Romancista Oton Lustosa. Foto: acervo APL
Romancista Oton Lustosa. Foto: acervo APL

“Trata-se de prosa de cunho realista (ou neorrealista), quase sempre com alguma crítica social e/ou política, mas, fundamentalmente, com o propósito de se mostrar tão somente como expressão de arte literária”, conclui o romancista.   

[Da Redação de Entretextos]

Quando 24 de maio chegar, o romancista, contista e desembargador aposentado Oton Lustosa festejará o nascimento de um novo romance: O lago e a urbe (Bienal Editora). A obra traz como centro da fabulação um elemento geográfico bastante conhecido do Sul do Piauí, a Lagoa de Parnaguá, considerada como o maior lago natural do País, em Parnaguá-Pi, a 800km da capital piauiense.

Conhecido por romances como Meia-Vida e Vozes da Ribanceira, de teor social, com as marcas do regionalismo, Oton Lustosa escreve também contos, tendo publicado livros como O pescador de personagens e Uma rede na varanda.

 

Meia-vida em edição da Coleção Centenário, da APL

 

Vozes da Ribanceira, em edição da Editora Mondrongo.

 

Conversando com Entretextos sobre a representação da paisagem humana, geográfica e social da região que é pano de fundo de O lago e a urbe, Oton Lustosa diz que “os leitores identificarão ao longo do romance o grande amor dos parnaguaenses pela lagoa que dá nome à cidade; e notarão que todos nutrem a esperança de que ela nunca mais volte a secar”. Para ele, “seja em cenário de seca ou de abundância de chuvas, os leitores concluirão – penso eu – que o extremo sul do Piauí é uma região de expressivas riquezas naturais, com progressos significativos no segmento de pecuária; e com uma gente trabalhadora e de sadias ambições progressistas”.

Senhor de seu fazer, o romancista comenta os traços que individualizam sua escritura. Segundo ele, "em Meia-vida e Vozes da ribanceira, interpretei a realidade teresinense. Creio, entretanto, que as temáticas tratadas nas referidas obras, ambientadas em cenários urbanos, mas sempre com incursões à vida rural, abarcam realidades de todo o Nordeste e, quem sabe, de todas as regiões do Brasil; posto que a gente brasileira é uma só, fala a mesma língua, tem ambições semelhantes e padece de problemas comuns”.

Ao realizar um paralelo da linguagem dos romances anteriores com o de agora, Lustosa afirma que “a linguagem, sem exagero de expressões regionalistas, em nome da verossimilhança, busca traduzir e causar emoções (em sentido amplo), de maneira espontânea e simples, de forma tal que, a depender do contexto, o leitor não terá dificuldade em assimilar o que diz o narrador”.

Ele destaca que “as incursões aos espaços rurais são mais frequentes; para mostrar a realidade (interpretada, evidentemente) da pecuária, que é uma vocação cultural e econômica da região. Ao longo da narrativa, avultam expressões que podem parecer exclusivas da linguagem da região, mas não o são; estão presentes em textos ficcionais de variada territorialidade”.

Ainda comentando o diálogo do romance O lago e a urbe com os anteriores, Oton Lustosa acrescenta que “os três romances (Meia-vida, Vozes da ribanceira e O lago e a urbe) são de ambiência urbana (com incursões rurais), sempre abordando a vida por inteiro – com suas alegrias e tristezas, suas ambições e frustrações, suas ilusões e esperanças. Por fim, expondo a condição humana”.

“Trata-se de prosa de cunho realista (ou neorrealista), quase sempre com alguma crítica social e/ou política, mas, fundamentalmente, com o propósito de se mostrar tão somente como expressão de arte literária”, conclui o romancista.   

O lançamento de O lago e a urbe (Bienal Editora), de Oton Lustosa, da Academia Piauiense de Letras, acontece no auditório Wilson de Andrade Brandão, a partir das 10h, de 24 de maio, com apresentação do acadêmico Felipe Mendes de Oliveira.