A resenha do episódio 12 do seriado foi aqui postada em 26 de agosto de 2019.
A resenha do episódio 12 do seriado foi aqui postada em 26 de agosto de 2019.

PSYCHO PASS 13: AKANE PROSSEGUE A CAÇADA
Miguel Carqueija


O terrível choque de assistir, sem nada poder fazer, o brutal assassinato de sua amiga de infância, abala profundamente a nobre Inspetora Tsunemori Akane, da Secretaria de Segurança de Tóquio. Porém, após o funeral de Funahari Yuki, ela parece se recuperar e mostra-se tranquila., alegando que não pode ficar deprimida para sempre. Então, revelando sua grande coragem e despojamento, Akane requer a sondagem eletrônica de suas memórias. Ela é, até o momento, a única pessoa que viu de perto o assassino serial Makishina Shougo, sabendo de quem se trata: a única a lhe conhecer o físico e fisionomia. A sondagem de sua mente obterá para a polícia uma fotografia eletrõnica do monstro, facilitando assim a sua caçada. Porém Kogami, Ginosa e os demais se opoem: a sondagem é muito perigosa, remexe com a mente e o risco de ter o seu “psycho-pass” degenerado é muito grande. Akane poderia passar a ser uma “criminosa potencial” e nesse caso seu melhor destino seria o rebaixamento para coatora ou justiceira (capanga da polícia, com licença especial de andar armada). Mas Akane não tem medo algum do que possa lhe acontecer e insiste na experiência. Para surpresa geral, mesmo saindo do transe em estado de choque por vivenciar novamente, em sua memória, todo o horror da morte de Yuki, que ela não pôde impedir porque a arma “dominator”, sem conseguir ler o coeficiente criminal de Makishima, recusou-se a funcionar – mesmo tendo de ser estapeada por Ginoza para emergir do choque – ela não sofre alteração em sua matiz, que continua azul turqueza, demonstrando total ausência de inclinação ao crime. Ela não apresenta nem desejo de vingança, somente o seu límpido senso de justiça.
Este fato estarrece Ginoza, que já sofre de intensão por causa dos graves problemas surgidos com a ação de Makishima e seus aliados. A psicóloga da polícia adverte Ginoza do risco que corre, de ser rebaixado como seu pai havia sido: e neste episódio se revela que Masaoka, o veterano justiceiro da equipe, é um ex-detetive e pai de Ginoza. Este mantem uma relação difícil com o pai – agora seu subordinado – pois o culpa pelo sofrimento da família – ele próprio e a falecida mãe, esposa de Masaoka. Tudo isso acontecera nos primórdios do Sistema Sybila, e se alguém era reprimido por coeficiente criminal elevado, os preconceitos sociais discriminavam a família. Ginoza não consegue compreender como possa Akane ser imune às perturbações causadas pela violência inerente à sua profissão.



Resenha do episódio 13 – Convite ao abismo - do animê “Psycho Pass”, produzido por Koji Yamamoto e outros, e dirigido por Katsuyuki Motohiro – Production I.G., Japão, 2012-2013.

“Quando as pessoas fazem escolhas, sejam quais forem, elas recorrem ao julgamento da Sybil ao invés de sofrer com isso. (...) Assim podemos criar um mundo próspero e seguro inédito na história da humanidade.”
(a misteriosa supervisora da Secretaria de Segurança, explicando a Ginoza as “vantagens” da distopia do Sistema Sybila)

“Agora podemos perseguir juntos o mesmo objetivo.”
(Tsunemori Akane para Kogami, referindo-se a Makishima)

“Ela disse que na próxima iria deter o Makishima Shougo a todo custo.”
(Kagari)

“Encurralarei o Makishima Shougo mesmo que termine uma coatora.”
(Tsunemori Akane)

“A única coisa que tenho de valor é uma psycho-pass que não se nubla.”
(Tsunemori Akane)

“Por que a matiz dela não se nubla?”
(Inspetor Ginoza)

“O que sei com certeza é que ela não teme o seu coeficiente criminal. Ela aceita as coisas como são. Ela perdoa a sociedade, a reconhece e aceita. Além disso ela não liga de correr riscos, então não se trata só de se deixar levar. Ela deve acreditar intensamente no significado e valor de ser uma detetive.”
(Masaoka Tonomi, justiceiro, ex-detetive e pai do Inspetor Ginoza)

As curiosas observações do caçador Masaoka refletem uma grande admiração pela jovem inspetora, cuja matiz de potencialidade criminal está sempre azul-turqueza mesmo diante dos piores acontecimentos (o que significa total ausência de pensamentos criminosos), todavia permanecem num plano pragmático. Uma análise católica, porém, pode enxergar certos detalhes mesmo numa história como “Psycho Pass” que não é de fundo religioso, e sim leiga e neutra como os romances de Júlio Verne, todavia não é materialista. Assim, pelo menos a partir do capítulo 13 já se podem perceber os sinais de santidade na protagonista Akane, sinais evidenciados por sua pureza, integridade e nobreza de caráter e, como um sinal mais explícito, sua imunidade às tentações. Aliás, na vinheta de encerramento que acompanha a série, a canção-tema faz uma pergunta (supostamente pronunciada por Akane, sem esquecer o caráter simbólico de uma canção-tema): “Deus, para onde você foi?” E Deus responde que está com ela, seguindo o mesmo caminho (dedução: este tema musical dá a entender que Akane está com Deus, e Deus com ela). Daí a tranquilidade de Akane porque a sua consciência está sempre leve. E assim ela aplicou um xeque no monstro assassino Makishima, cujo rosto, até então desconhecido, agora passa a ser amplamente divulgado na polícia. Assim começa o encurralamento do “serial killer” e quem está na frente do processo é uma mocinha que mal chegou à idade adulta.
A diretora da Secretaria de Segurança já revelou a Ginoza que Makishima é um caso raro, encontrado em um a cada dois milhões de indivíduos: sua psique não é detectável pelas armas dominators ou pelo Sistema Sybila em geral. Mesmo no ato de cometer um crime a dominator não o reconhece como criminoso porque o seu cérebro não é legível ao sistema. Daí a sua especial periculosidade.
Mas Akane está decidida a ir até o fim.