Cunha e Silva Filho

 

 

               Dois países, duas histórias tristes. O primeiro, os Estados Unidos,  um país organizado, rico, mas marcado ainda pela mancha do racismo. O outro,  a Síria,  uma país quase destruído pela guerra civil, matando crianças, jovens, adultos e velhos.Nos  Estados Unidos,  racismo e violência policial;  na Síria, massacres da gauerra civil..  Ambos com seus erros específicos, ressalntado-se que, na S´ria, configura-se  quase  um   genocídio cmetido pelo ditador, ao passo que, nos Estados Unidos,  a violência é bem menor - não é guerra civil -  e localizada no seu aspecto étnico e num país de instituições sólidas e de um passado alicerçado  n a consciêcia  plena da cidadania  de uma grande nação.Façamos um reflexão sobre essas duas nações que, apesar das advertências dos homens sérios, dos homens de bem, dos homens da paz não se corrigiram.

             Estão ambos nos devendo algo que a humanidade tanto preza: a paz. É certo que o EUA não aprenderam a lição de casa. Não bastou a lição de Lincoln acabando com a escravidão americana; não foi suficiente o sacrifício de Martin Luther King (1929-1968), que heroicamente combateu as formas mais mesquinhas de convivência humana entre brancos e negros americanos. Lutou, intransigentemente, pelos direitos dos negros e contra a malignidade, que é o racismo. No entanto, em pleno século XXI, o cancro maldito do racismo persiste, humilha, separa, despreza e mata inocentes, até negros com doença mental.

         Policiais despreparados e mal formados, que nutrem ainda sentimentos atávicos de superioridade em relação aos negros, continuam a disparar suas armas de fogo contra a população negra e pobre. O exemplo mais trágico que chegou ao meu conhecimento ontem mesmo foi o depoimento da menininha negra, na cidade de Charlotte, Estado da Carolina do Norte, falando ao mundo sobre essa chaga ainda não extirpada na vida americana e que somente provoca a indignação da comunidade mundial que, na sua quase totalidade, não aceita essa desumanidade, ilógica, covarde, inimiga das diferenças.

           A menininha é apenas uma criança desesperada, aterrorizada diante do absurdo que é o racismo que mata e mata inocentes, pobres e negros. Essa garotinha revela muito mais amadurecimento, muito mais humanidade,do que adultos Esse serzinho frágil, falando com a voz entrecortada da dor e da revolta pela perda de um ente querido, se afigura um protesto eloquente, um exemplo de compreensão humana, cujo depoimento deve ser profundamente meditado pela sociedade americana, a fim de que acorde para esse tumor maligno que ainda se espalha no tecido social de parte da grande nação de Thomas Jefferson (1743-1826), de Benjamin Franklin (1706-1790) e Franklin Delano Roosevelt ( 1882-1945).

          O que fizeram policiais americanos contra negros, sobretudo no ano de 2015, é de estarrecer qualquer nação que se defina como democrática. E, por falar em democracia, não vejo como possa um país se declarar constitucionalmente democrático e ao mesmo tempo conviver com a violência policial. Que incongruência tamanha ainda estar dirigindo esse país um presidente negro e Nobel da Paz! É uma contradição gritante. Devem os Estados Unidos, através de seu governo, urgentemente procurar resolver esta questão prioritária e crucial. Vejo como uma das soluções para a violência policial americana contra negros e pobres, a implantação, por via educativa, de uma rigorosa mudança na formação ética e pedagógica dos policiais, visando a preparar policiais mais humanizados, psicologicamente aptos a lidar com os cidadãos de qualquer nível social ou etnia. Sem mudanças efetivas de mentalidade não se fará nada de concreto a fim de se debelar a raiz do preconceito. 

           Passemos para o caso da Síria. Tudo, por vias diplomáticas, já se tentou fazer com vistas a um cessar-fogo duradouro e a um desfecho pacífico, Sei que é espinhoso o problema de acabar com uma guerra civil.. Entretanto, o pivô da permanência dos massacres é a figura do ditador Bashar Al-Assad. Tem ele a seu lado a Rússia; do outro lado, os rebeldes que desejam depor o ditador , responsável pela guerra civil no país. Diz-se que os Estados Unidos ajudam os rebeldes, a oposição à ditadura síria. Além disso, no país há tropas do Estado Islâmico que querem alguma fatia do território.Há os curdos, há outras facções que lutam pelo que pensam são seus direitos em território sírio. O país, em parte de seu território, é uma ruína .

       O exemplo mais destacado dessa guerra a fratricida é a cidade de Aleppo, fortemente bombardeada pelas tropas de Assad. Entretanto, foi mostrada na TV uma filmagem em que a elite pró-Assad aparecia numa balada movida a bebidas e a outros ingredientes próprios dessa festa formada de indiferentes pelas matanças que no país não cessaram de infligir aos opositores do regime tirânico. Ou seja, as cenas são um insulto à dignidade de um povo destroçado pelas balas e bombas do ditador sanguinário, cujo fim não é difícil de se prever.

          Há tempos venho escrevendo sobre o conflito na Síria e, num dos meus artigos, afirmei que o país parece não dar nenhuma atenção mais aos inúmeros apelos do Conselho de Segurança da ONU, às reuniões de cúpulas já havidas entre os órgãos internacionais e o ditador. A Síria já passou do limites da tolerância diante dos inúmeros atos de barbárie e selvageria perpetrados contra a população síria pelo autocrata Assad. Um dos maiores males dessa guerra civil se resume na gigantesca onda de refugiados sírios procurando, até com o sacrifício de inúmeras mortes de crianças e adultos à procura de uma país que as acolha.