Reflexão sobre o chamado ensino domiciliar
Por Cunha e Silva Filho Em: 12/09/2018, às 22H00
CUNHA E SILVA FILHO
Na área da Educação Brasileira, a questão do Ensino Domiciliar, de resto, ainda muita polêmica entre educadores, está, a meu ver, necessitando de ser amadurecida, amplamente discutida antes de ser transformada em sistema de ensino alternativo a ser implantado no país.
Minha posição é contrária à disseminação dessa abordagem de ensino, porquanto ela suscita muitas indagações como, por exemplo, estas: Lares fechados? Filhos antissociais? Pais se transformam em tutores de seus próprios filhos e ficam, assim, afastados da dinâmica social?
Pais não são sempre professores nem tampouco dominam todas as matérias do ensino oficial e o arcabouço da legislação escolar em vigor. Os pais de alunos não foram ensinados a ser professores. Não estudaram nem foram treinado em profundidade em disciplinas tais como alfabetização, língua portuguesa, linguística, filologia, didática, filosofia da educação, psicologia educacional, prática de ensino.
A tela do computador ou um celular ou qualquer outro gadget de aprendizagem não são absolutamente equiparáveis à aula ministrada na sala por um professor de carne e osso, um professor graduado e licenciado para ministrar sua disciplina específica.
A Escola do Futuro, antes de mais nada, não pode dispensar a presença dos professores. A escola é a escola. O lar é o lar. Este é apenas complemento daquela. E o homem gregário não vale mais? Nem tudo que é novo é bom. A tecnologia é bem-vinda, desde que tenha limites também e não tome o espaço do humanismo.
Essa questão é realmente séria e preocupante. Cheira-me a comportamentos distópicos. Ou seja, a ruptura da interação saudável de alunos com alunos em ambiente de escola do tipo tradicional deve e tem que prevalecer como a via ainda mais adequada em qualquer tempo.
O mestre será sempre a ferramenta maior e melhor do ensino-aprendizagem e seu convívio nas salas de aula é algo insubstituível sob pena de perdermos o elo com os aspectos humanísticos, da formação integral do educando, os quais devem ser preservados a todo custo nas culturas civilizadas.
A era da altíssima tecnologia já está dando seus frutos nefandos. Na Educação, a coisa fica assim mais complexa e perigosa. Por conseguinte, que se tenha muito calma, muito descortino e muita cautela antes de tentarmos substituir professores formados e aptos a lecionarem com conhecimento de causa o alunado brasileiro. Pensemos, portanto, reitero, com maior profundidade essa questão.