Pinheiro Machado logo antes de morrer

Por incrível que pareça, o caudilho gaúcho caminhava para ouvir estórias engraçadas antes de ser apunhalado por Manso de Paiva, em 1915.

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SE TIVER TEMPO E INTERESSE, VEJA ARTIGO ESCRITO PELO RESPONSÁVEL PELA COLUNA "Recontando estórias do domínio público", PUBLICADO NO ÚLTIMO DIA DO ANO (31.12.2009), NO JORNAL BRASILIENSE TRIBUNA DO BRASIL:

http://www.tribunadobrasil.com.br/site/index.php?p=noticias_ver&id=8473

FELIZ 2010!

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CROCODILO FAMINTO ENCONTRA UM LAUTO ALMOÇO (o pirata

era magro, mas não deixava de ser alto) NA PESSOA DO FAMIGERADO

CAPITÃO GANCHO,  NA ESTÓRIA DE PETER PANversão dos Estúdios

Disney (EUA, lançamento: 1953)

(http://falandodaeducacao.blogspot.com/2009_05_31_archive.html)

 

mandarim57om.jpg

 


"Pinheiro Machado, Hermes Fonseca e Quintino Bocaiúva" (Foto reproduzida de: Coleção Nosso Século, Vol. II, São Paulo: Abril Cultural)

 

 

 

 

 

  

PINHEIRO MACHADO (no primeiro plano, demonstrando

postura de incomensurável prepotência),  tiranete que foi

barbaramente assassinado em 1915: esse aí mandava

mesmo e "não dava colher de chá" para oposicionistas; não

estava cercado de seguranças, contudo, quando foi

covardemente apunhalado por um sujeito louco cujo

prenome era MANSO [O Brasil não parece tão pacífico

quanto os relatos "chapa branca" tentam, infrutiferamente,

mostrar: as chacinas de índios, muitas delas feitas por

bandeirantes, deixam isso muito claro.]

(Legendas: a que está aspeada, ao lado direito da fotografia antiga

é  a original, mas aquela que, em negrito, acima se lê, é desta Coluna; foto: reproduzida,

na Web, em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-senado-federal-do-brasil/senado-e-a-primeira-republica.php)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pinheiro Machado, apesar de ter sido um dos mais truculentos políticos da República Velha, recebeu grandes homenagens depois de sua morte, uma vez que ele "mandava muito no País": a notícia acima, por exemplo, é referente a um jacaré (que também morreu, mas mais de sessenta anos depois) que habitava a PRAÇA PINHEIRO MACHADO, em Santo Ângelo-RS, cuja morte foi noticiada em 14 de abril de 1977: como o próprio senador da República [Pinheiro Machado era vice-presidente do Senado Federal quando foi assassinado], o jacaré foi morto, possivelmente, por um popular, já que em seu corpo (no corpo DO JACARÉ, quero dizer) foram encontradas escoriações decorrentes de maus tratos. LEGENDA DA FOTO: "Abril de 1977 - Comunidade lamenta a morte de réptil que morava na Praça Pinheiro Machado"; a fotografia de parte superior de página de jornal de Santo Ângelo pode ser vista, na Web, em:

http://www.atribunars.com.br/index.php?origem=noticia&id=468)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

A BELA E MUITO BEM CUIDADA PRAÇA PINHEIRO MACHADO, EM SANTO ÂNGELO: dessa cidade gaúcha partiu a Coluna Miguel Costa-Prestes, cujo objetivo era lutar contra os desmandos da República Velha e seus métodos infelizes de se praticar política, tais como aqueles de que Pinheiro Machado se valia para aumentar e manter seu enorme poder, até o dia 8 de setembro de 1915, quando foi morto por um popular, num hotel do bairro do Flamengo, Rio de Janeiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

COMO ACIMA SE PERCEBE, DESENHADO ESTÁ

UM GORDO CROCODILO VERDE NO BRASÃO

DE ARMAS - excelente emblema nacional,

aliás! - DAS ILHAS SALOMÃO [país da

Melanésia, Oceano Pacífico]

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%A3o_de_armas_das_Ilhas_Salom%C3%A3o)

OBS. - O OUTRO bicho, GRANDE, NO BRASÃO DA ARMARIA NACIONAL SALOMÔNICA

É UM TUBARÃO, O QUE SIGNIFICA QUE HÁ, PELO MENOS, DOIS TOTENS NO

EMBLEMA ['pelo menos': há, como se vê, quelônios e aves, também, por ali], UM

RÉPTIL E UM PEIXE, TRANSMITINDO A IDÉIA DE "PAÍS CERCADO DE ÁGUA POR

TODOS OS LADOS" INTELIGENTEMENTE SEM MOSTRAR MARES; OS OUTROS

ELEMENTOS DESSE BRASÃO MONUMENTAL OBRIGAR-NOS-ÃO, não resta

dúvida sobre isso, A VOLTAR A ESSE ASSUNTO, já que há um etnoescudo

NO INTERIOR DE UM ESCUDO "BRANCO" (caucasiano, europeu), QUASE

A PEDIR QUE OS BRASÕES SE LIBERTEM DE SUAS MOLDURAS INTERNO-

EUROCÊNTRICAS (escudos convencionais, que constituem bordas, limites

do desenho central)

 

 

          Dedico o presente suelto ao jacaré da Praça Pinheiro Machado, morto por gente perversa que covardemente não poupa os animais (em razão de lamentáveis fatos como esse - o possível apedrejamento do jacaré até a morte - surgiram, muito antes de a torpe e covarde agressão ter acontecido, aliás, algumas das sociedades protetoras dos animais, cujos endereços e telefones já foram informados nesta Coluna: http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/funeral-no-congo,236,2611.html)

 

"(...) O barbaro, o hediondo crime de hontem [assassinato do General Pinheiro Machado] relegou para um plano muito remoto todas as cogitações partidarias em torno do valoroso vulto republicano que cahia victima da sanha de um facinora. Crimes como o de hontem envergonham uma sociedade inteira, ao mesmo tempo em que a enxovalham e ameaçam no que ella tem de mais nobre e mais elevado. (...)". (Trecho de notícia jornalística, apud http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=278AZL001)

 

"A exceção confirma a regra". (Ditado popular)

 

Case closed - Em 2004, Sinval Medina publicou o sensacional romance A Faca e o Mandarim, sendo que o mandarim é o infeliz tiranete Pinheiro Machado, senador que "mandava no Brasil", e a faca é o punhal que atravessou o costado desse caudilho gaúcho, produzindo sua quase imediata morte.

NO MODESTO ÂMBITO DESTA COLUNA, ONDE SE PREZAM TANTO OS COMPLÔS - não pelas articulações sombrias em si mesmas, a atestar a loucura dos seres humanos em suas movimentações sócio-históricas e políticas, mas em razão do interesse jornalístico e subliterário (subliterário no sentido de literatura fraca, mesmo: "fraca", todavia com milhões de consumidores-leitores) que despertam!  -, O FATO DE O ASSASSINO, Sr. Francisco Manso de Paiva Coimbra, COMPROVADAMENTE TER AGIDO ISOLADAMENTE (FORA DE QUALQUER CONSPIRAÇÃO, PORTANTO) É ASSUNTO DE INTERESSE MÁXIMO, POR AQUI, UMA VEZ QUE, com a exceção confirmando a regra, COMO A PRÓPRIA EXPRESSÃO JÁ DIZ... A EXCEÇÃO CONFIRMA A REGRA! Além disso, sempre que se diz aos estudiosos do assassinato de John Kennedy que eles estão "obcecados" por complôs, os seres-objetos de tais críticas prontamente evocam o assassinato de Pinheiro Machado: "- MAS MANSO DE PAIVA, QUE MATOU PINHEIRO MACHADO, NÃO PARTICIPAVA DE COMPLÔ HOMICIDA ALGUM!". Faz sentido a argumentação, uma vez que os que desejam que não se fale mais de COMPLÔ QUE MATOU JFK adoram dizer que quem fala muito do assunto tem tendências paranóicas. Manso de Paiva agiu sozinho, então: pronto! Resolvido o problema, definitivamente: CASO ENCERRADO.

Entretanto, relativamente às estórias contadas e recontadas - e já que se falou de Pinheiro Machado - não é apenas o responsável pela Coluna "Recontando..." que aprecia muito ouvir estórias simples, facilmente compreensíveis e muito engraçadas. O então vice-presidente do Senado Brasileiro, o temido (talvez até por seu assassino) Pinheiro Machado, no Hotel dos Estrangeiros (Bairro do Flamengo, Rio), em setembro de 1915, antes de ser apunhalado por Manso de Paiva, o popular obscuro que o matou, ia subir, de acordo com "dica" que ele mesmo, Pinheiro, deu a colegas parlamentares de São Paulo, aos aposentos de Rubião Jr. para ouvir estórias engraçadas. Desse fato somos informados no seguinte trecho do texto adiante reproduzido na íntegra:

"(...) Chegando ao vestibulo do Hotel dos Estrangeiros, o vice-presidente do Senado encontrou os srs. Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade, deputados federaes pelo Estado de S. Paulo. Dirigindo-se a esses cavalheiros o sr. general Pinheiro Machado, convidou-os, galhofeiramente, para subirem aos aposentos do dr. Rubião Junior, 'afim de visital-o e ouvirem historias engraçadas' (...)".

É ela, a famosa estória de Pinheiro sendo morto, aqui recontada (mas não com júbilo, apesar do caráter mesquinho e violento do Senador) - com o auxílio competente de artigo concernente de Deonísio da Silva - uma vez que as recontações desta Coluna tem o critério quantidade, homenageando Walter Benjamin e a cultura de massa, como basilar: a estória é muito recontada? Então recontemo-la aqui, também! O importante é "não ficar por fora", para não incorrer em gafes, quando alguém citar isso em festas e eventos superficiais-mundanos. Serviço de utilidade público-social, portanto!    haha    :o)

Voltando ao Gen. Pinheiro: ainda que fosse odiado por parcelas enormes da população brasileira em razão de sua forma truculenta - e homicida, por vezes (bombardeio de Manaus, bombardeio de Salvador etc.) - de fazer política, da mesma forma que tantas pessoas comuns, ao contrário dele pouco poderosas e - também diferentemente dele - generosas, PINHEIRO MACHADO ADORAVA OUVIR ESTÓRIAS ENGRAÇADAS, ANEDOTAS, CONTOS POPULARES, MITOS INDÍGENAS, RELATOS FOLCLÓRICOS E ASSIM POR DIANTE (ele era muito forte, no Brasil, mas sob o aspecto GOSTAR DE ESTÓRIAS SIMPLES, era como um de nós, os fracos, que não conseguimos, aliás, tirar Arruda do Governo do DF).

A resenha, na íntegra, é a seguinte, sendo que seu feliz autor é Deonísio da Silva.

(*) - Essa estória será recontada aqui de forma seguida, não por "masoquismo", nem por falta de patriotismo, mas por respeito ao guia turístico do Estádio Mário Filho (um servidor público que se transformou em ator-locutor internecional), o Maracanã, que, todos em todos os dias em que há visitações extradesportivas (turísticas) ao MAIOR DO MUNDO - eis o patriotismo nosso, evidente! - narra o gol de Gigghia. Se ele faz isso em várias línguas (AGRADANDO ENORMEMENTE AOS NOSSOS QUERIDOS, ENDINHEIRADOS E MUITO CONSUMISTAS TURISTAS ESTRANGEIROS, mas também aos muitíssimo estimados - endinheirados ou não - compatriotas-turistas de outras cidades do Brasil), porque não poderei eu fazer algo semelhante, mutatis mutandis, aqui, pelo menos uma vez por semestre, se Deus não me levar antes? (Mas muito se falará, também, das vitórias brasileiras, especialmente aquela que foi devidamente cristalizada no gol de Carlos Alberto [Carlos Alberto Torres] na final do tricampeonato de 1970 (as "patrulhas" que acham que isso foi usado pelos horrendos gorilas de 64 que se danem, os gorilas vão, o gol fica...), obra de arte futebolística sem igual na história do futebol mundial (considerado, também, o contexto da realização do chute), que se seguiu a um passe memorável de Pelé, ato performático-"real" que parecia "a última criação do Genesis", quando foi aquele gol de placa, na gíria amazonense, "furado", na Cidade do México, na final magnifica em que Pelé e Tostão também estavam em campo [permitam-me dizer também: e com Brito, Gérson e Jairzinho, os três do BOTAFOGO, também em campo!] A CRIAÇÃO DE DEUS ALI ENCONTROU SEU PONTO FINAL (pela perfeição do ato artístico-desportivo), considera o responsável por esta modesta Coluna. Para os ateus - que eu respeito, ainda que não seja um deles - diga-se que A CRIAÇÃO NATURAL DO ACASO ali chegou a um "pico", o MAIOR DE TODOS, de criatividade atlético-desportiva: sobre esse assuntos, aliás, especialistas serão entrevistados para que suas abalizadas opiniões sejam aqui divulgadas, uma vez que não sou especialista em futebol, apenas apreciador eventual.)

 

"PINHEIRO MACHADO
O crime ressuscitado

Por Deonísio da Silva em 25/5/2004

O senador Pinheiro Machado, assassinado no Rio, em 1915, aos 63 anos, é o personagem solar do novo romance de Sinval Medina, A Faca e o Mandarim. É de leitura imperdível e será uma pena se for conhecido apenas dos leitores de nossos indispensáveis suplementos literários, pois ilumina a vida política brasileira a partir de um mirante privilegiado e interessa a todos.

Os jornais de 9 de setembro, resumiam o crime político do dia anterior, cometido ao redor das 16h30, quando o senador descia as escadas conversando em companhia de amigos. Como diz Millôr Fernandes, ontem se escrevia "hontem" e hoje se escrevia "oje". E vieram as pinceladas que chamavam a atenção dos leitores:

"O general Pinheiro Machado foi, hontem, à tarde assassinado no saguão do Hotel dos Estrangeiros. O criminoso, natural do Rio Grande do Sul, foi preso, declarando ter agido por conta própria. O que dizem as testemunhas de vista da trágica scena. As Forças de terra e mar estão de promptidão".

A Gazeta de Notícias descreveu assim o trágico acontecimento, em sua edição de 9 de setembro de 1915:

"Deixando o Senado, S.Ex. tornou a tomar o seu automovel para fazer varias visitas, entre as quaes uma ao sr. dr. Rubião, chegado de S. Paulo e que se hospedara no Hotel dos Estrangeiros. Era a fatalidade do destino a chamal-o ao ponto onde o esperava a morte!

Chegando ao vestibulo do Hotel dos Estrangeiros, o vice-presidente do Senado encontrou os srs. Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade, deputados federaes pelo Estado de S. Paulo.

Dirigindo-se a esses cavalheiros o sr. general Pinheiro Machado, convidou-os, galhofeiramente, para subirem aos aposentos do dr. Rubião Junior, "afim de visital-o e ouvirem historias engraçadas", phrase textual, proferida pelo senador rio-grandense.

Os srs. Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade, seguindo uma versão subiram, ladeando o Sr. Pinheiro e recusaram-se subir consoante outra versão, dizendo em tom de pilheria: – Suba você sosinho...

O facto é que o sr. Pinheiro Machado foi apunhalado pelas costas, quando atravessava o saguão para entrar na sala do hotel.

O assassino, ao que parece, não conhecia o general Pinheiro Machado, tanto assim que perguntou a uma pessoa presente quem era o vice-presidente do Senado Federal.

Ao sentir-se ferido, mortalmente, o sr. Pinheiro Machado, desceu tranquillamente as escadas e, encaminhando-se para a sala de visitas do hotel declarou estar ferido, sentando-se em uma cadeira, e expirando minutos após.

Como é natural, o assassinato do vice-presidente do Senado divulgou-se com extrema rapidez e o Hotel dos Estrangeiros enchia-se de amigos e correligionarios de S. Ex.

A primeira pessoa que chegou ao Hotel dos Estrangeiros foi o sr. ministro da Justiça, que estava ligeiramente enfermo.

Ferindo mortalmente o sr. Pinheiro Machado, o seu assassino, desceu as escadas e entregou o punhal homicida ao sr. Cardoso de Almeida. (...)"

"As difficuldades do paiz"

Mudou mais do que a ortografia nesses quase 90 anos que nos separam de mais um célebre crime político. A nossa proclamada cordialidade de vez em quando é assaltada por esses espasmos e recorremos, não à habitual conciliação de nossas elites, mas ao braço armado. No atacado, com as revoluções. E no varejo, com crimes, alguns dos quais sepultados para sempre com seus mistérios.

No caso do senador Pinheiro Machado, o assassino foi identificado rapidamente. Ele apunhalou o senador pelas costas. Seu nome: Francisco Manso de Paiva Coimbra. O maior medo que disse ter era ser executado na Casa de Detenção porque sabia que o diretor era amigo do senador. O Brasil! Ontem como hoje, as relações parecem valer mais do que as leis.

O Século, no mesmo dia 9 de setembro de 1915, não deixa dúvida sobre a agilidade dos jornais há quase 90 anos! Observe-se a abertura do texto.

"A hora adiantada da tarde em que foi perpetrado o assassinato do senador Pinheiro Machado, quando já havia saido a nossa segunda edição, só nos permittiu que em uma terceira edição dessemos em rapidas notas a noticia confirmadora do crime, quando ainda não se sabiam os pormenores da scena de sangue. Passamos por isso, a narrar, em breves linhas, como occorreu o crime.

O senador Pinheiro Machado chegava, de automovel, ao Hotel dos Estrangeiros onde ia visitar o dr. Albuquerque Lins, ex-presidente de S. Paulo. Nesse momento encontravam-se na portaria os deputados Bueno de Andrade e Cardoso de Almeida, que chegara pouco antes.

Conversavam os dois congressistas quando viram o senador Pinheiro que interrogava o porteiro do hotel. Cumprimentaram-se os tres politicos. O sr. Cardoso de Almeida interrogou o general Pinheiro Machado: – Sr. chefe, como passa? O general respondeu brincando com esta expressão: – Adeus bacharel. Você como vae?

O sr. Cardoso de Almeida declarou, então, sabedor de que o seu collega Bueno de Andrade não encontrara o dr. Rubião Junior, que tambem o dr. Albuquerque Lins se acha hospedado no hotel, o general Pinheiro Machado asseverou que ali fôra visital-o.

O senador Pinheiro recebeu então communicação de que o dr. Albuquerque Lins o esperava. O sr. Cardoso de Almeida quiz se retirar para os seus aposentos, mas diante do convite insistente do sr. Pinheiro Machado, resolveu acompanhal-o.

Ladeado pelos dois deputados, encaminhou-se o general do saguão para o interior do hotel. Ao se approximarem o general e os dois companheiros do salão de leitura no hotel, um individuo apunhalou pelas costas o chefe do Partido Conservador. Este virou-se, rapidamente, e exclamou, com indignação: – Canalha!

O assassino saiu a correr para a praça José de Alencar. O dr. Bueno de Andrade, que não comprehendeu, ao primeiro momento a gravidade do facto, não presumindo que o general Pinheiro Machado houvesse sido ferido, interrogou:

– Que quer dizer isto?

– Estou apunhalado, respondeu o senador Pinheiro.

O sr. Cardoso de Almeida saiu em perseguição do aggressor, em companhia de outras pessoas, prendendo-o logo adiante, sem a menor resistencia e confessando elle o crime.

Dentro do hotel o senador Pinheiro Machado caiu sem pronunciar mais palavra alguma, expirando pouco depois, sendo inuteis os soccorros que lhe prestaram. (...)".

E A Tribuna seguiu com diapasão semelhante, ressalvadas em itálico, pelo signatário que transcreve estas linhas, a crítica que ousou embutir:

"Foi um verdadeiro estupôr a sensação que causou, ao cahir da tarde de hontem, a noticia do assassinato do sr. general Pinheiro Machado, vice-presidente do Senado e chefe do Partido Republicano Conservador.

O barbaro, o hediondo crime de hontem relegou para um plano muito remoto todas as cogitações partidarias em torno do valoroso vulto republicano que cahia victima da sanha de um facinora. Crimes como o de hontem envergonham uma sociedade inteira, ao mesmo tempo em que a enxovalham e ameaçam no que ella tem de mais nobre e mais elevado.

Pode-se affirmar sem receio de exaggero que o gesto estupido que roubou a vida do general Pinheiro Machado não encontrou duas modalidades diversas de julgamento.

A sociedade affrontada por essa erupção de barbaria inqualificavel, foi unanime na indignação que verberou o scelerado que descera á pratica daquella hediondez sem nome. O que revolta particularmente no crime de hontem é o risonho cynismo desse monstro humano, que vinha seguindo semanas a fio, a sua nobre victima, espreitando o momento propicio para traiçoeiramente, cravar-lhe o punhal pelas costas!

Quiz a ironia do destino que o general Pinheiro Machado, homem cavalheiresco e altivo e possuidor de qualidades excepcionaes de coragem, experimentadas em muitos campos de batalha e em varias pendencias de honra, viesse cahir victima de um braço covarde e traiçoeiro, a serviço da loucura de um cerebro inculto. As ultimas palavras do illustre vulto republicano mostram que elle apezar da fulminante rapidez da scena, percebera nitidamente o alcance do que succedia: – Ó canalha!

E nesta expressão, que precedeu de segundos as duas ultimas palavras que pronunciou, resumia-se todo um infinito desprezo pelo abjecto assassino que lhe cravara no coração a fina lamina de um punhal reluzente...

Não ha, em toda a sociedade, como diziamos, duas maneiras para julgar o assassinato do general Pinheiro Machado. Mesmo seus adversarios politicos mais intransigentes ververaram com indignação a criminosa loucura desse facinora que enxovalhou a nossa civilisação, dando largas aos seus instinctos selvagens e repugnantes.

Não é este ainda o momento para falar da verdadeira significação politica do assassinado no complexo da vida nacional. A historia, expurgando-lhe a figura dos erros que commetteu, ha de fazer-lhe justiça, colocando-o na plana dos seus melhores e mais devotados servidores.

Mas o que parece innegavel é que o crime de hontem pode aggravar de muito as difficuldades do paiz. (...)

Vaticínio cumprido

Natural de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, o senador era conhecido como "o chefe". E nos embates parlamentares tinha como oponente principal "o mestre", como era alcunhado Rui Barbosa. O primeiro era conservador. O segundo, liberal. Eram as duas grandes forças antagônicas na vida política do período, a República Velha.

Sinval Medina dá idéia precisa do cotidiano do famoso político:

"Todo santo dia. Chova ou faça sol. Um entra-e-sai interminável. Políticos. Jornalistas. Amigos. Tudo gente em busca de ajuda. Emprego. Cartas de recomendação. Dinheiro. A inana começa antes do almoço e só termina após as dez da noite. Alguns comparecem por dias seguidos, contritos como se fossem à missa".

O século que nos daria o sacerdote e o feiticeiro, como Elio Gaspari qualificou respectivamente os generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, gaúchos como Pinheiro Machado, tinha pouco mais de uma década de vigência quando a República, consolidada depois das guerras fratricidas, encontrava em figuras como o senador, Júlio de Castilhos e Assis Brasil, alguns dos seus maiores expoentes.

"O senador dá mais audiência do que o presidente da República", afirma o narrador. O jornalista Custódio de Paiva Lima, prestes a se aposentar, tira licença de três meses para escrever suas memórias, ainda que não goste de escrever. Este é o recurso narrativo de que se serviu o autor.

A princípio, de acordo com os registros da época, creditou-se o assassinato a um complexo, sinistro e misterioso complô. O tempo demonstrou que o senador de tantos inimigos morreu apunhalado por um indivíduo que não o conhecia, que praticou o crime sem ordens de ninguém, apenas por suas desordens interiores. Ele sofria das faculdades mentais, como era moda dizer no período. Seu sobrenome, uma ironia: Manso. Sua profissão: pedreiro. Morava sozinho numa pensão.

Era preciso coragem para lançar um romance de 600 páginas. E Pedro Paulo de Sena Madureira, que sempre utilizou como critério a qualidade dos textos, acolheu na editora A Girafa o original de uma autor a quem os alemães incluíram, ainda na década de 1980, na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, como um dos romancistas brasileiros que mais prometiam. Pois está cumprindo o vaticínio feito na Europa, distante de nossa vida intelectual, às vezes tão vulnerável a paróquias insensatas". (DEONÍSIO DA SILVA,  

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=278AZL001)

 

LEIA, DO ROMANCISTA SINVAL MEDINA, A faca e o mandarim!

VISITE SANTO ÂNGELO, NO RIO GRANDE DO SUL - e se puder, estique sua viagem até São Miguel das Missões, que não fica longe de Santo Ângelo, onde (São Miguel) há as ruínas da Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo, expressão máxima daquilo que Voltaire denominou "o triunfo da civilização", triunfo completo esse que foi, como todos sabemos, liquidado pelo Tratado de Madri, de 1750, estabelecido entre os assustadores Reinos de Portugal e da Espanha (problemas muito bem mostrados no filme THE MISSION, A Missão, com Robert de Niro e outros figurões hollywoodianos): ENTRE OS BANDEIRANTES PAULISTAS E OS PADRES E GUARANIS DO TAPE (Rio Grande do Sul), esta Coluna fica com os jesuítas e com os índios, naturalmente. 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARTAZ MAGNÍFICO NO QUAL APARECE PADRE

JESUÍTA CAINDO, NAS CATARATAS DO IGUAÇU,

AMARRADO NUMA CRUZ: como os corajosos

e tementes a Deus jesuítas protegeram os bravos

guarani dos violentíssimos bandeirantes de

São Paulo - e já produziam lucro, nas reduções -,

OS REINOS DE PORTUGAL E DA ESPANHA LIQUIDARAM

O QUE ESTAVA DANDO CERTO, mas eles, os Reinos

citados, NÃO ESCAPARAM DESSE FILME, repleto

de erros históricos, mas com mensagem de fundo

mais do que correta: CORRETÍSSIMA A "MENSAGEM

DO FILME", não os detalhes de "primeira" ou "segunda

fase" de edificação das reduções etc; (douta opinião

haurida de um erudito espanhol-paraguaio, que em julho ou

agosto de 2006 proferiu conferência magistral na URI - centro

universitário particular com núcleo de estudos missioneiros

de renome internacional - de Santo Ângelo, a que tivermos o privilégio

de assistir, OCASIÃO EM QUE PERGUNTAMOS A ELE,

o Padre Bartolomeu Melià - um sábio amigo

do Brasil, que fala português sem sotaque espanhol -,

o que achara do espantoso e simultaneamente

ANTICOROALUSA e ANTICORAESPANHOLA

filme A MISSÃO).

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

A FIGURA DO PERSONAGEM INTERPRETADO PELO MEGASTAR HOLLYWOODIANO

ROBERT DE NIRO LEMBRA, em razão de estar barbado e usar "manto de profeta", A DE

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, nesse momento do filmeTHE MISSION: observe-se

há índios, padres, arcos e flechas no segundo plano. NESTA COLUNA, VOLTAR-SE-Á

SEGUIDAMENTE - de forma quase irritante, pela repetitividade com que isso

será feito - À SAFADEZA MORTAL QUE PORTUGUESES E ESPANHÓIS FIZERAM

COM NÃO SÓ COM OS COMANDADOS DO TUXÁUA SEPÉ TIARAJU, MAS COMO

TODO O POVO DAS REDUÇÕES JESUÍTICO-GUARANIS (a propósito, como se sabe,

Sepé Tiaraju é "cria" militar do Gen. NICOLAU NHENGUIRU, índio); Sepé e Nhenguiru:

heróis militares - no sentido, também de militar ocidental, graças ao treinamento a

ele oferecido por certos padres que, anteriormente, haviam sido soldados, na Europa -,

herois militares esses que, a despeito de certa tendência a esconder isso, são grandes

vultos da História Pátria brasileira e da assim chamada República Guarani, da qual

uma parte - naquele tempo denominada TAPE - hoje pertence ao ESTADO DO RIO GRANDE

DO SUL.

 (A LEGENDA É DESTA DESPRETENSIOSA COLUNA, MAS A FOTO DE CENA DO

FILME ESTÁ, NA WEB, EM: http://www.guardian.co.uk/film/2009/jul/30/reel-history-the-mission-deniro)

[TENHO, GRAÇAS A DEUS E AO PRIVILÉGIO DE PODER VIAJAR (de ônibus) AO RIO

GRANDE DO SUL, LIVRO COM  DEDICATÓRIA DO PROFESSOR DOUTOR MELIÀ, naquele d

ia colhida NO GLORIOSO ESTADO GAÚCHO

[sou carioca, mas só votava eu em gaúcho: NO SAUDOSO O ENG. LEONEL DE MOURA

BRIZOLA, que, dizem, "também era caudilho":  ALGUÉM VOTOU EM BRIZOLA, pois, DE

OUTRA FORMA... como ele teria sido eleito duas vezes governador do RJ?].

 

SAÚDE E VIDA LONGE AO GRANDE PADRE MELIÀ, QUE HOJE TEM 77 ANOS DE IDADE, o amigo dos guarani do Tape!

 

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VERBETE 'Bartolomeu Melià' (Wikipédia) 

 

"Bartolomeu Melià

Bartolomeu Melià (Porreres, 1932) é um jesuíta e antropólogoespanhol.

Radicou-se no Paraguai em 1954, onde iniciou seus estudos da língua e da cultura Guarani tendo o padre Antonio Guash como primeiro professor.

Tornou-se doutor pela Universidade de Estrasburgo em 1969 com a tese A criação de uma linguagem cristã nas missões dos guarani no Paraguai, tornando-se discípulo e colaborador de León Cadogan.

Ex-professor de etnologia e cultura Guarani da Universidade Católica de Assunção e presidente do Centro de Estudos Antropológicos desta mesma universidade. Diretor das revistas Suplemento Antropológico e Estudios Paraguayos, até 1976, quando foi obrigado a sair do país após repudiar publicamente o massacre sistemático dos Ache-Guayaki.

No Brasil desde 1977, alternou a investigação científica com o trabalho de indígenista primeiramente entre os Enawene-nawé do Mato Grosso do Sul. No Paraguai alternou seus trabalhos de campo entre os Guarani e suas investigações em etno-história e etno-linguística.

Participa ativamente de diversos programas de educação intercultural bilingüe tanto no Paraguai com na Bolívia, Brasil e Argentina. Atualmente é membro da Comissão Nacional de Bilingüismo do Paraguai.

Obras

  • El guaraní a su alcance (Bartomeu Melià, Luis Farré , A. Perez) 1995.
  • El guaraní conquistado y reducido. Ensayos de etnohistoria (Bartomeu Melià) 1993, 301 pgs.
  • Elogio de la lengua guarani(Bartomeu Meliá) 1995, 179 pgs.
  • El Paraguay inventado (Bartolomeu Meliá), 1997, 131 pgs.
  • Gua'i rataypy - Fragmentos del folklore guaireño (León Cadogan; de. preparada por Bartomeu Melià) 1998, 177 pgs.
  • Guaraníes y jesuitas en tiempo de las misiones. Una bibliografía didáctica (Bartomeu Meliá-Liane Ma. Nagel) 1995, 305 pgs.
  • Ko'êtî (Bartomeu Meliá) 1973, 41 pgs. edición.
  • Arte de la lengua guaraní (1640) (Antonio Ruiz de montoya) Edición Facsimilar con introducción y notas por Bartomeu Melia, S. I. Transcripción actualizada del texto original por Antonio Carballos, 1993, pgs307
  • Educaçao indígena e alfabetização (São Paulo 1979).
  • La lengua guaraní del Paraguay: Historia, sociedad y literatura (Madrid 1992), 340 pgs.
  • La agonía de los ache-guayaki Assunção (1973).
  • Ka'akupeñe'ê renda; ñande paî-tavytera ñande paraguaipe Pedro Juan Caballero (1973)". (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_Meli%C3%A0

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BARTOLOMEU MELIÁ: ele entende de REPÚBLICA GUARANI

como ninguém!

[A LEGENDA É DESTA COLUNA, MAS A FOTO EM QUE O EMINENTE

Pe. MELIÀ APARECE, COM MAPA DA AMÉRICA DO SUL AO FUNDO,

ESTÁ, NA WEB, EM:

http://publique.rdc.puc-rio.br/jornaldapuc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=158&sid=20&tpl=printerview, onde consta a seguinte legenda:

"O espanhol Bartolomeu Meliá, S. J., explica as missões jesuítas"]

 

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SEPÉ VIVE!

SALVE A RESISTÊNCIA GUARANI NO TAPE!

REVERENCIADA SEJA A MEMÓRIA DO GENERAL NHENGUIRU!

(Foto - sem a legenda acima digitada - em:

http://www.gentedanossaterra.com.br/sepe_tiaraju.html)

BREVEMENTE, AQUI: as pressões que possivelmente levaram Jeanine Deckers,

a Irmã Sorriso, ao suicídio, em 1985 [Trata-se da compositora e cantora da música

"DOMINIQUE-NIQUE-NIQUE", na letra (lirics) da qual os albigenses, que foram

massacrados pela Igreja no Medievo, "não entram muito bem na fita"... mas... não faz

mal: é quase mania ficar falando disso! Contam-se e recontam-se certas estórias

tristes, infelizmente... É POR ESSA INSISTENTE recontação QUE TAIS RELATOS

"VEM PRA CÁ"!]

 

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GALERIA DE FOTOS DE CRIANÇAS FELIZES (II)

MENINO E MENINA FELIZES CUJOS PAIS POSSIVELMENTE SÃO CHINESES, FELIZES, BRINCANDO NA PRAÇA: eles nada têm de mandarins!

(http://rs.quebarato.com.br/classificados/curso-de-chines-ingles-em-2-anos-prof-chan-mandarim-poa-nh__1174308.html)