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Os judeus na Amazônia

Rogel Samuel

 

Li “Eretz Amazônia – os judeus na Amazônia”, de Samuel Benchimol, para encontrar-me.

Minhas raízes judaicas.

Quando eu era jovem, na faculdade, aqui no Rio de Janeiro, meu apelido era “Judeu errante”.

Nem sei por quê.

O livro me foi enviado por uma grande amiga. Li-o com avidez, leitura fácil, agradável, Samuel Benchimol (1924-2002) era um bom escritor, além de pesquisador cultíssimo e professor catedrático.

Eu já o tinha muito lido, principalmente aquele seu extraordinário “Amazônia”, que amplamente usei na construção do meu romance “O amante das amazonas”.

E o conheci de vista, quando ele ainda morava na Rua 10 de julho, e jogava xadrez no “Luso” com meu irmão.

Li “Eretz Amazônia” para encontrar-me, ainda que não seja judeu, mas neto de judeu. Só é judeu filho de mãe judia, ou aquele que se converteu.

Minha amiga e escritora Bella Josef (1926-1910) um dia me convidou para aderir ao grupo, mas eu agradeci, estou muito velho para mudar.

E encontrei ali o meu avô Maurice Samuel em vários lugares do livro, principalmente no ”Boom do ciclo da Borracha”, da página 117, ao lado dos Levy, dos Kahn etc., homens empreendedores e muito ricos, todos franceses e alsacianos, como meu avô (Marius & Levy edificaram o edifício dos Correios, na esquina da Av. Eduardo Ribeiro o mais alto da cidade).

O escritório de meu avô ficava na rua Marcílio Dias, onde hoje está o Hotel Amazonas.

Ficava lá. E no meu coração.

Ele era dono do navio Adamastor, cuja figura se encontra no meu livro.

Faleceu na pobreza no ano em que nasci: 1943.