E o governador guanabarino Negrão de Lima apoiou o radical esporte do deslizamento de atletas em pranchas sobre ondas.
(http://lh3.ggpht.com/_O0tsFfhip-0/Sx7-PCOs2II/AAAAAAAAC_U/NqE5XrQsLzY/SurfPost%2057-58%20hawaiian_thumb.jpg)
SURFISTA DO GÊNERO FEMININO EM OAHU / ALA MOANA
(http://magicseaweed.com/photoLab/viewPhoto.php?photoId=22697)
(http://www.guardian.co.uk/travel/2008/jun/16/surfing.adventure,
com a seguinte legenda:
"Surfing in El Salvador ... where Michael Fordham set out on a surf adventure in the '80s. Photograph: Roberto Escobar/epa/Corbis")
FORMIDÁVEL ONDA EM BALI
(Só a foto:
http://www.1stopbali.com/2009/10/)
AINDA BALI
(http://www.1stopbali.com/2009/10/)
PIER, IPANEMA, RIO: campeonato de surf na década de 70
(http://orebate-cassioribeiro.blogspot.com/2007/11/um-destemido-brasileiro-chamado-pep.html)
CAPA DE LIVRO DE YLLEN KERR, do Jornal do Brasil
(http://img1.mlstatic.com/jm/img?s=MLB&f=67453132_2468.jpg&v=O)
"(...)
Dez anos depois de ter conquistado o campeonato mundial de vôo livre no Japão, Pepê voltou ao país do Sol nascente para tentar o bicampeonato. Era 1991, e a prova final seria um vôo de 100 quilômetros a partir de Wakayama até Kushimoto. Pepê tinha começado o campeonato em 7º e já estava em 2º. O vento era forte e comprometia qualquer possibilidade de vôo seguro. O 1º colocado, um australiano, ainda cogitou o cancelamento da prova, mas Pepê não aceitou a hipótese; queria como sempre, voar em busca do título.
Pepê e o australiano saltaram seguidos por um japonês, que era o 3º colocado. As condições extremamente impróprias permitiram um deslocamento em vôo de apenas 17 quilômetros em 2 horas. Em condições normais, o mesmo tempo permitiria um vôo de 200 quilômetros.
De repente, os três competidores começaram a perder altitude muito rápido. Nosso eterno Menino do Píer, ou melhor, do Rio, chocou-se contra um paredão de rocha. Oito costelas quebradas, hemorragias internas e Pepê ainda gritou o nome dos filhos, João Pedro e Bianca, de 1 e 3 anos na ocasião, e o da esposa, Ana Carolina. O helicóptero de resgate chegou duas horas e meia depois, mas já era tarde. Pepê morreu como sempre viveu, desafiando o perigo. Em 1992, um trecho da praia da Barra da Tijuca e uma avenida no mesmo bairro carioca foram batizados com o seu nome".
(CÁSSIO RIBEIRO, jornalista, parágrafos finais do artigo adiante transcrito na íntegra,
Agradecendo a Marcelo Kaneca pelas informações
historico-desportivo-jornalisticamente transmitidas,
ele mesmo que, sendo atleta do mar, também "pega onda"
no universo da MEMÓRIA DO SURF CARIOCA, como ao
jornalista Cássio Ribeiro, do jornal O REBATE, que há
há mais de 75 anos - esse jornal - faz história,
reverenciando as memórias de
YLLEN KERR, jornalista e artista plástico,
que difundia práticas desportivas pró-saúde humana,
PEPÊ (Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes), surfista,
praticante de vôo de asa delta e praiano microempresário,
que vendia sanduíches naturais (não menos pró-saúde) e do
Embaixador FRANCISCO NEGRÃO DE LIMA,
com saudade da generosa pessoa dele e, também,
de tudo aquilo que ele representou
no momento em que foi eleito governador do Estado da Guanabara,
em oposição aos abusos antidemocráticos que, no Brasil, na época,
eram infelizmente praticados
21.6.2010 - O jornalista e artista plástico Yllen Kerr, hoje lenda do surf carioca, contribuiu para o desenvolvimento desse esporte radical-praiano - Ao nosso presente propósito, qual seja, o de homenagear, simultaneamente, um não-surfista que muito ajudou o surf carioca, Yllen Kerr (1924 - 1981), e um surfista profissional - e inventor de fabulosos sanduíches que até hoje levam a sua marca -, o Pepê (1957 - 1991), basta a transcrição de uma conhecida sentença (QUE REMETE AO QUE COMUMENTE SE DENOMINA metodologia científica) atribuída a Breno Rigaud:
"O mar cria ilusões, a onda as questões, o surf as respostas".
Resta uma questão, DAS BOAS: quais são as ilusões que o surf cria? Boa semana! F. A. L. Bittencourt ([email protected])
Marcelo Kaneca elaborou a seguinte matéria
para o blog Lendas do Surf
"Terça-feira, 25 de agosto de 2009
Que eu saiba, Yllen nunca pegou onda, mas foi muito importante para o surf ser aceito e respeitado pela sociedade.
Yllen era jornalista do Jornal do Brasil, escrevia sobre caça submarina e os primeiros surfistas do Arpoador eram mergulhadores.
Em 15/06/1965 foi fundada a Federação Carioca de Surf no Esporte Clube Radar, com o Iate Clube e o Clube Universitário.
Yllen foi o primeiro presidente, e a diretoria incluia Alberto Gamballe, Arduíno Colassanti, Armando Serra e Irencir Beltrão.
O Alberto foi o responsável pelo 1o Concurso de Surf do Rio, na Macumba.
Como jornalista, Yllen sempre cobriu esportes como caça submarina, motociclismo, corrida e triatlon.
Organizou o primeiro campeonato de vôo livre, junto com o Barriga.
Ele participou na elaboração das regras dos primeiros campeonatos de surf e da liberação do surf no Arpoador.
Pra quem não se lembra, o surf só era permitido após as 14hs, os salva vidas tiravam a gente dágua e apreendiam as pranchas.
Walter Guerra, pai da Fernanda, era o vice presidente da Federação, e conseguiu uma área no Arpoador, 200 m da pedra em direção ao Leblon, com horário livre pra surfar o dia inteiro.
A foto de cima mostra a assinatura do decreto. foi a primeira conquista do surf no Rio.
Além de jornalista, Yllen foi artista plástico e gravador renomado.
Era pai do Fabio Kerr, grande surfista até hoje, em cuja prancha eu aprendi a ficar em pé.
Depois do surf a gente ia na casa do Yllen, um apartamento perto do Arpoador, e se deliciava com pilhas de revistas playboy espalhadas pelos cantos, delícia de qq garoto de 16 anos.
Nas foto de cima, está Walter Guerra ao lado do Gov. Negrão de Lima, Yllen é o de bigode.
Na de baixo, Yllen, Maria Helena, Fernanda, João Cristóvão e Serra com o Negrão de Lima.
"Quarta-feira, 14 de novembro de 2007
UM DESTEMIDO BRASILEIRO CHAMADO PEPÊ
Início da década de 70. Um grupo de jovens com cabelos compridos, quase sempre alvos de tão louros, graças a combinação de sol e parafina, escorregam sobre as ondas da ponta do Arpoador, no Rio de Janeiro. Um píer erguido para facilitar a construção de um emissário submarino marcava o ponto de encontro daquela garotada pioneira do surf brasileiro que, no início, tanto despertava o preconceito e até atraía a repressão das autoridades da época.
Campeonato de surf no Píer de Ipanema, na década de 70
Surfista naqueles primórdios era sinônimo de desocupado, e a sociedade não via os praticantes do esporte com bons olhos. Quando o clima agitava o mar e fazia massas d’água nada modestas desabarem entre as colunas do Píer do Arpoador, até mesmo os surfistas com mais tarimba preferiam assistir aquele espetáculo da natureza ao longe.
Surgia então um magro e franzino menino de 14 anos correndo por cima do Píer, com sua prancha caseira, de forma irregular, embaixo do braço. Na impossibilidade de entrar remando no mar e chegar até o ponto onde as violentas ondas começavam a se formar, Pedro Paulo Guise Carneiro, o Pepê, saltava da ponta da ponte de atracação no mar revolto para logo em seguida, sozinho, escorregar em alta velocidade por dentro de bravios tubos de água, a alguns metros das rijas colunas do Píer.
Pepê aos 14 anos, durante campeonato mirim de surf em Ubatuba SP
As principais marcas de Pepê sempre foram o destemor, o respeito à natureza e o culto ao corpo (sem o tão empregado sentido de malhação atual), pois Pepê cuidava do corpo naturalmente ao praticar o surf e a alimentação natural, balanceada e equilibrada. Essas características associadas promoveram uma trajetória brilhante e respeitada pelo mundo em várias modalidades dos chamados esportes radicais que Pepê praticou.
Aos 13 anos, em 1970, Pepê foi bi-campeão carioca mirim de hipismo. Aos 15, conquistou o campeonato júnior de surf na praia de Ipanema. Ainda aos 17, viajou para se arriscar nas perigosas ondas tubulares de Pipeline, no Havaí; ocasião em que não tomava conhecimento do tamanho e da periculosidade das massas d’água do arquipélago havaiano, e se lançava na primeira onda que aparecesse. Esse estilo arrojado de surfar fez os havaianos chamarem Pepê de “O Kamikaze”, apenas uma semana após o jovem brasileiro ter chegado ao Havaí.
Com os surfistas João Almeida, à esquerda, e George Prytman, ao fundo
De volta ao Brasil, em 1975, Pepê foi participar do 6º Festival Nacional de Surf, em Saquarema, sua primeira competição que reunia grandes nomes do surf. Resultado: o jovem Pepê, embalado pela temporada recente no Havaí, chegou na bateria final junto com nomes como Rico de Souza, Ricardo Bocão e Otávio Pacheco. Pepê não parou por ai, foi o único dos finalistas que conseguiu vencer o mar agitado daquele dia, e chegar até o ponto de formação das ondas, garantindo a exclusividade de deleite no interior de violentos tubos aquáticos e o título do evento.
O feito de Saquarema rendeu a Pepê um convite para participar do Pipe Masters de 1976, que reunia os 18 melhores surfistas do mundo em um torneio no Havaí. O evento dividia os competidores em 3 grupos de 6, sendo que os dois melhores de cada grupo se classificavam para a grande final, e Pepê estava lá, pois foi o 2º melhor de seu grupo. Na final, o surfista brasileiro ficou em 6º (a melhor colocação de um brasileiro em toda a história do surf), pois pegou uma onda a menos que os outros 5 surfistas participantes da final.
Pepê tranqüilo dentro de um tubo em Pipeline, Havaí
Pioneiro na tendência dos sanduíches naturais
Em 1979, Pepê resolveu mudar de esporte, mas manteve o mesmo estilo arrojado que o consagrou como um dos 20 melhores surfistas do mundo daqueles tempos. O vôo livre passou a ser a nova paixão de Pepê, que agora marcava presença diária na praia do Pepino, em São Conrado, onde as asas-delta pousavam e ainda pousam após os saltos da rampa da Pedra da Gávea.
Nessa época, Pepê, baseado na experiência pela própria prática da alimentação natural, lançou uma moda gastronômica que se tornaria mania da geração saúde do início dos anos 80. Sua barraca de sanduíches naturais na praia do Pepino teria como campeã de vendas uma prática refeição que reunia pasta de frango, beterraba, cenoura, pepino, broto de alfafa, alface e pão integral.
A vida de empresário se alternava com as competições de vôo livre. Em poucos anos de prática com asa-delta, Pepê conquistou o inédito campeonato mundial de vôo livre para o Brasil , em 1981, no Japão. Em 1984, durante um campeonato em Governador Valadares MG, Pepê teve que fazer um pouso forçado devido a uma súbita falta de sustentação em sua asa-delta, e perdeu o baço e um rim. Apesar do acidente, Pepê continuou desafiando a morte em seus vôos destemidos.
Sobrevoando o RJ
Dez anos depois de ter conquistado o campeonato mundial de vôo livre no Japão, Pepê voltou ao país do Sol nascente para tentar o bicampeonato. Era 1991, e a prova final seria um vôo de 100 quilômetros a partir de Wakayama até Kushimoto. Pepê tinha começado o campeonato em 7º e já estava em 2º. O vento era forte e comprometia qualquer possibilidade de vôo seguro. O 1º colocado, um australiano, ainda cogitou o cancelamento da prova, mas Pepê não aceitou a hipótese; queria como sempre, voar em busca do título.
Pepê e o australiano saltaram seguidos por um japonês, que era o 3º colocado. As condições extremamente impróprias permitiram um deslocamento em vôo de apenas 17 quilômetros em 2 horas. Em condições normais, o mesmo tempo permitiria um vôo de 200 quilômetros.
De repente, os três competidores começaram a perder altitude muito rápido. Nosso eterno Menino do Píer, ou melhor, do Rio, chocou-se contra um paredão de rocha. Oito costelas quebradas, hemorragias internas e Pepê ainda gritou o nome dos filhos, João Pedro e Bianca, de 1 e 3 anos na ocasião, e o da esposa, Ana Carolina. O helicóptero de resgate chegou duas horas e meia depois, mas já era tarde. Pepê morreu como sempre viveu, desafiando o perigo. Em 1992, um trecho da praia da Barra da Tijuca e uma avenida no mesmo bairro carioca foram batizados com o seu nome.
Cássio Ribeiro".