta variações de cor deslumbrantes e cada página parece ter sido pintada magneticamente, onde as linhas e os quadrinhos possuem centros de força, em torno dos quais gravitam os traços e as cores. Inúmeros casos de metalinguagem aparecem nesta HQ, como exemplo: Personagens em queda apoiando-se nos balões, quadrinhos que desmoronam quando Nemo puxa uma de suas bordas, além de referências ao desenhista McCay presentes no texto.
Em entrevista ao semanário italiano Panorama, Fellini revelou que a estrutura onírica destes quadrinhos inspiraram-lhe o roteiro lisérgico de Satyricon. Fellini é fanático por HQ (começou a carreira como cartunista e caricaturista), e confessou certa vez que gostaria que o governo italiano o obrigasse a filmar Flash Gordon. Segundo ele, entre seus filmes, o que mais teve influência dos quadrinhos foi Julieta dos Espíritos, onde se inspirou no estilo Art Nouveau do quadrinista, ilustrador e poeta Antonio Rubino (1880-1964). Cita também Clowms e a primeira parte de Roma.
Fellini teve contato pessoal com vários desenhistas como Chester Gould, All Capp, Moebius (para o qual escreveu a introdução à um de seus álbuns) e Milo Manara (com o qual colaborou como roteirista), mas o encontro deflagrador se deu em Lee Falk, durante as filmagens de Roma. Eram onze e meia da noite, quando o cineasta esperava o momento exato para filmar a cena de um pastor conduzindo um rebanho por uma praça. Neste momento, Lee Falk chegou empunhando um misterioso bastão. Fellini, então, perguntou-lhe se aquele era o bastão mágico de Mandrake; Lee Falk respondeu-lhe que talvez fosse, mas era preciso saber como usá-lo; Fellini pediu-lhe para experimentá-lo e ao erguê-lo, todas as luzes dos poderosos refletores acenderam-se, transformando a noite em dia.
O desenhista de Mandrake ficou atônito por mais de 10 minutos. No filme O Ano Passado em Mariembad de Alan Resnais, a cena onde os personagens vagueiam através de um jardim onírico, repleto de árvores cônicas, foi concebido a partir dos metafísicos quadrinhos de Mandrake. (...)"
(Trecho de “Haikai” – Antologia da poesia clássica japonesa. Tradução de Alberto Marsicano, Kensuke Tamai e Shizuko Takenaga. Ed. Oriento – Japan Fundation, São Paulo, 1989.)
"Realizaram a I Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos (1951): Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado."
(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")
LEE FALK - The Genius,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=L5O5GHL-4f8
"(...) Lee Falk esteve no Brasil em 1970 durante uma exposição de quadrinhos organizada pela Escola Panamericana de Arte e realizada no MASP (Museu de Arte de São Paulo). Nesta ocasião, declarou em uma entrevista que ao se deparar com o sucesso internacional de suas criações, sentiu-se confuso e intrigado por escrever histórias lidas por uma multidão de pessoas de todas as idades e de várias culturas diferentes e conflitantes. Chegou à conclusão que isso devia ter acontecido porque seus personagens possuíam algum elemento essencial que superava estas diferenças e que deveria ser fiel a esse princípio. 'E constatei que milhões de pessoas – em todo o mundo – diariamente gostavam das mesmas coisas que eu gostava'. (...)"
(http://www.popbaloes.com/bios/falk.htm)
QUADRINHOS (DOCUMENTÁRIO DE 1969)
AUTORES: ROGÉRIO SGANZERLA & ÁLVARO DE MOYA,
YOUTUBE:
http://www.youtube.com/watch?v=
50 anos de carreira de Maurício de Sousa 22/07/09,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=14JSPbxTnF0
MILO MANARA & FEDERICO FELLINI:
ELES PRODUZIRAM O ÁLBUM DE QUADRINHOS
VIAGEM A TULUM:
(http://sensacoesoniricas.blogspot.com/2010/10/milo-manara-federico-fellini-6-viagem.html)
CARLOS ZÉFIRO:
AUTOR DOS "CATECISMOS" (eróticos):
(http://drinksekibe.blogspot.com/2010/10/o-catecismo-de-carlos-zefiro.html)
DESENHO DO IMORTAL CARLOS ZÉFIRO:
HOMENAGEANDO TODAS AS PESSOAS QUE
PRODUZIRAM A EXPOSIÇÃO DE 1951 E
TAMBÉM AQUELES QUE A VISITARAM:
OS QUE AINDA ESTÃO VIVOS - a quem
se deseja muita saúde e vida ainda mais longa -
E OS QUE INFELIZMENTE JÁ FALECERAM,
em memória
12.8.2011 - Ela foi a primeira exposição internacional de HQ, no mundo, e aconteceu em São Paulo, Capital, em 1951 - 60 anos da I Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
"Álvaro de Moya e os 60 anos da exposição de 1951
Hoje é um grande dia para os quadrinhos mundiais! Faz 60 anos que cinco jovens artistas idealistas – Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado – criaram a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, cuja abertura aconteceu no dia 18 de junho de 1951 na sede do Centro de Cultura e Progresso, no Bom Retiro, em São Paulo. Segundo o jornal O Globo que circulou no dia da inauguração do evento, “a iniciativa não tem finalidade de lucro. A exposição tem caráter elucidativo, didático, técnico, artístico, guardando, porém, a devida acessibilidade ao público.” Jayme Cortez, um dos organizadores do evento, declarou ao jornalista Tito Silveira em matéria publicada na Tribuna da Imprensa – outro jornal carioca que cobriu o evento –, que eles querem “mostrar que as histórias em quadrinhos, quando bem executadas, são verdadeiras obras de arte, com a sua linguagem própria e em idade adulta.”
É bom que se diga que os quadrinhos naquela época eram combatidos ferozmente por “defensores da família e dos bons costumes”. As revistas em quadrinhos eram consideradas uma ameaça à juventude. Por isso a atitude desses cinco rapazes paulistas foi muito corajosa e exemplar. Em declaração na mesma matéria de O Globo, Álvaro de Moya explicou que se generalizou no Brasil, “onde ainda não apareceu um crítico sequer ou literato que entendesse, o péssimo costume daqueles que, no aparecimento das primeiras letras, no nascimento do cinema, etc, se revoltaram contra a juventude e procuraram cercá-la de adjetivos desairosos.”
Álvaro de Moya era desenhista na época. Foi chargista e ilustrador do jornal O Tempo, de São Paulo, a partir de julho de 1950 (o desenho acima foi publicado nesse jornal em 7 de dezembro de 1952). Participou também da inauguração da televisão no Brasil, pois foi o responsável pelos desenhos dos letreiros do programa de inauguração da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950. Desenhou as adaptações para os quadrinhos de A Marcha, baseado na obra de Afonso Schmidt, para a revista Edição Maravilhosa, da Ebal, e Zumbi, sobre a vida do Rei dos Palmares.
Desenhou também Macbeth, de Shakespeare, para a revista Seleções de Terror, editada por Jayme Cortez. Abaixo, a primeira página da história e mais embaixo, um quadrinho de Macbeth no detalhe. A respeito dela, Moya sempre lembra que não foi ele quem fez toda a arte-final: “Jayme Cortez me ajudou a passar o pincel em vários quadrinhos”. E realmente dá para perceber o traço de seu grande amigo. Essa história está nos anais dos quadrinhos brasileiros porque juntou dois mestres: Álvaro de Moya e Jayme Cortez!
Depois os caminhos da vida levaram Moya para a televisão. Além de trabalhar na Tupi, inaugurou a Bandeirantes, foi diretor da Tv Excelsior. Mas nunca deixou de acompanhar sua verdadeira paixão de perto. Hoje, 60 anos depois dessa incrível aventura que aconteceu em 1951, ele guarda mais do que lembranças. Guarda orgulho de dizer: “Fomos os primeiros!”
Na foto do alto, Álvaro de Moya olha para vários originais grudados na parede. São páginas de A Marcha, a história em quadrinhos que ele desenhou para a revista Edição Maravilhosa, da Ebal. Lindos originais, por sinal. Em breve falaremos sobre eles!
Todas as imagens que ilustram este texto podem ser ampliadas. A foto, depois de ampliada, aparecerá em alta resolução.
Visite o blog que homenageia o grande desenhista Jayme Cortez, organizado pelo ilustrador Fabio Moraes."
(http://quadrinhos.wordpress.com/2011/06/18/alvaro-de-moya-e-os-60-anos-da-exposicao-de-1951/)