M. T. Piacentini

--- Em coluna anterior há a seguinte frase: “Moradia própria. Desmistificar o conceito de que somente a casa própria é digna de apoio da lei”. Gostaria de saber se neste caso o mais adequado não seria o uso de desmitificar ao invés de desmistificar. Thais Guedes, Florianópolis/SC


Mitificar ou desmitificar tem a ver com MITO.
 

Mistificar ou seu contrário, desmistificar, tem a ver com ENGANO, logro, ilusão, engodo, falsidade, enganação.


No caso apresentado pela leitora, portanto, está correto dizer “desmistificar o conceito”, pois se trata de desmascarar esse engano (na visão do autor) ou tirar as pessoas da ilusão de que somente a casa própria é digna de apoio da lei.


Vejamos esses termos em mais situações de uso:


MITIFICAR significa “tornar mito”. Mitificação = transformação em mito.


A ideologia fascista mitifica não só as formas históricas de integração racial, como procura tornar vivos os antagonismos sociais, o mecanismo da concorrência capitalista.

Gabeira foi sempre mitificado pela mídia.

Observou ali uma inclinação para a demonização e mitificação do judeu.


MISTIFICAR quer dizer “abusar de credulidade de alguém; iludir, ludibriar; falsear”, ou até mesmo “fantasiar”. Mistificação = logro, burla, engano.


Apelam a qualquer recurso, mistificando a opinião pública.

Mistifica
quem fala em Brasil grande.

O autor aponta a mistificação do capitalismo: doença mundial, conspiração mundial, ruína mundial.


DESMITIFICAR significa destituir algo do seu aspecto mítico [de mito], irreal, fantástico, lendário ou atrativo, tornando-o banal, comum, trivial.


Os médicos têm desmitificado a impotência como uma questão puramente emocional.

Uma passada pelos bastidores pode desmitificar a mais bela das mulheres.


DESMISTIFICAR significa desmascarar, destituir do caráter místico, misterioso, ilusório, falso.


Para o exercício da democracia, a desmistificação dos pretensos grandes homens deve ser considerada um passo à frente.

Temos a possibilidade de desmistificar ideias antigas, deuses de barro, santos que não são santos