As histórias deste livro, ambientadas em São João do Piauí, cidade do semi-árido piauiense, foram escritas, em sua maioria, na adolescência do autor, que agora refez os textos para publicação. Mas, é bom que se diga, o cerne da criação não mudou. O sentimento, o feeling, é o mesmo do original. O escritor, impelido pela paixão e pela memória, valoriza a terra que lhe deu berço, realçando-lhe a geografia, a fé e os costumes de sua gente.
      Relatos da Aldeia é obra de ficção e não-ficção. Contos e crônicas se interligam e se completam, apesar das diferenças de gênero literário. As crônicas revelam múltiplas faces: o rio, o doido, o pescador, o poeta, o tarefeiro, a vendedora de torresmo ganham destaque no imaginário do autor. Os contos traçam um painel que vai desde os anos de 1950, quando a cidade vivia às escuras e era uma aldeia isolada, de estradas ruins e comunicação precária, até o limiar de 1980, com a chegada da televisão e da eletricidade, que alterou para sempre o hábito e o comportamento do povo.
      Em linguagem simples, como os personagens que criou, Gilvanni de Amorim persegue a beleza estética e extravasa os limites do espaço narrativo ao inventar, ou reinventar, casos curiosos nos quais suspense e insólito se entrelaçam. Por esse detalhe e outros mais que aparecem nas entrelinhas, Relatos da Aldeia interessa não só ao leitor sanjoanense, mas a todos aqueles que gostam de literatura.