[Flávio Bittencourt]

Os nobres como heróis e os plebeus como vilões

Pimpinela Escarlate, da Baronesa de Orczy, personagem justiceiro, precursor de todos os super-heróis da cultura de massa.

 

 

 

  

 

 

 

 File:Mask of zorro.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

(http://en.wikipedia.org/wiki/The_Mask_of_Zorro)

 

 

 

 

 

"(...) Todos comentam entre si a astúcia do Pimpinela, mas Bibot assegura que nem toda essa astúcia o salvará. É quando uma velhinha, que passara o dia inteiro tricotando e se regozijando com as cabeças cortadas pela guilhotina, se aproxima do portão com sua carroça. Bibot pergunta se ela voltará no dia seguinte, e ela responde que provavelmente não, pois seu netinho, que está dentro da carroça, está com varíola, ao que toda a audiência recua. 'Saia daqui imediatamente, mulher!', ordena o sargento, para descobrir, depois, que a velhinha era ninguém menos que o Pimpinela Escarlate. (...)"
 

(IVAN CARLO, em seu blog, acrescentando-se que o grifo em 'ORDENA O SARGENTO ' - não é o Sargento Garcia! - não está no original consultado, constituindo, então, contribuição modesta, nossa, a uma possível ação de que coletivamente seja erigida, com urgência, uma ARQUEOLOGIA DO ZORRO)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://blog.meiapalavra.com.br/2011/01/08/a-sombra-da-guilhotina-hilary-mantel-2/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.online-literature.com/orczy/)

 

 

 

 

 

CATHERINE ZETA-JONES E ANTONIO BANDERAS, TRABALHANDO (foto de cena de A LENDA DO ZORRO, The Legend of Zorro, dirigido por Martin Campbell, EUA, 2005):

 

(http://dropsdeanis.blogspot.com/2005/10/lenda-do-zorro.html)

 

 

 

 

 

O SARGENTO GARCIA:

NÃO É JUSTICEIRO (pelo contrário),

NEM SUPER-HERÓI MASCARADO:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://nerd-progre.blogspot.com/2009/12/el-sargento-garcia-atrincherado.html)

 

 

 

 

 

ARCHIVO RURAL - COMPENDIO DE PRINCIPIOS GERAES DE ECONOMIA E LEGISLAÇÃO RURAL

(Lisboa, Portugal, 1868):

"(...) A datar da morte de C. Craccho [CAIO CRACCHO, TRIBUNO DA PLEBE NA ROMA ANTIGA, IRMÃO DE TIBERIO GRACCHO, idem], as leis agrarias não forão mais que um pretexto, um thema para os ambiciosos. Deixou de haver quem quizesse reformar, legalmente, a republica; só havia quem quizesse apoderar-se d'ella. As guerras sociaes e civis se ateárão, e se lhes seguiu a ruina da republica. (...) E se, no fim do seculo passado [SÉCULO 18: o autor escreve no séc. 19], o famigerado demagogo, Graccho Babeuf [MILITANTE RADICAL DA REVOLUÇÃO FRANCESA, QUE TERMINOU POR SER GUILHOTINADO, TAMBÉM], propoz e defendeu uma nova lei agraria, pagou com a vida o seo arrôjo. O roubo era, nos antigos tempos, a origem da propriedade, porque o trabalho era, geralmente, occupação de escravos ou tido por cousa vil; e o escravo não podia possuir, nem bens de raiz, nem bens móveis. Nos tempos modernos, a lei do trabalho, invocada pela sciencia e reputada origem do direito de propriedade, aluíram as bases da antiga sociedade.  Hoje, os meios de producção, fornecidos pela economia e pelas descobertas scientificas, são taes, que a distribuição dos capitaes fundiarios perdeu grande parte de sua importancia. Por isso, devemos notar, que a discussão, que, noutros tempos, versava sobre a repartição das terras, versa, hoje, sobre a distribuição dos productos, obtidos pela alliança do capital e do trabalho. (...)"

(JOÃO FELIX PEREIRA, médico, engenheiro civil, agrônomo e professor da 2ª cadeira da Escola de Comércio de Lisboa, obra acima citada, Capítulo IV, "Leis agrárias", IN

O ARCHIVO RURAL - JORNAL DE AGRICULTURA - ARTES E SCIENCIAS CORRELATIVAS - REDACTORES: RODRIGO DE MORAES SOARES, Director Geral do Commercio e Industria - João Ignacio Ferreira Lapa - Silvestre Bernardo Lima - José Maria Teixeira - LENTES DE VENERINARIA NO INSTITUTO GERAL DE AGRICULTURA  - VOL. XI - LISBOA - TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE THOMAZ QUINTINO ANTUNES, RUA DOS CALAFATES, 110 - 1868

http://books.google.com.br/books?id=liYiAQAAIAAJ&pg=PA461&lpg=PA461&dq=anno+336+tribunos+Lic%C3%ADnio+Stolo&source=bl&ots=CVmhrsuxtk&sig=hMbzi5leeWVgpDV9OJxhl8ZcF74&hl=pt-BR&ei=5B6pToiOLYrMgQfP0_ED&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBwQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false)

 

 

 

 

"QUEREM SEPARAR, NA GUILHOTINA, CABEÇAS, para um lado, DE CORPOS, para outro, DE PESSOAS FRANCESAS DE NOBRE ESTIRPE? O negócio, ENTÃO, É QUE RAPIDAMENTE SE TENTE SALVAR OS CABRAS, AJUDANDO-OS A FUGIR PARA A INGLATERRA, ONDE IDEIAS DITAS 'subversivas' NÃO SE CRIAM, APESAR DE KARL MARX TER ESCRITO GRANDE PARTE DE SUA OBRA NA BIBLIOTECA DE LONDRES, ONDE PASSAVA, EM CERTA ÉPOCA DE SUA GRANDIOSA VIDA, LABORIOSA PARTE DE SEU DIA DE INCANSÁVEL ERUDITO-REVOLUCIONÁRIO-RADICAL"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

"EM RESUMO, AS ESTRATÉGIAS PARA QUE NOBRES FRANCESES SEJAM SALVOS DA PAVOROSA (e anticivilizada) GUILHOTINA SÃO VERDADEIRAMENTE SENSACIONAIS, torça o leitor por nobres, plebeus, sans culottes, montanheses, girondinos, radicais de Babeuf, pelos grandes proprietários de terras e castelos - ou por adeptos qualquer tendência da ultrassanguinária Revolução Francesa"

(IDEM)

 

  

 

 

"QUANDO, NO FINAL DO SÉC. XX, "CAIU O MURO DE BERLIM" (como dizem) E, NA EX-URSS, HOUVE A PERESTROIKA E A GLASNOST, HOUVE MUITA GENTE DE ÍNDOLE CONSERVADORA - também no vasto território das artes e da apreciação favorável da literatura trivial (F. R. Kothe) - QUE AFIRMOU QUE PIMPINELA ESCARLATE É QUE ESTAVA CERTO!" (*risos*)

(IBIDEM)

 

 

 

"Baronesa de Orczy



Nascimento: 23 de setembro de 1865
Morte: 12 de novembro de 1947

 

Baronesa Emmuska Orczy nasceu na Hungria, mas viveu na Inglaterra, onde se tornou artista e escritora de renome. Seu personagem mais conhecido é o Pimpinela Escarlate (1903), um justiceiro mestre dos disfarces que atuava na França revolucionária ajudando nobres locais a fugir para a Inglaterra. Surgido pela primeira vez numa peça de teatro, foi o Pimpinela quem inspirou heróis como Zorro. (ALR)"

(SÍNTESE BIOGRÁFICA CONTIDA NO EXCELENTE SITE

GUIA DOS QUADRINHOS,

http://www.guiadosquadrinhos.com/artistabio.aspx?cod_art=6074)

 

 

 

"Durante O Terror no século XVIII na França, quinze a quarenta mil pessoas perderam suas vidas sob a guilhotina. Muitos outros escaparam. O Pimpinela Escarlate é a história de um inglês que lutou sozinho para conservar pelo menos alguns da morte certa sob a lâmina da Revolução Francesa. Naturalmente, o Pimpinela Escarlate é um pseudônimo, e a apelação do livro encontra-se na revelação da identidade deste cavalheiro. A narrativa gira em torno de Margeurite, intelectual moderna da corte inglesa, que se afasta de seu marido Percy Blakeney e fantasia sobre o misterioso Pimpinela Escarlate. Nem percebe quão perto dela ele vive e que seus sonhos já são uma realidade. Quando seu irmão Armand, um simpatizante anterior da Revolução, está em perigo de preso e sentenciado à morte pelos republicanos, Margeurite encontra-se nas mãos de Chauvelin, Ministro dos Negócios Estrangeiros de planejamento da nova república. Sua missão é ajudar Chauvelin a descobrir quem é o Pimpinela Escarlate. Quando a verdade é revelada, Margeurite não tem nenhuma escolha a não ser mergulhar na agitação de Paris para ajudar a impedir que sua vida desmorone.
Publicado em: 15 junho, 2007

 

(http://pt.shvoong.com/books/children-and-youth/1619087-pimpinela-escarlate/

 

 

 

 

 

                                 HOMENAGEANDO A MEMÓRIA DA ESCRITORA HÚNGARO-BRITÂNICA

                                 EMMUSKA ORCZY (1865 - 1947), QUE ERA NOBRE - uma baronesa verdadeira -  

                                 E FORMATOU TODOS OS

                                 SUPER-HERÓIS FUTUROS DA CULTURA DE MASSA DO SÉCULO XX,

                                 NO SENTIDO DE QUE, POLITICAMENTE MUITO INCORRETOS,

                                 FOSSEM PROPAGANDA NÃO-EXPLÍCITA DA NOBREZA, CONTRA IDEAIS

                                 MAXIMALISTAS (bolcheviques, socialistas, libertários etc.);  E, TAMBÉM,

                                 AS MEMÓRIAS DE GRACCHO BABEUF, ERNESTO CHE GUEVARA E

                                 CARLOS MARIGHELLA, QUE ESTAVAM NOS ANTÍPODAS DE QUALQUER

                                 IDEOLOGIA CONSERVADORA, GENIAL E VELADAMENTE - de

                                 acordo com Ivan Carlo, em artigo que temos a honra e o prazer

                                 de adiante reproduzir - TRANSMITIDA EM

                                 PIMPINELA ESCARLATE, UM LIVRO INAUGURAL-MUITO-DIVERTIDO

 

 

  

27.10.2011 - No famoso romance escrito pela Baronesa de Orczy, os super-heróis dos quadrinhos, do cinema - aí incluídos os desenhos animados - e até da própria literatura trivial (Flávio René Kothe) ou literatura de mercado (Muniz Sodré) estão, digamos, "pré-configurados" - Os nobres como heróis e os plebeus como vilões: PIMPINELA ESCARLATE.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

  

 

IVAN CARLO ESCREVEU,

EM SEU BLOG, SOBRE

PIMPINELA ESCARLATE: 

"Domingo, Janeiro 08, 2006

Pimpinela escarlate

 

Minha leitura de filas (é o livro que eu levo para ler sempre que surge uma oportunidade, numa fila, por exemplo) é Pimpinela Escarlate, de autoria da Baronesa de Orczy. [AMBIENTADO] (...) em época pouco posterior à Revolução Francesa, o livro conta a história de um misterioso personagem que se empenha em tirar nobres da França numa época em que ser nobre na França era ser freguês da guilhotina. É um dos livros de propaganda disfarçada de ficção mais antigos que conheço. Escrito por uma nobre, mostra os nobres como heróis e os plebeus como vilões magros e astutos que esfregam as mãos magras a cada minuto, maquinando planos diabólicos. Em vários sentidos, Pimpinela Escarlate é um precursor de heróis como Batman e Zorro (inclusive no que diz respeito ao maniqueísmo com que os personagens são apresentados).
O primeiro capítulo é promissor. No portão oeste de Paris está o sargento Bibot, um astuto revolucionário com faro sem igual para descobrir aristocratas disfarçados em fuga. Era como uma brincadeira de gato e rato. Bibot figia-se iludido pelo disfarce, mas quando o pobre nobre atravessava o portão e sentia-se livre, o sargento mandava em seu encalço dois guardas que o traziam de volta diretamente para os braços da mãe Guilhotina.
Bibot está sentado sobre um barril vazio e conta divertido as novas sobre um tal Pimpinela Escarlate. Recentemente uma fuga pelo portão norte colocara toda a guarda em prontidão.
Bibot, divertido, conta como ser dera a fuga. O pobre sargento responsável pelo portão Norte vira-se às voltas com um carroça cheia tonéis de vinho puxada por um velho acompanhada por um menino. Zeloso, o cidadão examinou os tonéis e, achando que estavam vazios, deixou passar. Meia hora depois chegou uma patrulha perguntando pela carroça. Ao saber que haviam deixado passar, os soldados correram pelo campo, em busca de sua presa. Quando a platéia lamentava ao displicência do responsável pelo portão norte, que não revistou direito os tonéis, vem revelação: na verdade, os guardas eram o Pimpinela Escarlate e os aristocratas por ele salvos...
Todos comentam entre si a astúcia do Pimpinela, mas Bibot assegura que nem toda essa astúcia o salvará. É quando uma velhinha, que passara o dia inteiro tricotando e se regozijando com as cabeças cortadas pela guilhotina, se aproxima do portão com sua carroça. Bibot pergunta se ela voltará no dia seguinte, e ela responde que provavelmente não, pois seu netinho, que está dentro da carroça, está com varíola, ao que toda a audiência recua. “Saia daqui imediatamente, mulher!”, ordena o sargento, para descobrir, depois, que a velhinha era ninguém menos que o Pimpinela Escarlate.
A esse início promissor segue-se uma narrativa com todos os vícios do romantismo. Uma pena, mas a novela deixou um legado: Pimpinela é o precursor dos heróis dos pulps e dos quadrinhos de super-heróis... (ah, e pelo jeito houve também um filme do Pimpinela...)"