{Maria do Rosário Pedreira]

Um dia destes, fui a uma escola do distrito de Leiria falar sobre livros e leitura com alunos do 7.º ano de escolaridade; e, durante o almoço, estive a conversar com os respectivos professores sobre o que fazíamos na editora em termos de acordo ortográfico. Expliquei-lhes que as obras traduzidas já saem todas desde Março ou Abril com a nova ortografia, e que os autores portugueses, não a desejando seguir, têm de o declarar por escrito – tal como acontece nas publicações periódicas, nas quais vemos frequentemente a frase «X escreve de acordo com a antiga ortografia» imediatamente a seguir ao nome de quem assina o texto. Pois eu, que não concordo com muitas coisas desse «acordo», fico bastante aliviada por a maioria dos meus autores não querer adoptar a nova ortografia; já estou velha para a aprender e, ainda por cima, não confio a 100% nos conversores disponíveis. Mas reconheço que um dia chegará em que já não haverá volta a dar-lhe, como acontece já com os editores e revisores de livros traduzidos, os tradutores, os professores e os editores escolares, que têm, neste momento, uma carga de trabalho suplementar para se porem em dia com esta questão. Curioso, segundo me contaram esses professores durante o almoço, é que os mais zangados de todos são os alunos que começaram a aprender a escrever com a velha ortografia e ainda não a tinham absorvido quando lhes impuseram a nova...