ROSA NUMINOSA (2022) - ENSAIO DE MÁRCIO CATUNDA
Por Diego Mendes Sousa Em: 07/06/2022, às 15H17
Rosa numinosa, do poeta Diego Mendes Sousa, é um livro de amor e de reminiscências. Um transbordamento de sentimentos:
" (...) sou o meu próprio
passageiro
áspero e cruel,
à espera do destino."
(Gesta do tempo).
Sua poesia está plena de visões em que a paisagem telúrica se transforma em alumbramentos cósmicos. Assim flui o seu imaginário, partindo do corpóreo para o incopórero; da finitude para o infinito.
Eis aqui a constatação de um de seus vislumbres da transcendência:
"Trago nos olhos,
a tristeza
das voragens,
uma certa melancolia
acesa,
travada
nos arreios adormecidos
da infância,
que ultrapassa
a existência,
por ser repositório
de saudades
e eternidades
infindas."
(Gesta do pantempo).
E tudo quanto Diego escreve se faz um canto místico de afetos, uma expansão de generosa percepção de si e do outro.
O poema em Diego Mendes Sousa é, ao mesmo tempo, um antídoto contra as trapaças do mistério e uma expressão de perplexidade em face dos enigmas da existência:
" (...) Declaro o nome
dos meus mortos
no tempo
e trago para mim
a sílaba etérea
dos seus sonhos."
(Isolamento).
Deus, o sonho e a memória são os componentes encantatórios de sua verve indômita.
"O vento espalha-se frio
é chuva que vem
dizer
que a saudade é
um murmurar melancólico."
(Cinza, elegia dedicada a Jorge Tufic, poeta da nossa mais alta estima, cuja saudade nos inspira todo o apreço do mundo).
Diego lê a alma sensível dos amigos que homenageia com o mais legítimo sentimento de afinidade e de fraternidade.
Ensaio de Márcio Catunda, escritor e diplomata brasileiro.