Diego Mendes Sousa e Márcio Catunda
Diego Mendes Sousa e Márcio Catunda

Rosa numinosa, do poeta Diego Mendes Sousa, é um livro de amor e de reminiscências. Um transbordamento de sentimentos:

" (...) sou o meu próprio

passageiro

áspero e cruel,

à espera do destino."

(Gesta do tempo).

 

Sua poesia está plena de visões em que a paisagem telúrica se transforma em alumbramentos cósmicos. Assim flui o seu imaginário, partindo do corpóreo para o incopórero; da finitude para o infinito.

Eis aqui a constatação de um de seus vislumbres da transcendência:

"Trago nos olhos,

a tristeza

das voragens,

uma certa melancolia

acesa,

travada

nos arreios adormecidos

da infância,

que ultrapassa

a existência,

por ser repositório

de saudades

e eternidades

infindas."

(Gesta do pantempo).

 

E tudo quanto Diego escreve se faz um canto místico de afetos, uma expansão de generosa percepção de si e do outro.

O poema em Diego Mendes Sousa é, ao mesmo tempo, um antídoto contra as trapaças do mistério e uma expressão de perplexidade em face dos enigmas da existência:

" (...) Declaro o nome

dos meus mortos

no tempo

e trago para mim

a sílaba etérea

dos seus sonhos."

(Isolamento).

 

Deus, o sonho e a memória são os componentes encantatórios de sua verve indômita.

"O vento espalha-se frio

é chuva que vem

dizer

que a saudade é

um murmurar melancólico."

(Cinza, elegia dedicada a Jorge Tufic, poeta da nossa mais alta estima, cuja saudade nos inspira todo o apreço do mundo).

 

Diego lê a alma sensível dos amigos que homenageia com o mais legítimo sentimento de afinidade e de fraternidade.

 

Ensaio de Márcio Catunda, escritor e diplomata brasileiro.