PORTO DAS BARCAS - Poema de Diego Mendes Sousa
Por Diego Mendes Sousa Em: 06/08/2023, às 22H45
PORTO DAS BARCAS
Para Reginaldo Santos Furtado
Inclino-me,
pois o rio irá transpor o Tempo decaído
a demandar o mar
quando o rio e o Tempo
forem lampejos do ser:
queda, nada e dor...
ruínas do abismo
do menino a nado
de dantes
refúgio do silêncio
ecos de uma pancada de vento
passageira
vestígios da solidão
em estilhaços
a meio mastro da vida
transmigram-se
os pássaros
ao Norte do Piauí
e o rio Igaraçu apressa-se ao extremo
em seu curso introspectivo
com o Parnaíba
por dentro
o Tempo atravessará
a terra
e a terra em ânsia
será o rio novamente
a sangue-frio
Parnaíba, Mãe deferente
do rio Igaraçu,
cidade agarrada
aos sonhos marítimos
em suas ruas estreitas
e em outras mais largas
o menino de agora
ancora
o coração devasso...
a saudade é a sua memória
a força do rio, a sua devoção...
as canções do rio
as inclinações do rio
despencam na alma
mais uma vez...
mais que perdido...
mais que órfão...
Porto das Barcas,
suas multíplices cores
a abrigar a sonolência
do Tempo,
desabrigado do destino
na casa do rio
o rio sem teto
sua ambição aterrada
com a artimanha do mar
Poema de Diego Mendes Sousa
Fotografia de Jairo Nunes Leocádio
Porto das Barcas, Rio Igaraçu, na Parnaíba, Norte do Piauí