Promessas de carnaval
Rogel Samuel
O meu poema de carnaval é de certa forma muito popular. Agradou, anda na net, circula em sites e blogs neste carnaval que se aproxima. Gosto de carnaval, ou melhor, gostei mais quando tinha menos gente, menos calor, menos idade. Estou velho, já não subo nas mesas a cantar, a sambar, a rir e a gritar na alegria das serpentinhas e nos brilhos das alegorias. Nem mais bebo do cálice das belezas cariocas com aquelas exuberâncias da década de 60. Mas a culpa não é só minha. O mundo mudou, não só eu. O carnaval de inocente tornou-se agreste e comercial. Mas ainda belo, rico, quente.
Nesse carnaval entôo em surdina
breve texto esta canção
desenvolvendo a paisagem cristalina
tinta azul, papel na mão
espuma do ar mantida em vestes finas
toldo de amor que aparelha e envolve
e te molesta a alegria matutina
passando o pente o tema a minha senha
e ergues a tricotar a estrela fescenina
brincando de tua passarela
e sonhada é férrea a tua serpentina
borboleta de papel de seda
que me despeço de tua face de menina
teu aço besuntado de abelha.