[Flávio Bittencourt]

Para conhecer a Amazônia

Resenha elaborada por Nilson Moulin sobre o livro, publicado em 1996, Amazônia: do Discurso à Práxis, de Aziz Ab'Sáber, continua atual.

 

 

 

 

 

 

 

"(...) Para sorte nossa, não obstante tenha um sólido embasamento em geo-hidromorfologia, Aziz Ab'Sáber não fala apenas geo-hidromorfologuês: ademais de suas notórias qualidades enquanto pesquisador e docente, o autor se revela também um hábil narrador. (...)"

(O GRIFO NÃO ESTÁ NO ORIGINAL: RESENHA ADIANTE TRANSCRITA NA ÍNTEGRA,

ELABORADA POR NILSON MOULIN - ensaísta e tradutor -, QUE A ESCREVEU

SOBRE O MONUMENTAL LIVRO DE 1996 DO PROF. DR. AZIZ AB'SÁBER, DA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ECOLOGIA VIRGINAL:

DETALHE IMPRESSIONANTE DO LAGO DO UAUAÇÚ,

NO BAIXO RIO PURUS (região do grande Lago do Ayapuá)

(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA LIDA LOGO ACIMA,

http://www.tropicalforestresearch.org/Projects/uauacu1.aspx)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://diversidade-religiosa.blogspot.com/2010_03_01_archive.html)

 

 

 

 

UM DESENHO MAGISTRAL DE SERGIO BASTOS:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"O desenho acima, de SERGIO BASTOS, foi feito pra ilustrar A lenda do Uirapuru, que faz parte do livro O Pará e suas trilhas históricas, de Doralice Araújo"

(http://sergiobastos.wordpress.com/2008/02/18/a-lenda-do-uirapuru/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 (http://www.inclusive.org.br/?p=20612)

 

 

 

 

 

HOMENAGEANDO O ILUSTRADOR QUE CONHECE

AS COISAS DA AMAZÔNIA

SERGIO BASTOS,

O PESQUISADOR

BOM E RIGOROSO

AZIZ AB'SÁBER,

O ENSAÍSTA E TRADUTOR SÉRIO

E COMPETENTE, QUE MUITO ADMIRA AB'SÁBER,

NILSON MOULIN,

OS PROFISSIONAIS DO CIMI

(CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO),

REVERENCIANDO OS

OS ÍNDIOS DA AMAZÔNIA E

EM MEMÓRIA DO HISTORIADOR

MÁRIO YPIRANGA MONTEIRO (1909 - 2004)

 

 

 

 

28.9.2011 - Os livros de Aziz Ab'Sáber são científicos, mas não deixam de conseguir informar a vastos públicos que estão sedentos de informações sobre a Amazônia - Não leia livros de picaretas que dão "pitacos" enganadores, como talvez dissesse o saudoso e irritadiço [SÓ EM SEUS TEXTOS CONTRA ARRIVISTAS GROSSEIROS, IGNORANTES EM AMAZÔNIA] historiador Mário Ypiranga Monteiro, da Universidade Federal do Amazonas. (As ilustrações das obras de Mário Ypiranga Monteiro e de Aziz Ab'Sáber fazem com que o leitor, siderado, perca um pouco da concentração nos conteúdos imensamente relevantes dos textos daquelas obras fulgurantes, por causa do maravilhamento causado por fotos e ilustrações espetaculares.)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

RESENHA ELABORADA

POR NILSON MOULIN,

SOBRE O LIVRO DE 1996

DE AZIZ AB'SÁBER

(Amazônia: do Discurso à Práxis):

 

 

"Para conhecer a Amazônia

Nilson Moulin 

No que concerne à Amazônia, também no âmbito editorial temos sido bastante predatórios: em geral, oscilamos entre abordagens superficiais, colagem de lugares-comuns, textos espetaculares-catastrofistas e coffee table books tão apreciados pelos decoradores.

O mais recente livro do professor Aziz Ab'Sáber, Amazônia: do Discurso à Práxis, constitui uma espécie de divisor de águas. Aqui se resgata um patrimônio precioso e pouco divulgado, à semelhança do que já fizera a Biblioteca Nacional, em 1992, ao publicar Amazônia Redescoberta no Século XVIII, de Alexandre Rodrigues Ferreira.

Excetuando-se o lento e irregular trabalho de nosso decano neste domínio, o Museu Paraense Emílio Goeldi, as contribuições recentes do INPA/Manaus e do nosso caçula, o Instituto Socioambiental/SP, e ainda raras outras iniciativas, a bibliografia brasileira sobre a Amazônia apresenta lacunas que conduzem estudiosos e diletantes ao desespero. Contudo, nos últimos anos, a editoria universitária tem produzido obras que nos permitem vislumbrar tempos melhores.

Até agora, o predomínio de publicações no campo da antropologia cultural (sem negar toda a sua imensa importância!) tem contribuído para deixar em segundo plano uma série de temas que vão da eco-história até as nossas tentativas espasmódicas de pôr em prática a Agenda 21.

Em 1989, a tradução do livro de Warren Dean, A Luta pela Borracha no Brasil: um Estudo de História Ecológica (Nobel), registrou uma clivagem na bibliografia De Amazoniae. Ali, vários anos de pesquisa in loco e em diferentes arquivos desembocaram nessa importante releitura de uma história mal contada por nós próprios. E em seu magnífico legado, A Ferro e Fogo: a História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira (Companhia das Letras, 1996), o mesmo autor reiterou as ameaças ciclópicas que continuam a pesar sobre a Amazônia.

Por tudo isso, é tão bem-vinda a publicação deste Amazônia: do Discurso à Práxis. Para sorte nossa, não obstante tenha um sólido embasamento em geo-hidromorfologia, Aziz Ab'Sáber não fala apenas geo-hidromorfologuês: ademais de suas notórias qualidades enquanto pesquisador e docente, o autor se revela também um hábil narrador.

O livro, de caráter antológico, documenta intervenções efetuadas ao longo de meio século de trabalhos. Um aspecto notável do conjunto selecionado é a cabal demonstração de que posições políticas bem definidas não interferem na lucidez com que o pesquisador disseca temas polêmicos. Sofisticadamente multidisciplinar, é constituído pelos seguintes capítulos: "Zoneamento Ecológico e Econômico da Amazônia", "Problemas Geomorfológicos da Amazônia Brasileira", "Paleoclima e Paleogeografia da Amazônia Brasileira", "Geomorfologia do Corredor Carajás-São Luís", "Impactos Ambientais na Faixa Carajás-São Luís", "Gênese de uma Nova Região Siderúrgica", "Amazônia: Proteção Ecológica e Desenvolvimento com o Máximo da Floresta-em-pé", "Carauari: Vicissitudes de uma Comunidade Beiradeira no Médio Juruá", "A Cidade de Manaus", "Documentos de Crítica e Contestação", "Da Serra Pelada à Serra dos Carajás" e "O Petróleo na Amazônia". Sem desmerecer nenhum dos ensaios, destacaria como emblemáticos o primeiro, o décimo e o último ­ ensaios que adquirem novas dimensões nestes tempos de modernização conservadora capitaneada pelo governo federal.

Este elenco temático já enuncia por si só a amplitude da obra e o decidido empenho para tentar alguma sistematização num âmbito tão complexo e pleno de contradições de toda ordem. O que daí emerge, como dado provocador e gratificante da leitura, talvez seja seu mérito maior: além dos habituais diagnósticos e críticas encontrados em textos similares, há uma série de proposições que apontam para ulteriores estudos mas principalmente para intervenções concretas, sugerindo até mesmo a superação de certos impasses de nossas retóricas políticas públicas. Após a leitura, ouso imaginar que num futuro próximo poderemos realmente atualizar o desafio contido no título, passando enfim a uma práxis não-deletéria. E quem sabe consigamos mobilizar todas as forças necessárias para construir uma Política Ambiental Brasileira de modo efetivamente democrático.

Hoje, neste período sombrio de concessões para explorar madeira em Florestas Nacionais (Flonas),sem que os órgãos públicos tenham a capacidade requerida para uma fiscalização eficiente e sistemática, faz-se imperiosa a publicação de outras obras como esta sólida edição da Edusp. Os parcos fragmentos disseminados pela mídia nacional e a autoclausura dos especialistas não permitem um posicionamento seguro sobre, por exemplo, o acesso de empresas de rapina multinacionais à Floresta Nacional de Bom Futuro (RO), à Flona de Caxiaunã (PA), à Flona de Jamari (RO), à Flona de Tapajós (PA), à Flona de Tefé (AM)

Por fim, retomemos o questionamento inicial sobre a bibliografia made in Brazil. Considerando o número e a qualidade das indicações feitas pelo professor Aziz (pp. 297-319), poderíamos relativizar a afirmação que abre esta resenha? Em termos quantitativos sim, porém, se analisarmos a listagem mais detidamente, havemos de constatar que boa parte dela é constituída por artigos ainda pouco acessíveis aos não-especialistas ou detentores do "mapa da mina". Se já temos textos como o da Editora Pini, sobre as habitações da vila dos mineiros na Serra do Navio, faltam-nos reflexões sobre as favelas rurais do tipo Laranjal do Jari (Amapá) e o acelerado processo de urbanização da Amazônia. Onde estão os registros da geógrafa Regina Sader sobre as lutas pela posse da terra na região do "Bico do Papagaio"? Carecemos de obras que aprofundem vários outros temas aflorados, por exemplo, no filme No Rio das Amazonas (1995) de Ricardo Dias e Paulo Vanzolini.

Necessitamos urgentemente de análises sobre o projeto de desenvolvimento sustentável do atual governo do Amapá, experiência pioneira no Brasil.

Necessitamos urgentemente de algumas antologias contendo textos importantes e pouco divulgados como A Botânica e a Política Imperial: Introdução e Adaptação de Plantas no Brasil Colonial e Imperial (IEA/USP, 1992, Documentos), de W. Dean, para melhor discutir a problemática atual da Amazônia à luz de um processo histórico que nos é, em última instância, pouco familiar. Outro brasilianista, Philip Fearnside, este já aclimatado ao INPA de Manaus, escreveu para poucos eleitos: A Hidrelétrica de Balbina: o Faraonismo Irreversível Versus o Meio Ambiente na Amazônia (Iamá, 1990). E tantos artigos de pesquisadores brasileiros, de inúmeras áreas que abarcamos entre as Ciências Ambientais, publicados por Ciência Hoje/SBPC na última década, mereceriam sair da "clandestinidade editorial" em que se encontram. Que tal mais uma bela co-edição Edusp/Studio Nobel, na linha de Grafismo Indígena: Estudos de Antropologia Estética (org. Lux Vidal), desta vez com temas socioambientais? Da urgência de múltiplos zoneamentos ecológico-econômicos sem pressões eleitoreiras, passando pelas cooperativas extrativistas até as especificidades da urbanização dos amazônidas, temos excesso de matéria-prima, só falta agregar valor editorial. 

NILSON MOULIN é ensaísta e tradutor. 

Amazônia: do Discurso à Práxis, de Aziz Ab'Sáber, São Paulo, Edusp, 1996."
 

(http://www.ime.usp.br/~is/infousp/moulin.htm)

 

 

 

 

 

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EQUIPE INCLUSIVE,

COM INFORMAÇÕES DO CIMI,

DIVULGOU, em ago. / 2011:

 

"Dia Internacional do Índio é marcado por ataque a povos isolados

quinta-feira, agosto 11, 2011
Por Equipe Inclusive
 
 
 
 
Criança indigena com corpo pintado com bebe indigena no colo

 

Em pleno Dia Internacional do Índio, nesta terça-feira (9), o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, desembarcou no Acre (AC) para tratar daquilo que se caracteriza como mais um ataque aos povos em situação voluntária de isolamento na selva amazônica – com ele, a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki.

O episódio ocorreu nos últimos dias do mês passado, a 32 quilômetros da fronteira com o Peru, e os indícios dão conta de que um massacre ocorreu contra índios isolados do Igarapé do Xinane – região da cabeceira do Alto Rio Envira, distante 600 quilômetros de Rio Branco, capital acreana. Conforme notícias veiculadas pela imprensa, os dois funcionários da Funai que atuam na Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Envira falam em “correrias” (massacre) empreendidas sobre os indígenas isolados.

Pontas de flechas foram encontradas por eles e agentes da Polícia Federal (PF) em acampamentos abandonados por supostos narcotraficantes peruanos, autores dos ataques. Mesmo sem a confirmação das mortes entre os indígenas, fica evidente a situação de vulnerabilidade em que se encontram tais comunidades – seja em face da ação de madeireiros, narcotraficantes e toda sorte de exploradores.

“Querem tocar no assunto como se fosse novidade, mas há mais de 10 anos ocorrem com frequência assassinatos e ataques aos povos isolados. São traficantes, madeireiros, grileiros e a compreensão de desenvolvimento de Brasil, Bolívia e Peru que contribuem para a ameaça aos isolados”, denuncia o missionário Lindomar Dias Padilha – que atua pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na região há quase 14 anos.

Parte do Igarapé do Xinane fica no Acre e outra parte está em terras peruanas. Sem definição entre os governos dos dois países, o processo de demarcação e homologação do território está incompleto. Os indígenas, no entanto, transitam entre os dois países alheios aos conceitos de Estado Nacional, soberania, fronteiras. No entendimento dos isolados, trata-se de um único território – sendo eles os donos e protetores.

Nisso também não há nada de novo: em 1910, um grupo de índios Kaxinawá escapou da escravidão num seringal no Alto Rio Envira e só retomou contato com a sociedade envolvente em 1955, mas em território peruano, conforme revela Rodrigo Domingues em artigo do livro Povos Indígenas Isolado da Amazônia (2011:80).

“Não dá para discutir soberania nacional com índios em situação de isolamento. Não participam desse processo de discussão. O Estado precisa garantir a sua soberania e implementar de fato políticas de proteção a essa comunidades, mesmo que em conjunto com governos de outros países”, frisa Lindomar.

Fronteira Acre/Peru: concentração de isolados

Estende-se pela linha imaginária que divide o Estado do Acre com o Peru uma das maiores concentrações de povos isolados do mundo. Herdeiros de culturas ancestrais e destacada capacidade de resistência aos mais diferenciados ciclos econômicos e surtos desenvolvimentistas, como o do atual governo, além do próprio Peru e Bolívia, tais povos se refugiaram nas cabeceiras dos rios, afluentes e igarapés da região oeste da Amazônia.

A base da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Envira, mantida pela Funai, é responsável por monitorar e preservar a sobrevivência dos índios isolados do Igarapé do Xiname. Lá atuam os profissionais de mais experiência do órgão. O problema da Funai na região, conforme o missionário, é estrutural, ou seja, o órgão não consegue se relacionar com a Polícia Federal para garantir a segurança dos povos em situação de isolamento.

“São funcionários que ficam ali para defender os índios, mas não conseguem. A pergunta é: como vamos garantir a preservação desses territórios e da vida desses índios?”, questiona. Mas defender esses índios de quais ameaças? Do lado peruano, a ação de madeireiros e do tráfico de drogas, que se aproveita dos igarapés com potencial de navegação; do lado brasileiro pelos grandes empreendimentos tocados pelo governo.

O governador do Acre Tião Viana, filiado ao mesmo partido da presidenta Dilma Roussef, o PT, defende a exploração de petróleo e gás no Estado. Por outro lado, os governos brasileiro e peruano seguem na construção dos 2, 6 mil quilômetros da Rodovia do Pacífico, ou Interoceânica, parte dos acordos dos programas propostos pela Integração Regional Sul-Americana (IIRSA). O empreendimento corta diversas áreas onde vivem povos isolados.

Com isso, as estradas levarão exploradores aos locais mais remotos da região amazônica – local onde os isolados encontram refúgio. A vida longe da sociedade envolvente parece estar com os dias contados.

Modelo de desenvolvimento

Guenter Francisco Lobens, o Chico, é de uma época em que fazer contato com os povos isolados era parte do trabalho indigenista de missionários e antropólogos. Construiu vasta experiência e defende que é essencial acabar com a lógica de que a Amazônia precisa ser ocupada: “É essencial para não expropriar os territórios dos isolados. O problema está aí: o Estado brasileiro não se organizou para fazer essa proteção”.

Os agressores, na opinião de Chico, se sentem então fortalecidos porque elaboram a compreensão de que são agentes do desenvolvimento. A impunidade se consolida no sentimento de que os agressores estão na fronteira do desenvolvimento regional. “São os novos bandeirantes da Amazônia. Se valem disso para escravizar os índios, assassinar, roubar”, analisa Chico.

Se a situação é ruim para os povos contatados, Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi, acredita que para os povos isolados é ainda pior. “Em certa medida é uma política planejada porque facilita a esses exploradores (madeireiros, grileiros) afrontarem as terras desses grupos e explorarem os recursos. Se houvesse uma preocupação, essas áreas seriam delimitadas e fiscalizadas”, diz.

O fato de este último ataque ter sido feito por possíveis grupos de narcotraficantes peruanos é, para Liebgott, sinalização de que o governo brasileiro não se articula internamente e tampouco adota medidas externas para a proteção dos povos isolados.

Audiência pública

A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB/AC) encaminhou requerimento nesta terça-feira (9) a Comissão de Relações Exteriores do Congresso Nacional solicitando audiência pública para tratar da questão dos povos em situação de isolamento na fronteira do Estado do Acre com o Peru.

Segundo seus assessores, o objetivo é definir um protocolo de ações para apontar soluções ao conflito que se arrasta há anos. Além de colocar em risco a vida dos indígenas, é também motivo de preocupação para a soberania nacional. Serão convocados representantes do Itamaraty, Ministério da Justiça, Funai e entidades indígenas e indigenistas.

Fonte: CIMI"

(http://www.inclusive.org.br/?p=20612)

 

 

 

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VERBETE 'AZIZ AB'SABER',

WIKIPÉDIA:

"Aziz Ab'Saber

Aziz Ab'Saber
Nome completo Aziz Nacib Ab'Saber
Nascimento 24 de outubro de 1924 (86 anos)
São Luís do Paraitinga, São Paulo
Nacionalidade brasileira Brasil
Ocupação geógrafo, geólogo, ecólogo e professor universitário

Aziz Nacib Ab'Saber (São Luís do Paraitinga, 24 de outubro de 1924) é geógrafo e professor universitário brasileiro, considerado referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e impactos ambientais decorrentes das atividades humanas. Cientista polivalente, laureado com as mais altas honrarias da ciência em arqueologia, geologia e ecologia - Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grão Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente - é Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da mesma universidade e ex-presidente e atual Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Embora tenha se aposentado compulsoriamente no final do século XX, ainda se mantém em atividade.

Índice

Biografia

Filho de um mascate libanês[1] e de uma brasileira de São Luiz do Paraitinga e criado em meio as roceiros dos quais sua mãe era filha, se muda para São Paulo pouco antes de ingressar na USP no curso de Geografia e História aos dezessete anos, assumindo sua primeira função pública como jardineiro da Universidade, enquanto dava continuidade a sua formação com cursos de especialização.

Trabalhou durante vários anos como professor do ensino básico. Posteriormente lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e finalmente na Universidade de São Paulo.

Iniciou suas pesquisas na área de geomorfologia e logo passou a incorporar conceitos de diferentes áreas do saber.

Desenvolveu centenas de pesquisas e tratados científicos, dando contribuições importantes para a ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia, além da geografia. Dentre algumas dessas múltiplas contribuições, estão estudos que corroboram a descoberta de petróleo na porção continental na Bacia Potiguar e a coordenação da criação dos parques de preservação da Serra do Mar e do Japi. Os temas abordados incluem exaustivas classificações e levantamentos nos domínios morfoclimáticos e dos ecossistemas continentais sul-americanos, reconstituição de paleoclimas sul-americanos, estudos de planejamento urbano aerolar, pesquisas de geomorfologia climática sul-americana, elaboração de modelos explicativos para a diversidade biológica neo-tropical - Redutos Pleistocênicos - além de estudos sobre rotas de migração dos povos pré-colombianos sul-americanos. Atuou também com medidas para preservação do patrimônio histórico - tombamento do Teatro Oficina) - e teorias da educação, com o fim de incluir currículos setoriais em grades de ensino regionais e nacionais. [carece de fontes?]

Características de sua obra

Ab'Saber defende um papel mais ativo dos cientistas numa ciência aplicada e colocada a serviço dos movimentos sociais. Esse ideal o levou a ser consultor ambiental do Partido dos Trabalhadores e a tornar-se próximo de Lula por um longo período. Posteriormente tornou-se crítico do Governo Lula devido, especialmente, à sua política ambiental - a qual classifica como a maior frustração na história do movimento ambientalista brasileiro. O intenso apoio governamental aos usineiros e ao projeto de Transposição do Rio São Francisco - que julga servir primordialmente aos interesses dos grandes proprietários de terra do nordeste seco - também colaboram para seu distanciamento. Avalia que o governo, ao mesmo tempo que consegue popularidade com medidas mitigadoras, aprofunda um modelo de desenvolvimento hostil aos interesses da maior parte da população brasileira. Com a credibilidade adquirida nas décadas de trabalho como cientista, Ab'Saber procura respaldar os movimentos sociais que lutam contra obras desenvolvimentistas hostis aos seus interesses e seus modos de vida - como a citada transposição do Rio São Francisco ou a barragem dos rios do Vale do Ribeira.[2] Homenageado do ano pela reunião do SBPC de 2010, proferiu pesadas críticas as mudanças no Código Florestal brasileiro colocando-o no contexto de desmonte da política ambiental brasileira.

Sua última crítica vai ao encontro do chamado aquecimento global, classificando-o como uma das grandes farsas da atualidade. Ab'Saber não nega o aquecimento mas afirma que a contribuição antrópica para o fenômeno ainda não é suficientemente conhecida. Afirma que algumas das previsões de impactos estão baseadas em pressupostos equivocados, resultando em diagnósticos consequentemente inválidos. Aponta a onda de calor do verão (no hemisfério sul) 2009-2010 como exemplo de como, por vezes, a interpretação dos fenômenos climáticos é distorcida. Enquanto muitos argumentam que o aquecimento global foi o responsável por isso, Ab'Saber recorda que este é o pico de atividade do El Niño, que se repete de 12 em doze anos (ou de 13 em treze anos ou ainda a cada 26 anos) e que, portanto, um pico de calor era esperado.[3]

Teve também o valor literário de sua obra destacado - recebeu três vezes o Prêmio Jabuti, duas na categória de ciências humanas e uma na de ciências exatas.

Obras Selecionadas

  • Ecossistemas Brasileiros[4]
  • Domínios da natureza no Brasil - potencialidades paisagisticas
  • Litoral Brasileiro
  • São Paulo: ensaios entreveros[5]
  • Amazônia: do discurso a práxis
  • Áreas de circudesnudação periférica pós-cretácea
  • A Terra Paulista
  • O homem do terraço de Ximango
  • Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários
  • Domínios geomorfológicos da América do Sul: primeira aproximação
  • O homem na América Tropical: estoques raciais em contato e conflito
  • The paleoclimate and paleoecology of brazilian amazon
  • Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo[6]

Prêmios e condecorações selecionados

Referências

Ligações externas

Wikiquote
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Prêmio Jabuti

Precedido por
Jurandir Freire Costa / Nachman Falbel / Isabel Maria Loureiro / Octávio Ianni
Jabuti 01.jpg
Prêmio Jabuti - Ciências Humanas

1997
Sucedido por
Laura de Mello e Souza / Luiz Felipe de Alencastro / Mary Del Priore (org) / Boris Fausto
Precedido por
Francisco de Oliveira
Jabuti 01.jpg
Prêmio Jabuti - Ciências Humanas

2005
Sucedido por
Domingos Meirelles
Precedido por
Fernando Nobre
Jabuti 01.jpg
Prêmio Jabuti - Ciências Naturais e da Saúde

2007
Sucedido por
Sergio Kignel