Poema para um quadro de outono

[Maria Azenha]

as crianças apaziguam-nos os olhos através de labirintos,
bosques
quedas d’ água, cavernas sonoras,

e depositam claridades de pólen nos lábios da terra
fazem-nos subir as lágrimas através dos cabelos de fogo
das árvores

às vezes uma folha é uma questão sonora
e encostamos o ouvido às suas janelas
em seus ovos de geleia real

as crianças atingem o seu mais alto grau
na cintilação das portas

o outono é onde elas nunca falam do poema em voz alta

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maria azenha
óleo - maria azenha