JORGE TUFIC
Secos provérbios, distração noturna
à luz de chaves mortas, quanta asneira
move as palavras que não têm peneira
para reter o entulho que repugna.
Que olhos canhestros revistando a furna
da existência banal sequer a poeira
da mais restrita fábula caseira
sabem ver nos pedaços de uma urna?
Textos e sombras ardem neste alpendre
no qual, se dorme o corpo, a alma se vende
e o que foi há-de ser quando será.
Ó provérbios sem nome, quanto adorno,
quanto arabesco nesse vão retorno
do pensamento ao mesmo que virá.