[Maria do Rosário Pedreira]

Por razões que aqui não importa referir, estive a fazer uma lista de autores portugueses de ficção que se estrearam já no século em que vivemos. Como uns são muito mais velhos do que outros, estava convencida de que certos romancistas (Dulce Maria Cardoso, por exemplo) tivessem começado a publicar na última década do século XX e que outros, que de facto publicaram ainda nessa década (Pedro Rosa Mendes, por exemplo, que começou em 1999), só se tivessem iniciado no terceiro milénio. Mas o que interessa é que o primeiro decénio do novo século pariu muitos nomes interessantes – e com estilos francamente distintos – que não se ficaram pelas obras de estreia e têm dado grandes alegrias à literatura: Frederico Lourenço ou Rui Cardoso Martins, Ricardo Adolfo ou valter hugo mãe, Patrícia Portela ou José Luís Peixoto, Afonso Cruz ou João Tordo; e, além disso, foi já no século XXI que saíram as obras mais relevantes de Gonçalo M. Tavares e Mafalda Ivo Cruz, só para referir dois autores galardoados com o Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Na década que atravessamos, outros seguramente se revelarão (até já li alguns, mas preciso de ver como se aguentam); em todo o caso, se não forem muitos, com o que temos já podemos considerar-nos satisfeitos.