Não foi Temer nem tampouco o governador Pezão que tornaram possível e urgente uma intervenção das Forças Armadas no tumultuado e sofrido Rio de Janeiro. Da mesma forma, não foram ideologias da direita nem da esquerda ou falsa esquerda que trouxeram as tropas federais para dar um limpeza na Cidade Maravilhosa, hoje praticamente refém dos assaltos, estupros, torturas, homicídios, tráfico de drogas e de armas, em suma, uma cidade cujo povo vive amedrontado, as mães perdendo familiares, as crianças, sobretudo pobres e negras, vítimas de balas perdidas.
Nenhum habitante do Rio de Janeiro aguenta mais _(ainda posso colocar o verbo no presente) tantas atrocidades praticadas pelo banditismo pantagruélico que mais parece haver se instalado para perpetuar-se aqui ao arrepio da estrutura do Estado Brasileiro. Nem as polícia civil e militar já estavam dando conta da baderna social e do caos ameaçador configurando um grau insuportável de violência generalizada em todos os cantos da cidade e espalhado pelo estado fluminense. Por conseguinte, ante tal convulsão social, foi a voz do povo com a sua reação indignada que forçou o governo federal a tomar uma decisão rápida e firme pela convocação das Forças Armadas a fim de tentar debelar ou, ao menos, reduzir ao máximo o estado de violência extrema e selvageria instauradas pelo crime organizado.
É óbvio que o interventor da segurança pública do Rio de Janeiro, General Braga Netto, não pode negligenciar, na elaboração do seu plano estratégico de combate à violência, alguns pontos que me parecem fundamentais: 1) Um combate travado para valer ao tráfico de drogas estancando-lhe as fontes realimentadoras provenientes de países fronteiriços e de entradas no país por transporte aéreo e marítimo;2) Reorganizar o comando de batalhões da Polícia militar, mandando para a reserva oficiais que não souberam honrar a farda e policiais corruptos que, em alguns casos, se conluiaram com facções criminosas; 3) Reestruturar a Polícia Civil do Rio de Janeiro, expurgando dela os maus profissionais;4) Reestruturar o sistema prisional corrompido exonerando os maus profissionais e dando um basta à entrada de armas de fogo, armas brancas e celulares. Neste caso, tornar quase impossível que pessoas e familiares de sentenciados entrem, escondendo celulares e mesmo qualquer tipo de arma, nas prisões para visitar detentos, inclusive advogados de criminosos. A revista tem que ser criteriosa, e completa;5) Caçar e prender todos os homens-chave de facções criminosas levando-os para prisões afastadas e de alta segurança; 6) Melhorar os salários dos servidores públicos da área de segurança; 6) Exigir dos candidatos a policiais militares e civis maior nível de instrução (até mesmo superior) e maior rigor na seleção quanto aos exames psiquiátricos e psicotécnicos e outros seguramente exigidos por lei; 7) Refundar o policiamento ostensivo e secreto de militares e civis, distribuindo o seu contingente pelos diversos bairros e sobretudo por áreas mais perigosas; 8) Reorganizar a Guarda Municipal eliminando dela também os profissionais incompetentes e até em alguns casos aqueles de duvidosa normalidade comportamental, não se permitindo que essa força auxiliara use armas de fogo; 8)Reorganizar setores vitais de segurança pública, sobretudo torando-os independentes para fiscalizarem imparcialmente o mau comportamento de policiais militares e civis; 9) Que se elabore e aprove um Regimento Ético-Profissional atuante, fiscalizado com rigor e permanentemente os quadros das Polícia Militar, Corpo de Bombeiro e Civil a fim de que seus componentes possam segui-los rigidamente sob pena de perderem suas funções e serem alijados dos seus cargos para o bem do serviço público;10) Que se elabore também um Plano de Estratégia Militar com a finalidade de assegurar a continuidade de otimização dos objetivos alcançados no combate sem trégua ao crime organizado, em todas as suas manifestações desde os crimes hediondos: sequestros, homicídios, explosões de caixas eletrônicos, assaltos de toda espécie, assaltos nas estradas, contrabando de armas e drogas aos assaltos de pivetes nas ruas do Rio de Janeiro, cidade e interior.
Todas as sugestões acima-mencionadas, a meu ver, são perfeitamente factíveis de serem postas em prática. Só depende do apoio da sociedade e das instituições públicas e privadas.
Tudo isso pode ser bem equacionado se os Poderes da República derem sua contribuição cívica, patriótica, efetiva e à altura das prementes e inadiáveis necessidades da Nação Brasileira no tocante à gravíssima violência e desordem urbana que tanto nos angustiam como cidadãos brasileiros e contribuintes. É hora de desarmar os ânimos antagônicos de todas as colorações político-ideológica e pensar no bem do país.
Se continuarmos politicamente digladiando, por razões inconfessáveis de mero jogo de conquista de poder, não teremos sucessos na empreitada que se nos impõe a tristíssima realidade sangrenta da violência instalada pela criminalidade impune tanto a de colarinho branco (quiçá até pior em alguns aspectos de suas consequências deletérias à economia, finanças e à sociedade civil) quanto a dos morros e das periferias. A questão da violência e da criminalidade não vem de hoje, mas tem origem nas omissões e incompetências dos sucessivos governos federal e estaduais no que tange ao seu real enfrentamento.
O problema nº 1 do Brasil, e já o afirmei em vários de meus artigos tratando desta questão, sem sombra de dúvida, é o da criminalidade tentacular, sedenta de sangue, de dinheiro, de poder econômico a todo custo, do alto da pirâmide à base dela, com os seus estragos sem precedência de desorganização social e institucional.Tenho convicção de que as Forças Armadas procurarão o melhor de sua competência, de sua expertise, de estratégias e planos a serem concretizados em curto, médio e longo prazos a fim de que a imagem da cidade do Rio de Janeiro deixe de ser conspurcada por facínoras e meliantes que ainda se julgam acima das instituições e da Lei.
Não, leitor, não será permitida a continuidade deste caótico estado social, flagelo da sociedade carioca e componente espúrio e desagregador da vida civilizada que todos queremos e com a qual sonhamos. Nossos espíritos consternados de dores, tormentos, medos, balas e vítimas fatais não hão de assim permanecer para sempre.
Seja bem-vinda, por conseguinte, a intervenção militar no maltratado, sucateado, pilhado e espoliado estado do Rio de Janeiro. Ponho, de minha parte, as minhas esperanças, primeiro em Deus e, em seguida, no General Walter Braga Netto.