[Maria do Rosário Pedreira]

Estava a hora e meia de começar a tratar do jantar num domingo de moleza e puxei da pilha à minha frente um livro que ainda não conhecia, se bem que a imprensa e os blogues lhe tenham dedicado bastante atenção. Trata-se deEnciclopédia da Estória Universal, de Afonso Cruz, e é uma pequena maravilha de invenção e escrita. Construído a partir de entradas alfabéticas, como uma enciclopédia, oferece-nos a mais pura ficção a parecer um conjunto de referências e citações de figuras arcaicas e ilustres (todas inventadas). E, se pode ser lido um pouco ao acaso (como comecei a fazer, saltando páginas), a verdade é que ganha em ser acompanhado de A a Z (o que acabei por fazer), pois frequentemente refere personagens com quem já nos cruzámos noutra entrada e cujo conhecimento é fundamental para tirarmos o máximo proveito de cada texto. Culto, borgesiano e extremamente divertido e sagaz, este é um excelente livro para ler na hora e meia que temos de vez em quando – e para reler, reler, reler...