[Flávio Bittencourt]

Padre Casimiro Beksta, uma vida dedicada à cultura indígena

Em 17.10.2008, a Faculdade Salesiana Dom Bosco, de Manaus, concedeu a ele o título de docente Honoris Causa.

 

 

  

 

 

 

"Giovanni Melchior Bosco

 nasceu em 16 de agosto de 1815 em Becchi, perto de Turim, norte da Itália. Ficou órfão de pai aos 2 anos de idade. Margarida, sua mãe, ensinou-lhe a ver Deus em tudo, principalmente no rosto dos mais pobres.

Aos 9 anos, teve um sonho que marcou a sua vida. Um senhor majestoso e uma nobre senhora dão a dica:

"Torna-te forte, humilde e robusto. A seu tempo, tudo compreenderás. Aprende com os saltimbancos dos circos ambulantes, dá espetáculo para seus coleguinhas, conta-lhes histórias e conquista".

(http://www.domboscomanaus.edu.br/saojoaobosco.asp

 

 

 

VIVA SÃO JOÃO BOSCO,

QUE AOS 9 ANOS CONTOU ESTÓRIAS 

REPLENAS DE BONDADE E CONQUISTOU

SEUS COLEGUINHAS!

 

 

"Dom Bosco; urna já está [ESTEVE, EM NOVEMBRO DE 2009] no Brasil

 
RELIGIÃO: 19/11/2009 - A urna com as relíquias de São João Bosco já está no Brasil. Ela chegou na última segunda (16), de novembro [DO ANO DE 2009 DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO], do Paraguai, e fará uma longa peregrinação em todo o território nacional começando pelo Sul do País.
Em janeiro, após percorrer diversos Estados, a urna chegará ao Nordeste. No dia 31 de janeiro, às 17h, a urna estará em Cajazeiras, única cidade paraibana a receber as relíquias. A urna ficará toda a noite na Paróquia São João Bosco, zona sul da cidade, a seguirá no dia 01 de fevereiro para a cidade de Juazeiro do Norte, CE. Toda uma programação está sendo prepararda para o evento. "É uma honra para nós recebermos as relíquias de Dom Bosco. É um fato histórico para Cajazeiras. Vamos viver intensamente este momento", frisou o Pe. Janilson Rolim, administrador Paroquial. A Peregrinação Internacional das relíquias de São João Bosco está acontecendo nas festividades dos 75 anos de canonização do Santo (1934-2009), dos 150 dos Salesianos (Congregação fundada por Dom Bosco) e na preparação para o bi-centenário de seu nascimento (1815-2015). A urna via percorrer mais de 100 países até 2015. Fonte: Diocese de Cajazeiras/PB
 

(http://www.centrodeolhoslondrina.com.br/historia.asp)

 

 

 

 

"Black River’s Redemptions

Brasil | 2010 | cor | 90’

Direção: Erlan Souza e Fernanda Bizarria

Fotografia: Erlan Souza

Som: Cláudio Souza

Montagem: Pedro Aspahan

Contato: [email protected]

Documentário sobre as missões salesianas no Alto Rio Negro, no Amazonas, e sua relação com o processo de colonização dos povos indígenas da região. O filme parte da história do Pe. Casimiro Béksta, que atuou nas missões nas décadas de 50 e 60, e também busca os ex-alunos indígenas que participaram dessa história.

Documentary about the Salesian missions in Alto Rio Negro, in the Amazonas, and the relation with the colonization process of the Indian people in the region. The movie takes part in the story of Pe, Casimiro Béksta, Who served in the 50s and 60s`s missions, and also search the ex-Indian students who participated in this story".

(http://www.forumdoc.org.br/2010/?page_id=575)

 

 

 

"Documentário aborda missões salesianas no Amazonas

 

Amanhã (17.06), no auditório da Unidade I [DA UNINORTE], às 20h30, acontecerá o lançamento do documentário “Casimiro”. Após a exibição haverá um debate com o diretor.

“Casimiro” é um documentário média-metragem sobre a ação das missões salesianas no Amazonas e sua relação com o processo de colonização dos índios brasileiros.

O filme parte da história do Pe. Casimiro Béksta, que atuou desde os anos 50 até década de 70, na Missão Salesiana, no Alto Rio Negro.

Além de entrevistas com o personagem principal, o documentário busca os ex-alunos indígenas que participaram dessa história, investigando suas memórias sobre o Pe. Casimiro e sobre a atuação da missão salesiana na região.

Dirigido por Erlan Souza e Fernanda Bizarria, com o apoio de: Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Amazonas – NAVI, Instituto Socioambiental – ISA, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN 1. SR, e BASA-Banco da Amazônia; E patrocínio de Petrobrás e Ministério da Cultura – Lei de Incentivo à Cultura.

Os professores poderão levar seus alunos para assistirem ao documentário, utilizando o conteúdo em suas aulas, como atividade extra-classe".

(http://dialog.blog.br/?p=1820)

 

 

 

"(...) O título docente Honoris Causa é atribuído a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras, ou do melhor entendimento entre os povos. Geralmente é oferecido a alguém de fora dos quadros da instituição, mas que deu contribuição significativa aos cursos nela ministrados. Em muitas universidades, é o título máximo a ser concedido a alguma personalidade. Esta é a primeira vez que a FSDB [FACULDADE SALESIANA DOM BOSCO, de Manaus, Estado do Amazonas, Brasil] faz uso desta honraria (...)".

(http://www.isma.org.br/noticia.php?codigo=1678)

 

 

 

 

                                               Reverenciando o Padre Casimiro,

                                               com a máxima admiração e o grande respeito

                                               que o trabalho de uma vida inteira - que o trabalho de

                                               sua vida, continuação da obra de SÃO JOÃO BOSCO -

                                               necessariamente produz em quantos o conhecem,

                                               ainda que, eventualmente, apenas nos momentos

                                               mais divulgados

  

 

 

1.12.2010 - A vida do Padre Casimiro foi dedicada à cultura indígena - Em 17.10.2008, a Faculdade Salesiana Dom Bosco, de Manaus, concedeu-lhe o título de docente Honoris Causa.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

"Casimiro Beksta é homenageado na Faculdade Salesiana


A mesa que concedeu o título a Casimiro Beksta

Manaus/AM - A concessão do título de docente Honoris Causa para o padre salesiano Casimiro Beksta foi o grande momento da programação do I Seminário de Antropologia Indígena realizado pela Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB) no dia 17 de outubro. Na ocasião, além da homenagem, foram realizadas ainda duas mesas-redondas e uma mostra de filmes sobre os povos do Alto Rio Negro. A concessão do título foi acompanhada por professores, docentes e funcionários da FSDB, além de participantes vindos de outras instituições.

O título docente Honoris Causa é atribuído a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras, ou do melhor entendimento entre os povos. Geralmente é oferecido a alguém de fora dos quadros da instituição, mas que deu contribuição significativa aos cursos nela ministrados. Em muitas universidades, é o título máximo a ser concedido a alguma personalidade. Esta é a primeira vez que a FSDB faz uso desta honraria.

O título foi concedido pelo diretor-executivo da Faculdade Salesiana, César Lobato. Ele afirmou, no prefácio de apresentação do livreto “Casimiro Beksta... entre o apostolado e a pesquisa antropológica”, publicado no dia do evento: “Sua grande relevância para o desenvolvimento da antropologia nesta região é irrefutável, pois é facilmente reconhecida e verbalizada. No entanto, Beksta permanece um personagem enigmático exatamente pelo seu quase anonimato”, disse o diretor-executivo, referindo-se à reclusão auto-imposta pelo salesiano, que declina de qualquer convite que lembre sua importância ou que exalte sua obra.

Para participar da homenagem, foram chamados educadores de várias instituições, como o diretor da Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua), Renan Freitas Pinto; o professor Renato Athias, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Lino das Neves, também da Ufam. Além disso, também estavam presentes o padre Justino Sarmento Rezende, do distrito de Iauaretê, em São Gabriel da Cachoeira; e o padre Francisco Alves, vice-inspetor da Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia (Isma). Todos discursaram na ocasião e lembraram a importância de Beksta para o desenvolvimento de trabalhos etnográficos e antropológicos sobre os povos do Alto Rio Negro. Casimiro Beksta foi lacônico em seu discurso de agradecimento, dizendo apenas um bem-humorado “muito obrigado”.

A vida do missionário

Nascido na Lituânia, Casimiro Beksta chegou ao Amazonas na década de 50, quando foi transferido para São Gabriel da Cachoeira, no extremo norte do Estado. Convivendo com diversas tribos indígenas que habitavam aquela região, deu início a uma respeitada carreira de documentarista, escritor, lingüista, intelectual e militante dos movimentos indígenas. Sua militância o levou a coordenar a Pastoral Indigenista da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e fez com que ele fosse uma das figuras principais na criação do Conselho Indigenista Missionária (Cimi), ocorrida na década de 70.

Além disso, Beksta também lecionou por muito tempo Centro de Estudos do Comportamento Humano (Cenesch) de Manaus, onde deu aulas para várias gerações de estudiosos das Ciências Sociais que hoje estão no mercado ou em outras instituições de Ensino Superior. Suas obras tornaram-se referências internacionais e ele é comumente chamado para auxiliar estudantes que vêm de outras regiões do globo. Seu último trabalho foi a tradução direto do alemão de “Dois anos anos entre os indígenas – Viagens no Noroeste do Brasil (1903-1905)“, obra do antropólogo Theodor Koch-Grunberg publicada pela FSDB e pela Edua em 2005.

Mais informações sobre a vida e obra de Beksta podem ser obtidas no livro “Casimiro Beksta... entre o apostolado e a pesquisa antropológica”, publicado em 17 de outubro e disponível para venda na secretaria da Faculdade Salesiana Dom Bosco.



Jorge Eduardo Dantas - Assessoria de Comunicação da FSDB - 28/10/2008".

(http://www.isma.org.br/noticia.php?codigo=1678)

 

 

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"Padre Casimiro, uma vida dedicada à cultura indígena

29/08/2004

Fonte: Diário da Amazônia-Manaus-AM



 

Padre Casimiro Beksta é um referencial silencioso da etnografia amazônica. Mitólogo, consultor, estudioso da cosmologia indígena e fluente em idiomas nativos. Seu domínio em tukano é tal, que ele sabe contar piada nessa poderosa língua do alto rio Negro.

Escritores, antropólogos, teatrólogos, professores não apenas o admiram. Assumem, sim, que bebem na fonte de Casimiro Beksta que, generoso, nunca se exime em repassar o que sabe sobre os povos amazônicos.

O escritor Márcio Souza, a artista plástica Bernadete Andrade, a escritora Regina Melo, a professora de Filosofia Socorro Jatobá, a antropóloga paulista Berta Ribeiro. Todos tiveram em Casimiro uma ponte até os povos do alto rio Negro e um reforço intelectual fundamental para seus trabalhos.

"Eu não fazia nada. Apenas catava línguas, gravava histórias e mitologias. Até hoje tento compreender", diz o padre.

Por mais de 20 anos, Casimiro teve uma vida itinerante pelas comunidades do alto rio Negro, em missão salesiana. De formação clássica e conhecedor do latim e do grego, aprendeu a falar as línguas nativas e dialogou com os indígenas sem a arrogância dos colonizadores e catequistas do passado.

Assimilou lendas e mitos, com a curiosidade de uma criança, errando e recomeçando conforme o ritual de transmissão de cada povo. Reconhecido somente ano passado como cidadão lituano, Pe. Casimiro Beksta diz que comeu "mais chibé do que a comida da sua própria terra".

Corpulento, alto, vozeirão, Pe. Casimiro Beksta não demonstra os 81 anos de vida e a dificuldade de audição. Também é teimoso. E bastante reticente para falar. Diz que tem medo de reportagem, que outros assuntos são mais interessantes e que há temas mais edificantes do que a sua vida.

Quando o procurei, com a intermediação do cenógrafo e diretor de teatro Nonato Tavares, seu amigo de longa data, Casimiro interrompeu a sessão de um trabalho intelectual que realiza há décadas.

Seu empenho justifica-se. Ele acha que o dicionário de Nheengatu elaborado por Ermano Stradelli (1852-1926), um clássico da etnografia amazônica, precisa de reparos. Especialmente lingüísticos. O conde Stradelli, no final do século 19, foi responsável por um calhamaço de 800 páginas sobre a língua geral indígena que um dia se falou no Brasil.

"Gostaria de reeditar o dicionário de Língua Geral. Colocar em ordem, porque ele fez uma mistura", diz o padre, reconhecendo, tardiamente, que poderia ter usado o Nheengatu, língua interétnica, quando foi para o rio Negro.

Casimiro tem um passado digno de roteiro de cinema. Quando tinha 18 anos, acuado pela guerra e perseguido pela ditadura stalinista fugiu da Lituânia, que na época fazia parte da ex-União Soviética, e foi parar na Alemanha.

Órfão de pais e muito religioso, entrou para o seminário e ainda estudante queria ir para a Índia. O convite de um bispo lhe trouxe para o Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro em novembro de 1950 e em dezembro de 1951 já estava no Amazonas, enviado pela congregação salesiana.

Anos depois, foi para São Paulo, estudou Teologia no Instituto Pio 12, tornou-se padre e retornou para o alto rio Negro. "Cheguei aqui sem nenhum preparo. Eu sabia apenas que na América do Sul havia índios diferentes dos que tinha nos Estados Unidos", recorda.

A desinformação de Casimiro foi o estopim para que ele não se resignasse com a superficialidade. Ao contrário, o padre embrenhou-se aldeias adentro, comunidades pouco contatadas e passou a conviver com o mundo dos mitos.

Durante sua permanência entre as comunidades amazônicas, o padre morou em praticamente toda a área do alto rio Negro e afluentes, como rios Yauaretê e Tiquié, além de São Gabriel da Cachoeira.

Ao primeiro contato, veio o primeiro susto. Estranhou o fato das línguas nativas serem consideradas "sujas" pela Igreja, daí a obrigatoriedade do português. "Estranhava aquilo. Então eu queria saber o que eles falavam. Pedia que me contassem alguma coisa, uma história. Não encontrei uma palavra suja. Quando precisavam xingar, faziam em português", lembra.

Quando a perseguição à Língua Geral acabou, o padre também descobriu a beleza e a sonoridade do idioma. "Era uma língua mais bonita do que o italiano. Palavra onde se colocam cinco vogais, sem uma consoante no meio. Era fantástica, uma construção estranha, mas fácil de entender".

A sintaxe amazônica cativou e deixou Casimiro apaixonado. "Eles usam apenas uma palavra no passado quando contam uma história. O resto é em tempo presente. Muito mais interessante do que a maneira como a gente conta".

A convivência com os povos indígenas trouxe situações peculiares e levou o padre Casimiro para os mistérios da cosmologia e das narrativas de criação do mundo. Começou então a aprender a mentalidade indígena, escutando as histórias no original, sem a interferência das traduções.

Encantando com as narrativas, transmitidas conforme um rigoroso ritual que era obrigado a seguir, Casimiro aprendeu sobre a migração tukana (que teria vindo do Norte, atravessando os Andes até descer o rio Amazonas), sobre as lendas das mulheres guerreiras, sobre o trovão e sobre as técnicas das narrativas e formas de descrição.

O interesse pela história do trovão trouxe-lhe situações inusitadas e foi uma lição de como se comportar diante do desconhecido. Casimiro descobriu que o assunto não poderia ser falado em qualquer hora e de qualquer jeito e exigia uma rigorosa cerimônia: apenas à noite, quando crianças e mulheres estivessem dormindo, e na maloca dos pajés, quando adultos e velhos apenas cochichavam. É obrigatório um ritual para defender o lar, moradores e o visitante.

O acervo pessoal de Casimiro é rico. Não são apenas anotações, mas gravações inestimáveis, em equipamento que ele sempre carregava consigo, como seu companheiro de viagem.

"Para se fazer uma pesquisa, temos que ir no ambiente deles, dormir na maloca. Catando informação a qualquer momento, tipo uma reportagem, como eu fazia então, era errado. Não está certo contar desta maneira".

Longe de seus parentes indígenas há 30 anos, hoje Casimiro, aposentado, mora num quarto do Seminário da Paróquia São José, na "civilização", como ele diz, usando instrumentos modernos, mas sempre catando coisas antigas.

Seu maior contato com a vida que levava nas comunidades indígenas é o pajé tukano Gabriel Gentil, escritor e amigo, que o acompanha e colabora nas traduções das mitologias.

Casimiro Beksta não é pretensioso nem tem arroubos de se transformar num nativo, a exemplo do que fez o alemão Curt Unkel (1883-1945), que trocou o sobrenome para Nimuendajú, naturalizou-se brasileiro e adotou a vida indígena.

"Estou trabalhando com outras culturas. É impossível adaptar-se para ser identificado com apenas cada uma. Então, sou sempre de fora. Mas isso não é problema, diz".

(http://pib.socioambiental.org/en/noticias?id=13101)