Parangolé

Cunha e Silva Filho

                              Na breve e esclarecedora “Introdução” a esta pequena narrativa pitorescamente intitulada Parangolé (termo que significa lero-lero, conversa fiada, lábia etc.) que leva um subtítulo não menos curioso, se visto pelo lado de classificação genológica – pararromance – para mim, poderia, sem muito esforço teórico-conceitual de narratividade, apenas denominar-se “romance histórico.” Classificar, entretanto, esse tipo de narrativa empregando outras denominações conhecidas de estudiosos desse gênero híbrido, entre as quais “narrativa de extração histórica”, “narrativa histórica”, “metaficção historiográfica,” “novo romance histórico,” para o estudioso do assunto, Antônio R. Esteves, “.. tem pouca relevância.” 
                              Adrião Neto, novamente me surpreende com sua predileção por temas da História do Piauí. Na realidade, não o situaria como historiador no sentido profissional do termo, cujo exemplo maior no Piauí seria Odilon Nunes (1899-1989) mas como um incansável intelectual e pesquisador de tudo aquilo que envolve o Piauí cultural, especialmente sua arqueologia histórica, a formação de seu povo, sua etnia, seus conflitos coloniais e do período emancipacionista do povo piauiense em relação à Coroa Portuguesa, que culminou com a sangrenta Batalha do Jenipapo. Adrião Neto pesquisa - não há dúvida - de forma séria a História do Piauí, mas principalmente o faz, a meu ver, para dela aproveitar-se como material necessário à sai produção ficcional. 
                            É o que aconteceu com Parangolé, aliás, uma versão atualizada, mais ampliada, mais abrangente e mais ambiciosa do que lhe fora o romance histórico de base indianista Eterna aliança . Nesta nova edição, houve uma profunda reformulação em relação à primeira, que se limitava a ser uma fabulação restrita aos atritos entre pescadores do litoral piauiense de Amarração e os índios Tremembés e entre estes últimos e os Camelos, antigos inimigos. A versão antiga reunia característica de literatura infanto-juvenil pela simplicidade da linguagem e pelo didatismo de levar conhecimento histórico sobre o passado do Piauí, no tocante a grupos indígenas, particularmente a leitores daquelas duas faixas etárias.
                          Na nova edição, o autor incorporou à história indígena a história da luta pela independência dos piauienses diante dos adversários lusos. Ao fazer isso, contudo, adequou a nova versão a um nível de linguagem mais ousado em termos de usos da fala dos personagens, i.e., sujeito do enunciado e, desta maneira, elevou o nível de leitores a faixas de final da adolescência a adultos. Ao contrário da primeira versão, que apresentava um glossário apenas lexical e para os níveis de leitores visados, a segunda versão deu um mexida no código linguístico, estendendo o uso da língua a frases e expressões mais complexas e, por vezes, desconhecidas em geral dos leitores, segundo mais adiante apreciarei.
                           Este seria o primeiro tema de Paragolé. O segundo tema prende-se às animosidades entre duas tribos indígenas, os Camelos e os Tremembés e bem assim entre estes e a comunidade de pescadores liderada pela figura destemida do mestre Martim Pescador. A refrega entre pescadores e os índios Tremembés começou após a morte de Vaga-Lume que, segundo os pescadores, teria sido morto para vingar um índio que tinha invadido um quintal do “tio Gerado” – o primeiro ‘cristão’ a ter negócio com a produção de sal em Amarração - e roubado cajus. Um pescador, de nome Pintado, havia presenciado tudo e saiu em perseguição do índio e o feriu com um tiro de espingarda no traseiro, ou, com o diz a linguagem pitoresca e maliciosa do narrador, no “mucumbu”. O índio, todavia, não morreu.
                      Sua mais recente obra, o mencionado pequeno romance Parangolé, que ora tenho o prazer de prefaciar, só vem reafirmar as qualidades e valores deste escritor compromissado com o seu papel de, pelo universo ficcional, iluminar outros ângulos do passado da civilização piauiense sem ficar, todavia, preso à historiografia oficial. 
                     Já há muito tempo conheço o trabalho intelectual de Adrião Neto de que é exemplo edificante a sua valiosíssima contribuição no gênero de obras de referência. Refiro-me ao seu indispensável Dicionário biográfico escritores piauienses de todos os tempos . Deduzo, pelo tempo, que minha edição impressa esteja bem desatualizada. Contudo, é-me ainda um vade-mecum que tenho sempre ao meu alcance para consulta. Talvez, no gênero e no seu formato, seja o melhor trabalho que se viu até hoje publicado no Piauí. Merece uma boa edição atualizada e impressa. Há uma versão desse dicionário na Internet, mas não é tão boa quanto a impressa nem tampouco está atualizada.
                    Sua experiência de muitos anos de autor didático, aliada a seu tirocínio no ofício da escrita, deu-lhe instrumental técnico bastante para saber fisgar o leitor seduzindo-o para acompanhar com entusiasmo renovado o que ele narra sobre fatos reais da história pretérita de sua terra e entrelaçá-los com equilíbrio e maestria, movimentando personagens, colocando-os em conflitos, unindo-os pelo sentimento amoroso e sabendo, ademais, deles extrair momentos de grande beleza e também de tragédia incontornável, mergulhando todos nós leitores num universo de possibilidades de vidas e de vivências diversas com muita força de autenticidade na recriação de fatos históricos e de fatos criados pela imaginação. Ao construir esta narrativa de cunho histórico, tanto na acepção política, quanto no sentido de selecionar seu campo de imaginação propriamente dito, ele faz uma inteligente divisão: utiliza-se do discurso histórico e do discurso ficcional numa estratégia de diegese quase em contraponto.
                   O resultado é a composição de uma breve história desenvolvida com equilíbrio e boa performance narrativo-descritiva. Creio, além disso, que o autor artisticamente mais se realiza quanto volta sua diegese para o tema indianista, para a fabulação entre os rivais Camelos e os Tremembés. Com isso, ele impede que o leitor, adulto ou adolescente, abandone o livro, uma vez que vai, naquele quase contraponto, mas sem prejudicar a unidade interna da obra, relatando as peripécias preparatórias da sangrenta Batalha do Jenipapo com o evoluir das rivalidades e tragédias das tribos dos Camelos e dos Tremembés.
                 O romance assim, instrui e ensina sobre a História do Piauí nas guerras da Independência, em particular narrando cuidadosamente todos os principais passos dados por separatistas e pelas tropas portuguesas sob o comando de Fidié. Por aí desfila uma colossal lista de nomes que se tornaram figuras emblemáticas naquele tempo de lutas pela independência do Piauí, até mesmo indígenas, como o lendário Manu Ladino, o alferes, cientista e poeta Leonardo de Carvalho Castelo Branco, célebre pelo seu invento do “moto-contínuo” e pelo seu alto preparo em mecânica, astronomia, física, Simplício Dias da Silva, de militares e de autoridades, comerciantes e homens do povo transitando no espaço da diegese de modo a propiciar uma visão bem pormenorizada de fatos e de acontecimentos dos dois lados rivais, onde claramente se vai entendendo os diverso impasses, os receios, as hesitações, as fraquezas e o heroísmo dos separatistas em relação às tropas portuguesas, sendo estas narradas negativamente, quer dizer, o narrador, em terceira pessoa, bipartido em dois ambientes da narrativa geral, descreve ou sobretudo relata as ações das forças portuguesas em lances que fazem mais sobressair a violência, a devastação e o autoritarismo.
               No contraponto entre a narração das ações das tropas lusas e os separatistas, o discurso histórico ganharia mais desenvoltura se o narrador empregasse o recurso do diálogo acoplado à descrição, narração e ao diálogo num recorte de um enredo tal qual existe no contraponto de história ambientada no espaço da comunidade de pescadores com o hábitat dos índios, de resto, muito bem utilizado pelo autor na organização da trama entre as duas tribos inimigas e da mesma maneira que o fizera na primeira versão com o título Eterna aliança. Aqui é onde o romance se encontra com o espaço e tempo livres para a estrutura do enredo, das personagens e sobretudo das ações e diálogos, Aqui também a história se realiza como ficção, na qual a instância narrante encontra sua liberdade e a sua adequada forma de linguagem literária, como criação, memória e imaginação.
              É nessa liberdade de escrita que na obra vemos a natureza, a flora, a fauna, a paisagem, descritas com alto senso estético e domínio técnico que ressoam, nos interstícios da linguagem, os ecos da ficção alencarina, notadamente de Iracema (1865), de O guarani (1857).
              Outro dado digno de observar neste aspecto da composição de Parangolé é mais uma ressonância de natureza intertextual com a obra poética indianista de Gonçalves Dias. Tanto na ficção de Alencar quanto na poesia gonçalvina, o leitor avisado pode depreender esse traço neo-romântico entrevisto nos pares românticos Mulanga-Jacira e Irajara-Janaína. Como se vê, os dois pares são frutos da fatalidade do amor de jovens separados por intrigas entre tribos, não esquecendo de que, no par Mulanga-Jacira, Mulanga é um jovem valente e herói da comunidade de pescadores do litoral piauiense.
            Tipos, portanto, de amantes que lembram a história de Romeu e Julieta (c. 1596) de Shakespeare, pelas circunstâncias de inimizades entre famílias. Só que em Parangolé, por pouco houve um fim trágico, representado pela morte de Mulanga. Entretanto, no epílogo do relato, com a morte também de Janaína, Jacira, que já fora noiva prometida a Irajara, com este se casa. Retoma-se o equilíbrio entre Camelos e Tremembés através do que o narrador chama de “Eterna Aliança”. Macijara, filha de Jacira e Mulanga e Guaraci, filho de Irajara e Janaína, desde a infância tornaram-se amigos. Ou, como melhor salienta o narrador, “como se fossem irmãos consanguíneos.” A paz, nas comunidades de Amarração, de Itaqui e da Lagoa do Camelo, sob as bênçãos do padre Eduardo e dos pajés de ambas a tribos, é finalmente selada.. 
            Misturando história piauiense, folclore indígena e relatos sobrenaturais ( o da assombração de Salomé, a prostituta mais apreciada de sua comunidade, a mais requisitada do Porto da Rosa, em Amarrração, litoral piauiense), ou seja, elaborando seu romance com componentes híbridos, Adrião Neto bem percebe que está fazendo um romance histórico não subordinado a paradigmas rígidos dos romances de Walter Scott, considerado seu fundador
            Faz sua opção  por estes temas  e os adapta  ao   gênero  do roman ce histórico que, nos tempos atuais, tem-se mostrado de diversas formas, inclusive na sua feição pós-moderna  de construção  ficcional e de   linguagem e, por isso, têm angariado a simpatia do mercado, ávido por vender esse  tipo  de romance com fatos históricos e personagens que existiram e que ali estão falando e agindo diante dos leitores, enfadados do presente real insosso, “... desejo de fuga de um cotidiano hostil..” em tramas cheias de emoções de lances dramáticos, ainda que, no exemplo de Parangolé, a parte histórica se realize apenas pela narrador funcionando praticamente de forma objetiva e impessoal. Exceção feita  apenas àquela passagem da viagem dos padres já bem próximos dos seu lugar de chegada, ou quando fala da figura do burocrata, musicista e compositor Renato Aleixo que, embora em narrativa impessoal, consegue dar ao leitor a impressão de uma figura viva, que pensa e age na representação ficcional. As outras figuras, no entanto, são descritas ou narradas com aquela impessoalidade de que já falei, não chegam a atingir o estatuto de personagens. 
          O gênero do romance histórico, cuja obra inaugural é o romance Waverly ( 1814), de Walter Scott, se difundiu pela Europa e pela América. Em Portugal, teve como um dos principais cultores Alexandre Herculano, com obras como Euríco, o presbítero (1844), O monge de Cister (1848) entre outras; no Brasil, no Romantismo, teve seu extraordinário cultor do gênero em José de Alencar, em obras magníficas como Iracema (1865), O guarani (1857), As minas de Prata (1862-1866) Guerra dos mascates ((1873), Ubirajara (1874).
        Não é, porém, intenção deste ensaio aprofundar os traços mais significativos do romance histórico, nem tampouco registrar as diversas classificações de autores estrangeiros como de autores brasileiros que já publicaram bons estudos nesta área.
        Entretanto, não posso fugir a um pormenor. Parangolé inclui alguns elementos do novo romance histórico que dizem respeito à linguagem literária: a) utilização do código lingüístico (registros) no discurso literário; b) no emprego bem discreto da intertextualidade no discurso histórico; c) em pequena intervenção localizada no discurso histórico.; d) na questão da trama ou do plot, quando o autor repisa o idealismo amoroso do Romantismo através das duas grandes influências da vertente indianista; Vejamos cada um desses elementos:
a)   Os registros linguísticos são respeitados de acordo com a fala das personagens. Por exemplo, o discurso dos padres Eduardo e Francisco seguem a normatividade culta, permitindo-se aqui também concessão ao coloquial. Da mesma sorte, para os personagens pescadores e os índios, o registro alvitrado pelo narrador procura mimeticamente apoiar-se no linguajar popular e numa quantidade grande de regionalismos ou expressões de sentido chulo ou pejorativos, assim como de ditos sentenciosos e de vocabulário proveniente da língua tupi adaptado à grafia portuguesa do Brasil.. 
         De resto, o que autor fez foi reproduzir a oralidade da fala dos personagens sem o propósito de transfigurá-la artisticamente, incorporando-a ao discurso do narrador através do sujeito do enunciado via diálogo, tal como o fizeram alguns ficcionistas do Pré-Modernismo, inclusive Lima Barreto no romance Clara dos Anjos (romance publicado em folhetim de 1923 a 1924)) com a diferença de que, na linguagem de José de Alencar, a fala dos personagens, dos índios, e dos colonizadores letrados permanece no nível culto e mesmo literário. Até nisso há idealização do estilo romântico.
        Essa foi uma maneira que para o autor serviria aos propósitos comunicativos da narrativa em sua modalidade dialogal. Ou seja, não elegeu ele uma narrativa pelo caminho do esteticismo ou recriação da linguagem dos personagens de pouca instrução ou ágrafos, conforme o fez exemplarmente Guimarães Rosa. Porém, cumpre frisar: num romance histórico e com componentes de outros gêneros, sobretudo o do discurso histórico, qualquer estilização seria improdutiva. Além disso, há outras expressões mais novas ou conhecidas de falantes até de outras partes fora do Piauí, principalmente hoje em dia com a difusão da televisão. O uso dela no texto tem efeito carnavalizado, empregando aqui o conceito de Bakhtin. Ora, esta intencional forma de utilizar certas expressões, se comparadas com a real forma linguística que, no passado do século 19 tinham, resulta numa desestabilização dos códigos linguísticos diacronicamente contrastados. Palavras ou expressões que hoje são correntes resultariam, no mínimo, hilariantes.
        Das diversas opções no uso da linguagem literária que a pós-modernidade põe à disposição do escritor de hoje, seja no romance em geral, seja no romance histórico em particular, penso que com mais esta obra Adrião Neto se houve bem e se desincumbiu plenamente da difícil tarefa da escrita ficcional.
b) Citação do livro Fernão Capelo Gaivota (1970). Romance de Richard Bach, inserindo um trecho bem significativo com respeito à natureza dessa obra plena de simbolismos: ‘vê mais longe a gaivota que voa mais alto.’
c) No final do capítulo 22, há um deslocamento da voz do narrador impessoal, naquele trechozinho no qual faz este comentário subvertendo a estrutura interna da diegese pelo enaltecimento do aspecto turístico do Lago de Sobradinho e da conhecida Lagoa do Portinho. Essa digressão indicia um anacronismo por parte da instância narrante, que é traço claro de pós-modernidade no romance histórico.

d) No encontro entre uma jovem e um jovem de tribos rivais, ou de um branco e uma índia em situação de rivalidade, retomando a forma de “amor à primeira vista, num esquematismo algo artificial desse despertar súbito do sentimento amoroso entre desconhecidos, levando os amantes a instantâneas trocas de beijos e abraços.Tal exemplo não deixa de manter um diálogo intertextual endoliterário onde a trama se deixa influenciar sobre situações semelhantes assentadas em textualidade pretérita: os romances brasileiros indianistas. O mesmo se poderia afirmar do discurso histórico que mantém um diálogo intertextual exoliteráio relativo a ações, fatos, lugares, datas, obras históricas, ensaios, artigos, livros didáticos, enciclopédias, personagens reais que tomaram parte ativa nos conflitos que culminaram na cruenta Batalha do Jenipapo. 
           Em Parangolé não há como passar ao largo a beleza de linguagem retratando a paisagem, por vezes áspera, por vezes açoitada pela ventos marinhos do litoral piauiense, paisagem diversificada e, portanto, cheia de surpresas na flora, na fauna, nos riachos, nas noites de luar, no pôr do sol, nas praias aprazíveis, dunas, em suma, numa natureza exuberante plantada no litoral do Atlântico. Por isso, louva-se no autor a capacidade, boa técnica descritiva e habilidade de organização da trama, em especial quando faz o corte narrativo para o ambiente da vida dos silvícolas e dos pescadores.
          Ainda no domínio da linguagem não há como negar-lhe uma intenção criativa em lidar com o aspecto social,, o espaço geográfico, o tempo romanesco, o domínio do material fartamente pesquisado em várias áreas humanas, o que faz do seu romance uma preciosa e indispensável fonte histórica, linguística, etnográfica, sociológica, político-ideológica que seguramente há de despertar o interesse de leitores tanto pelo valor instrutivo e estético da obra, quanto pelo material objeto de suas investigações naqueles saberes acima-nomeados.
         Finalmente, indisfarçável é seu empenho de valorização da linguagem, principalmente no que tange ao que o autor mesmo chama de “nordestinês” do qual seu texto está relativamente permeado.
Qualquer leitor que não seja piauiense - e mesmo que o seja -, ao se deparar com alguns termos ou expressões nos vivos diálogos, terá dificuldade de depreender seus sentidos e, para obviar essa dificuldade, é que Adrião Neto preparou um bom glossário, inserido no final da narrativa, de “termos e expressões regionais” e de tupinismos. Parangolé, pois, é um romance que se lê com gosto e também com um espírito crítico e de reflexão sobre o que, no passado da história piauiense, da sua formação como Estado brasileiro, houve de heroísmo e de covardia, mas também de humanidade e de verdade.

N OTAS:
 
 
1. ESTEVES, Antônio R. O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000). São Paulo: Ed. UNESP, 2010, p. 42.
2.  NETO, Adrião. Eterna aliança. Teresi na: Edições Geração 70, 2000.
3.] _____. Dicionário  biográfico escritorres piauienses de todos os tempos. Teresina: Halley S.A. 1995. Prefácio de Elmar Carvalho
4.  ESTEVES, Antônio R. Op. cit.,  p. 233..
5. AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de. Teoria   da literatura. 6 ed. Coimbra: Almedina, 1984, p. 629-630.
 
6. Idem, ibidem.