Os Estados Unidos : seu povo e sua política externa
Por Cunha e Silva Filho Em: 20/08/2014, às 09H04
Deve-se distinguir a sociedade americana do seu governo e de suas instituições políticas, ou seja, não se deve nunca pôr a culpa no povo por quaisquer que sejam as ações tomadas pelo seu governo.
Difícil é ver alguma relação lógica entre um Presidente de uma grande nação construída pelo brilho de seus pais fundadores e pelo menos os três últimos presidentes que a governaram, sendo que o atual é um detentor de um Prêmio Nobel da Paz.Só que a simples condição de Barack Obama como ganhador de uma Nobel da Paz é suficiente para lamentarmos o que seu governo anda fazendo no que respeita à sua política externa.
A despeito de ser o comandante-em-chefe do seu país, não se pode aceitar absolutamente que seu governo permita suprir Israel de uma grande quantidade de poderosos armamentos mortíferos a ser empregado contra os palestinos da Faixa de Gaza. Essa atitude está inteiramente em desacordo com a função que lhe é atribuída ao cargo.
Se na realidade ele quiser dar demonstrações de que é merecedor do status de um verdadeiro estadista, ele jamais deveria consentir que seu país enviasse armas, mesmo a uma nação aliada, que viesse provocar a morte de centenas de inocentes no território de Gaza. Além disso, esta atitude não é digna de um ganhador de um Nobel da Paz. Pelo contrário, o Presidente americano nos ´da a impressão de que avaliza todas as atrocidades perpetradas pelas Forças Armadas israelenses no conflito com os palestinos.
Desta forma, o governo de Obama não está agindo certo, mas muito ao contrário, está contribuindo para a posição de declínio de um país que, no passado, já contou com homens brilhantes como Lincoln, Washington, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, Franklin Delano Roosevelt, Martin Luther King, entre outros. Obama não desejaria macular a velha e boa imagem do passado americano. Portanto, a ele caberá mostrar às nações do mundo que seu país não irá ser co-responsável pelos altos índices de mortes de crianças na Faixa de Gaza. A ele cabe formular um plano de paz a fim de mudar as estratégias que vem empregando. Em outras palavras, antes deveria esforçar-se para tomar medidas em direção a uma trégua duradoura no conflito. Somente alterando suas estratégias ele estaria colaborando com os dois lados.
A Comunidade Internacional não suporta mais assistir a tanto derramamento de sangue, algo indigno para os tempos atuais e para a nossa condição de seres humanos instruídos e civilizados. Várias instituições mundiais não-lucrativas têm por finalidade procurar meios de evitar guerras e, tanto quanto possível, envidar esforços na direção da paz. Obviamente, as Nações Unidas e outras instâncias mundiais do poder têm trabalhado de modo a solucionar o conflito através de meios pacíficos, i.e., através de conversações e reuniões programadas conduzidas por representantes de ambos os lados da guerra.
Todavia, até agora nenhuma medida decisiva de organismos mundiais de segurança foi tomada com vistas a solucionar o conflito palestino-israelense. Creio que nem tudo está perdido: deve haver uma saída para se chegar a um acordo satisfatório a ambos os lados e, para consegui-lo, não é certamente através dos expedientes utilizados pelo governo de Obama: vendendo ou enviando armas a Israel. Na realidade, este é um modo equivocado de enfrentar esta questão relevante.
Se os EUA desejarem paz entre os dois povos, cumpriria a Obama parar de enviar sucessivas quantidades de armas letais a fim de fortalecer os israelenses militarmente. Por sinal, o papel desempenhado pela Anistia Internacional, inclusive sua representação no Brasil, e o de denunciar os malfeitos praticados por quaiquer nações e ajudar pessoas desprotegidas no mundo todo.
No caso de os EUA prosseguirem nessa linha diplomática, a influente nação de Abe Lincoln com certeza tornar-se-á ainda mais impopular e será vítima do ódio de várias nações do mundo.Por conseguinte, Obama tem consciência de que sua posição política para assuntos estrangeiros deixa muito a desejar já que segue uma direção errônea que apenas o prejudicará como Presidente tanto no EUA quanto no exterior.
Que fique claro ser a posição deste colunista a de não defender apenas o lado palestino. Posso entender que as estratégias belicosas do grupo Hamas devem ser modificadas igualmente, e isso somente poderia ser concretizado caso este grupo armado colocasse de lado seu traço terrorista pelo qual ficou conhecido. Esta postura belicista deve ser alterada para posições políticas em lidar com os israelenses. Em outras palavras, O Hamas deveria esforçar-se para conquistar seus direitos e território através de diálogos francos com os seus opositores de tal sorte que suas reivindicações sejam aceitas pelo governo de Israel. Por outro lado, Israel deve deixar de assassinar inocentes de Gaza. Se contássemos as vítimas fatais do lado de Gaza, facilmente veríamos que a estatística é muito desproporcional em relação às vítimas de Gaza, sobretudo em número de crianças e civis. Se da mesma forma levarmos em conta as baixas militares, as vítimas de Gaza são muitíssimo superiores às de Israel. O mesmo raciocínio serviria para o número de feridos.
Países que mantêm relações diplomáticas com os EUA deveriam procurar persuadir o governo americano, em reuniões das Nações Unidas, a desistirem de armar cada vez mais Israel. Ninguém diria que o conflito é fácil de ser contornado, mas é bem razoável entender que há possibilidades concretas para ambos os lados chegarem a acordos exequíveis. Tudo depende de maior sensibilidade a fim de pavimentar um caminho em direção à paz ansiada. Veja-se o o bom exemplo no Brasil onde imigrantes árabes e judeus convivem em harmonia, sem quaisquer conflitos entre si. Esse exemplo deveria ser imitado no Oriente Médio. Afinal de contas, somos humanos, seres dotados de inteligência e razão, por conseguinte, pessoas capazes de viver em harmonia e independência, apagando para sempre o ódio étnico.
A continuarem se digladiando, ambas as partes somente terão prejuízos e devastações: cidades arrasadas, alto custo financeiro devido a uma combate duradouro, mortes, gente mutilada, patrimônio histórico perdido, e, acima de tudo, a ausência de uma existência em paz.
Uma pergunta final:é possível atingir os objetivos que conduzem à paz? Sim, é bem possível. Se colocássemos as prioridades nos motivos humanitários, isso sem dúvida seria o primeiro grande passo dado.No entanto, na hipótese de descartarmos esta recomendação, tenho certeza de que estes povos em conflito não há de merecer uma paz definitiva.
Se tivesse que me dirigir de coração aberto ao Presidente dos Estados Unidos, não hesitaria em dar-lhe um conselho: elimine a remessa de armas pesadas e mortais a Israel se desejar fazer jus ao Prêmio Nobel da Paz que lhe foi concedido, juntamente com Thorbjon Jagland, em 2009.
.