ELMAR CARVALHO

 

 

Duas lágrimas

de pedra nos olhos de vidro

e uma tristeza infinita na

alma de cristal.

O pensamento

voando além do infinito

e o corpo inerte

querendo voar.

As amarguras contidas

no soluço recalcado,

que morre antes de

ser gerado.

A insatisfação

dos atos inúteis

em cada palavra

dita em vão.

A vontade imensa

de alcançar a

realização total

de não ter desejos.

E a vida prática

e a matemática

e a rima que surgiu

por mero acaso.

A matemática

me enlouquece:

por isto meu pensamento

salta de mais infinito

a menos infinito

e explora as amplidões

do universo, enquanto

meus olhos vidrados

fitam a álgebra

sem vê-la.

E a minha abstração

me leva ao infinito

que meu corpo

me nega.

 

           Pba. 19.01.78