Cunha e Silva Filho

 

                  Até agora, não vi nenhuma palavra do atual governo federal a respeito da situação desastrosa, ou melhor diria, aflitiva, de quem paga plano de saúde no país. Ao contrário dos EUA, cujo governo do Barack Obama, fez muito pela saúde dos mais humildes, dos que não podem pagar planos exorbitantes. O health care americano serve de modelo aos descaminhos dos planos privados brasileiros. Essa é uma demonstração séria de um governo que, na sua campanha para presidência da maior potência mundial, prometeu e realizou, na área da saúde pública, uma mudança substancial que nenhum outro presidente americano anterior, que eu saiba, havia feito. Só por esse motivo, Obama mereceu governar os Estados Unidos e deixará esse legado que, espero, seja mantido por novos ocupantes da Casa Branca e por muito tempo.

                      Hoje, no Brasil, não dispomos de um órgão de saúde federal nos moldes do antigo INPS, depois, INAMPS, finalmente SUS. Nos bons tempos do INAMPS, quem tinha necessidade de recorrer a esse Instituto era sempre atendido e, às vezes, bem atendido. Entretanto, com o tempo,os sucessivos governos federais, sobretudo orientados por políticas de saúde de viés neoliberal, foram seguidamente sucateando a saúde pública e ensejando a abertura de um cobiçado espaço no campo da saúde privada. Foi assim que se originaram os diversos planos de saúde, espalhando-se pelo país inteiro, uns oferecendo tratamento de saúde de boa qualidade, outros apenas se aproveitando para tornar a medicina privada uma mercadoria de ínfima qualidade.

                Com o crescimento gigantesco de saúde privada, a saúde pública foi-se reduzindo em qualidade até chegar ao estado deplorável em que se encontra atualmente, seja através do governo federal, sejas dos governos estaduais e municipais. O que é muito grave, os planos de saúde, com a anuência do governo federal, através da ANS (Agência Nacional de Saúde), têm reajustado seus preços de forma escorchante, sem que, por outro lado, o atendimento aos usuários tenha sido melhorado e aperfeiçoado com o decorrer dos anos, a situação é tão alarmante que planos de saúde,antes respeitados e mostrando solidez financeira, estão ficando sucateados.

                   O exemplo mais lamentável, humilhante e constrangedor se comprova quando um usuário de um plano, ao precisar de fazer exames num dado laboratório. tem recusado o seu cartão de plano de saúde alegando o laboratório que um determinado plano está não está mais filiado ao laboratório. Ora, um vexame destes é de deixar qualquer usuário de plano indignado, principalmente quando o mesmo usuário já havia realizado no mesmo laboratório vários exames há pouco tempo atrás.

                   Daqui a pouco, o usuário de um plano mesmo pagando religiosamente a mensalidade – e convenhamos - já bastante elevada, ainda que num plano feito junto a um sindicato de classe,ou, com dizem, por convênio, estaremos pagando nosso planos privados sem a contrapartida dos serviços prestados. Da mesma forma, a questão do plano de saúde se estende para a consulta médica. Suponhamos que o paciente queira se consultar com o seu médico ou médica de sua preferência como havia feito tantas vezes anteriormente. Um dia, vai ao seu médico e recebe a seguinte resposta da atendente: “ O doutor não aceita mais esse plano, se descredenciou”. Aí, toda a nossa paciência acaba.

                  É o fim do mundo. Poder-se-ia afirmar que, mal comparando, o antigo INPS/INAMPS era muito melhor do que o que agora se vê no seio da própria medicina privada.No meu juízo, com o neoliberalismo, a medicina se tornou mercantilista. Os donos de planos de saúde enriqueceram. No entanto, Não têm sabido administrar suas corporações. Gastam demais com os altos salários dos presidentes, das secretárias e até dos seus motoristas, segundo se falou de um famoso plano de saúde brasileiro agora às voltas com tremendas dificuldades de oferecer bons serviços aos seus milhares de usuários que todos os meses pagam as mensalidades em dia.

                A fiscalização federal, a chamada ANS, não pode se calar diante desta situação de calamidade na saúde privada. O governo federal, se tiver consciência da relevância deste problema, não pode permanecer de braços cruzados. Enquanto isso, o governo federal nada tem feito contra este estado deprimente vivido pelos usuários dos planos de saúde privada. O neoliberalismo venceu e prejudicou a saúde pública brasileira. Urge que medidas drásticas sejam tomadas pelo governo federal a fim de buscar solução, em curto prazo, para mais uma decepção que se acumula contra a administração pública na área da saúde. Tem a palavra o atual Ministro da Saúde.