0

Rogel Samuel

 

Houve ontem a posso da nova diretoria. A “oposição” não compareceu.

Luta política na Academia é coisa muito antiga, comum e esperada.

A primeira de que se tem notícia foi na eleição de Mário de Alencar, protegido de Machado de Assis, na Academia Brasileira de Letras.

A “panelinha” de Machado de Assis, unida ao Rio Branco, derrotou o escritor Domingos Olímpio, autor do consagrado “Luzia-Homem”.

Voz discordante foi a de José Veríssimo, apesar de ser intimamente ligado a Machado. É o que se lê em Brito Broca, “A vida literária no Brasil – 1900”.

Votaram em Olímpio, também, o grupo dos boêmios: Guimarães Passos, Artur Azevedo e Bilac.

A diferençã entre os dois candidatos era grande e a injustiça flagrante e clamorosa. Não podia haver comparação:  Domingos Olímpio um escritor nacionalmente famoso, e Mário de Alencar apenas “um moço de talento”.

Houve protestos até nos Estados Unidos.  O “Correio da Manhã” atacou a Academia, culpando o Barão do Rio Branco que não se convencia de que Olímpio não tenha sido o autor de uns editoriais em “A notícia” criticando a sua política do Acre. Em carta a Frederico Abranches, Rio Branco refere-se a Domingos Olimpio como “capadócio, capaz de perfídias e molecagens”. Alcindo Guanabara protestou na imprensa.

Muitos diziam que tudo era culpa de Olimpio não freqüentar as “rodinhas literárias”.

Se Domingos Olímpio tivesse vivido um pouco mais, talvez tivesse entrado na Academia. Mas morreu no ano seguinte, aos 56 anos.

E Mário de Alencar? Por que entrou na Academia tão jovem em 1905, quando só tinha publicado uns livros inexpressivos: “Lágrimas”, (poesia, 1888); “Versos” (1092); e “Ode cívica ao Brasil”, (poesia, 1903)?

Por ser filho de José de Alencar?

Humberto de Campos, no “Diário secreto”, diz que não: Mário de Alencar teria sido filho ilegítimo de Machado de Assis.

Até hoje há brigas na Academia. Recentemente, um acadêmico (dizem) atacou com um copo de vinho um seu colega...

Mas isso é outra estória.