Para não haver superaquecimento, os reatores têm de ser refrigerados constantemente por água. É a mesma água que depois vira vapor e move uma turbina para gerar energia elétrica. Mas o sistema de refrigeração depende de eletricidade que vem de fora da usina para funcionar.
Se a energia é cortada por algum motivo – no caso, o terremoto – os geradores têm de ser ligados, mas no Japão eles também foram danificados. Sem a refrigeração, a pressão e a temperatura dentro do reator sobem até o ponto em que o próprio reator pode derreter, liberando material radioativo.
“Alguns dos materiais radioativos, se estiverem suspensos no ar ou depositados no chão, nós estando no ambiente somos irradiados de fora. São raios de longo alcance, chamados raios gama, que alteram o funcionamento biológico das células, principalmente induzindo ao câncer”, explica o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ.
Para impedir que o reator da usina de Fukushima derretesse provocando vazamento de radiação, as autoridades japonesas tentaram primeiramente liberar de forma controlada vapor com teor radioativo. Mas uma explosão acabou destruindo parte do teto do prédio de contenção, onde fica o reator, e houve escape de radiação. Em uma medida desesperada, técnicos japoneses estão usando água do mar para tentar esfriar os reatores e impedir o vazamento de combustível nuclear.
“O que é o combustível nuclear? São tubinhos fininhos, muitos, com óxido de urânio lá dentro. Mas quando o reator vai funcionando, o óxido de urânio vai virando o demônio. Tudo que existe de radioativo vai se produzindo lá, entre eles o famigerado césio-137, que aqui no Brasil contaminou e matou pessoas, inclusive crianças, em Goiânia muitos anos atrás, sem nenhum problema de reator lá. Era uma bomba para tratamento de tumores de câncer”, lembra o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ.
O acidente com o césio-137 foi em 1987. Quatro pessoas morreram na hora e mais de 700 foram contaminadas pela radiação. Os riscos de uma contaminação grave de pessoas e do meio ambiente no Japão são grandes, mas cientistas brasileiros afirmam que uma explosão nuclear está descartada.
“Não ha fissão nuclear mais lá. O que seria se, no caso, houvesse explosão nuclear,. O que está havendo lá é desintegração radioativa dos produtos de fissão, e isso é incontrolável. É da natureza, não é uma coisa tecnológica”, afirma o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ".