Passa a vida

Nisia Nobrega


Era o rio?
Era a vida?
Era a ponte? era o lago?
Era o beijo? era o sonho?
Vibração de ternura em nossas mãos unidas
sobre o rio, sobre a ponte,
sobre a espera, sobre o lago.
Angústia de solidão,
nas nossas almas incomunicadas.
Azul tremor de frio no silêncio.
Por onde o impulso do desejo vago?
Passa o rio,
Passa a vida,
Onde a ponte?
Era o amado?


Nossa Querida Amiga Nísia Nóbrega faleceu no ano 2.000. O câncer a destruiu. Era uma mulher bonita, sabia receber, sabia conversar, escrevia muito. Nisia tinha uma qualidade rara: tinha grandeza. Nasceu em Mamanguape (foto), Paraíba, no dia 1 de maio de 1928, filha de uma família de ricos fazendeiros. Seu pai, porém, tomado de uma certa depressão, vendeu suas terras e trouxe a família para o Rio de Janeiro, onde tudo perdeu e onde veio a falecer. Assim a mãe teve de “costurar para fora”, como se dizia, e logo colocou o filho no Exército e Nísia tornou-se professora primária, e depois professora da Escola Normal. Quando do governo militar, seu primo Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação, transferiu-a para a Rádio MEC onde Nísia teve um programa de entrevista durante muito tempo. Foi diplomara do Brasil no Chile e casou-se tardiamente com um empresário, um editor estrangeiro. Sabia receber, sabia valorizar o trabalho do outro, tinha uma qualidade rara: tinha grandeza. Escreveu vários livros de poesia, como Nos braços leves do vento (1951); Rosa distante (1953,); Completamente amor (1961); Ramo da saudade ( 1965, poesia); Isla-sin-raices (1971); Na flor da correnteza (1979), Mamanguape e muitos outros. Faleceu em 2.000. Camargo Guarnieri musicou seu poema Intermezzo em 1973. Escreveu estórias infantis, cronicas sobre a vida carioca.