Rogel Samuel: A lógica do voto
Por Rogel Samuel Em: 21/10/2010, às 21H15
Rogel Samuel: A lógica do voto
Diz Bourdieu que “a lógica do voto, em geral considerada paradigmaticamente democrática, é duplamente desfavorável aos dominados”.
Para que os agentes possam votar conscientemente, eles tem de possuir “no mesmo grau os instrumentos, notadamente o capital cultural, necessários para produzir uma opinião pessoal, no duplo sentido de autônoma e conforme à particularidade dos interesses vinculados a uma posição específica".
Ou seja, muitos agentes se perdem e não votam a favor de seus próprios interesses. Porque não sabem, ou não veem.
O voto é “favorável aos dominantes que, pelo fato de ter as estruturas da ordem social funcionando a seu favor, podem contentar-se com estratégias individuais (de reprodução), enquanto os dominados não têm chance alguma de escapar à alternativa da demissão (por meio da abstenção) ou da submissão, a não ser que abandonem a lógica, para eles profundamente alienante, da escolha individual.” (Pierre Bourdieu, p. 28) O sufrágio universal e a invenção democrática Vários autores
Isso vem das idéias de Marx que sabia que a classe que detém os meios de produção material também detém os meios de produção intelectual.
O voto pode expressar essa separação. Porém no Brasil essa distinção desapareceu, o que fez um avanço sistemico.
A excessão é o voto nulo, ou abstenção.