Evidentemente, não existe uma hierarquia, um ranking divino, em que o Todo-Poderoso resolvesse colocar e classificar, por ordem de merecimento, no seu panteão, os santos.

                É do conhecimento de qualquer cristão que todos nascemos para sermos santos. O Pai nos assegurou que, agindo segundo seus ensinamentos, nenhum homem deixará de gozar a felicidade plena, que será sentar, um dia, no trono dos eleitos.

                Imaginando-se que essa escalação pudesse existir, certamente, São Francisco ocuparia uma posição de destaque. Ele, por certo, ainda que o Salvador insistisse muito, não gostaria de aceitar um lugar especial no pódio. Acredito, verdadeiramente - até porque os santos assim o são em virtude de serem como são: seres desprovidos de vaidades mundanas, incapazes de desejar além do que já possuem; criaturas que escolheram fazer o bem e renegar o mal -, que muitos de seus colegas considerariam a insistência do Senhor uma determinação, um pedido irrecusável.

Como não sou santo, creio que não seria exagero, mesmo porque comungam comigo dessa constatação ou pensam de modo semelhante ao meu, muitos estudiosos e intelectuais religiosos, afirmar-se que, depois do Filho de Deus, enquanto homem, poucos homens passaram por tantas provações quanto Giovanni Bernardone, conhecido como Francesco Bernardone, nascido no seio de uma família abastada, por volta de 1181, em Assis na Itália, até a completa conversão num dos santos mais queridos e festejados da igreja cristã. Tão parecido com o sofrimento de Jesus foi o seu, que mesmo os estigmas, as marcas físicas das chagas do Cristo, ele herdou.

                Não há registro em qualquer compêndio da história universal que tenha lido, de questionamento quanto ao grau de humildade e de generosidade possuídas por São Francisco. Ele chegou ao máximo. Deu aos pobres tudo que possuía e olhe que tinha muito, e foi somente após ter ficado sem nada material, na mais absoluta e extrema pobreza, como interessava a Deus, que viveu seus momentos de maior felicidade.

                Importava-se o Irmão Francisco com todas as coisas, objetos, animais, que pudessem ensejar uma presença divina. Entendia que Nosso Senhor queria um mundo em permanente harmonia e que, para que isso fosse possível, todas as suas obras precisavam estar protegidas, ser respeitadas, consideradas e amadas. Não mediu esforços e conseguiu amar além das medidas humanas. Amou a vida e ao outro de tal forma, que nunca mais a fraternidade foi a mesma. A irmandade para ele açambarcava o conjunto das obras da Criação. Nada era desimportante ou insignificante, se havia ali uma possibilidade, um espectro que fosse de vida. Era a vida só menos importante que o amor pelo irmão, pois que até ela poderia ser dada por ele.

                O mundo consagra ao Irmão de Cristo, São Francisco de Assis, o Pai dos Pobres, Esposo da Pobreza, um lugar de honra: o coração de milhões de seres humanos. Os maravilhosos santos e querubins, lá do céu, entoando cânticos sublimes, mandam eflúvios a tantos quantos na Terra ou em qualquer lugar, veneram e respeitam as realizações dessa alma ímpar. Alvíssaras eternas dá-lhe o Todo-Poderoso.

Tocado por sua sensível presença, irmano-me e me uno a todos aqueles que, neste princípio de outubro, iniciam um período de jubilosa comemoração pela vida e obra desse Santo Universal.

                Viva, milhões de viva a São Francisco, o Paradigma da Humildade.

                                                                                       Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal

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