Os adultos merecem ouvir contos de fadas

É o que nos propõe Rossane Lemos, com base em sólidos fundamentos teóricos.

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RÓTULO ANTIGO DA CERVEJA BLACK PRINCESS ('PRINCESA NEGRA'),

QUE AINDA É FABRICADA NO SUBÚRBIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL

(http://www.zegeraldo.lugaralgum.com/?m=200607)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DADOS INTERESSANTÍSSIMOS:

(1) A FUNDAÇÃO DA TRADICIONAL FÁBRICA FOI EM 1882,

SEIS ANOS ANTES, PORTANTO, DA LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS,

NO BRASIL, e (2) a BLACK PRINCESS passou de "alta fermentação" para

"baixa fermentação", muito tempo depois, evidenciando mudanças de

demanda e consumo do produto

(SÓ A FOTO DO RÓTULO ATUAL, SEM A LEGENDA

ACIMA REDIGIDA:

http://boemiaenostalgia.blogspot.com/2007/04/bar-rainha-do-senado-neste-p-sujo-ou.html)

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ATRIZ BRASILEIRA TAÍS ARAÚJO É CHICA DA SILVA, já uma grande senhora (à esquerda) e

ainda uma escrava (à direita)

(http://ego.globo.com/Gente/Fotos/0,,GF58762-9801,00-COM+VOCES+A+CAMALEOA+TAIS+ARAUJO.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"RECONTAÇÃO" DE CONTOS DE FADAS APRESENTANDO

SINTOMAS DE APRECIÁVEIS MUDANÇAS SOCIAIS,

NOS ESTADOS UNIDOS:

 

"Disney's first black princess (...)" [A PRIMEIRA PRINCESA NEGRA

DOS ESTÚDIOS DISNEY], COM O DETALHE DE QUE A PRODUÇÃO

FOI FEITA EM HOLLYWOOD, CALIFÓRNIAOU SEJA, NO MESMO

ESTADO DOS EUA ONDE OS TEÓRICOS  ROMAN JAKOBSON (RÚSSIA)

E HAROLDO DE CAMPOS (BRASIL) CONHECERAM-SE E COMEÇARAM,

EM 1966, A DISCUTIR EM PROFUNDIDADE, ENTRE OUTRAS QUESTÕES

NÃO MENOS RELEVANTES, A ARTE POÉTICA TROVADORESCA DE

MARTIN CODAX ["Jogral de Vigo [Vigo situa-se no Noroeste do Reino da Espanha, sendo uma cidade banhada pelo Oceano Atlântico, próximo ao litoral do Extremo Norte de Portugal, da Comunidade Autônoma Espanhola da Galícia (Galiza)], literariamente activo em meados do terceiro quartel do século XIII (...)", http://www.infopedia.pt/$martin-codax]

(http://www.bloggingstocks.com/2007/03/12/disneys-first-black-princess-its-about-time/)

 

 

 

"(...) Em 1966, a convite do PEN American Center, [O POETA E ENSAÍSTA HAROLDO DE CAMPOS] participou do XXXIV International PEN Congress, em Nova York, do debate 'O Escritor na Era Eletrônica', presidido por Marshall McLuhan. No mesmo encontro, representou o Brasil na mesa-redonda 'A Situação do Escritor na América Latina', com Victoria Ocampo, Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa e Emir Rodriguez Monegal. Também em 1966, conheceu Roman Jakobson na Califórnia. Do longo convívio que ali teve início, resultou o ensaio do lingüista russo intitulado 'Carta a Haroldo de Campos sobre a textura poética de Martin Codax' (...)"

(http://karamazavi.blogspot.com/2010/01/magister-ii-haroldo-de-campos.html).

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://volunteer.blogs.com/winewaves/2007/06/martin_codax_ri.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.galiciadigital.com/_images/galegos/martin_codax.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://blog.allmusic.com/category/classical/ear-worms-obsessions/)

 

 

 

TROVADORISMO - Compositor: Martin Codax

 

OBS. - SOBRE TROVADORISMO VOCÊ ENCONTRA

UMA SÍNTESE DE EXCELÊNCIA ACADÊMICA, na web, EM:

http://www.jackbran.pro.br/literatura/trovadorismo_portugues.htm;

autor: Prof. Dr. Antônio Jackson de Souza Brandão

[orientadora de sua tese: Profª Drª Cláudia Sibylle Dornbusch, USP),

professor de Morfossintaxe da Língua Portuguesa,

Prática de Ensino de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e

Linguística da UNIBAN (Universidade Bandeirante) - SP e diretor da

JACKBRAN LTDA. (*)]

 

(*) - SE VOCÊ SE INTERESSA EM QUALIFICAR LINGUISTICAMENTE

A SUA EMPRESA, visite, por favor:

http://www.jackbran.com.br/

 

 

 

 

"Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ay Deus, se verrá cedo!


Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ay Deus, se verrá cedo!


Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
E ay Deus, se verrá cedo!


Se vistes meu amado,
por que ei gran cuidado!
E ay Deus, se verrá cedo!





Mandad'ei comigo,
ca ven meu amigo;
E irei, madr', a Vigo.


Comigu' ei mandado,
ca ven meu amado:
E irei, madr', a Vigo.


Ca ven meu amigo
o ven san' e vivo:
E irei, madr', a Vigo.


Ca ven meu amado
e ven viv' e sano:
E irei, madr', a Vigo.


Ca ven san' e vivo
e del-rei amigo
E irei, madr', a Vigo.


Ca ven viv' e sano
e del-rei privado.
E irei, madr', a Vigo





Mia irmana fremosa, treides comigo
a la igreja de Vig', u é o mar salido
e miraremo-las ondas.


Mia irmana fremosa, treides de grado
a la igreja de Vig', u é o mar levado
e miraremo-las ondas.


A la igreja de Vig', u é o mar salido,
e verrá hy, mia madre, o meu amigo
e miraremo-las ondas.


A la igreja de Vig', u é o mar levado,
e verrá hy, mia madre, o meu amado
e miraremo-las ondas.







Ay Deus, se sab'ora meu amigo
com'eu senlheira estou en Vigo
e vou namorada!


Ay Deus, se sab'ora meu amado
com'eu en Vigo senlheira manho!
e vou namorada!


Com'eu senlheira estou em Vigo
e nulhas guardas non ei comigo
e vou namorada.


Com'eu en Vigo senlheira manho
e nulhas guardas migo non trago
e vou namorada!


E nulhas guardas non el comigo,
ergas meus olhos que choran migo
e vou namorada!


E nulhas guardas migo non trago,
ergas meus olhos que choran ambos
e vou namorada!






Quantas sabedes amar amigo
treides comig' a lo mar de Vigo
e banhar-nos-emos nas ondas.


Quantas sabedes amar amado
treides comig' a lo mar levado
e banhar-nos-emos nas ondas.


Treides comig' a lo mar de Vigo
e veeremo' lo meu amigo
e banhar-nos-emos nas ondas.


Treides comig' a lo mar levado
e veeremo' lo meu amado
e banhar-nos-emos nas ondas.





Eno sagrado, en Vigo,
baylava corpo velido.
Amor ei!


En Vigo, [e]no sagrado,
baylava corpo delgado.
Amor ei!


Baylava corpo velido
que nunca ouver 'amigo.
Amor ei!


Baylava corpo delgado,
que nunca ouver' amado.
Amor ei!


Que nunca ouver' amigo,
ergas no sagrad', en Vigo.
Amor ei!


Que nunca ouver' amado
ergu' en Vigo, no sagrado.
Amor ei!





Ay ondas, que eu vin veer,
se me saberedes dizer
por que tarda meu amigo
sen mi!


Ay ondas, que eu vin mirar,
se me saberedes contar
por que tarda meu amigo
sen mi!"

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

(http://ukulelevids.com/cantigas+de+amigo/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOAN BAEZ

(http://www.lastfm.com.br/group/Singer-Songwriter+of+the+Week/forum/143146/_/607719)

 

BAEZ TRABALHANDO, EM 2010:

http://www.youtube.com/watch?v=JJgmUJ-RAw0&feature=related,

VIENA (ÁUSTRIA), GospelShip

http://www.youtube.com/watch?v=RlhJD2v6znY&feature=related,

VIGO (ESPANHA), 2010, Gracias a la vida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARIA ESTHER BUENO SALTANDO

(http://www.celebritytennis.co.uk/Associates.htm)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LEILA DINIZ SAUDANDO A VIDA

(http://salalatinadecinema.blogspot.com/2010/05/leila-diniz.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://diarioaocais.blogspot.com/2010/07/conto-de-fadas.html)

 

 

 

 

 

 

                                         Homenagendo Joan Baez,

                                         Maria Esther Bueno e

                                        Taís Araújo,

                                        em memória de

                                        Martin Codax,

                                        Chica da Silva,

                                        Ramon Jakobson,

                                        Haroldo de Campos e

                                        Leila Diniz - que contava muitas estórias a seus alunos, do curso primário -,

                                        agradecendo à também professora mestranda

                                        Rossane Lemos, pela aula lida, e ao professor doutor

                                        Antônio Jackson de Souza Brandão, por idêntica razão

                                      

                                      

 

 

 

15.8.2010 - Se meninos e meninas ouvem contadores de estórias com a máxima atenção, por que cargas d'água marmanjas e velhotes não fariam o mesmo? - Vale a pena ler com atenção o texto a seguir transcrito. Rossane Lemos é jornalista e mestranda em Literatura. F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 
 
"Os adultos merecem ouvir contos de fadas
 
por Rossane Lemos
 
Quarta-feira, 14 de Outubro de 2009
Os Irmãos Grimm se dedicaram a registrar os contos da forma mais pura possível, recém-saída da boca do povo, em uma linguagem que se assemelha ao vocabulário das crianças. Os editores do livro Kinder - und HausMärchen[1] destacam que os autores:

Se afastaram da tendência de seus contemporâneos, de transformar os contos numa representação (Spiel), na qual se desencadeia um individualismo romântico: eles permanecem fiéis ao ritmo escutado, que perceberam na boca dos falantes do povo. Por isso os contos de Grimm têm este tom, da maior intimidade popular; por isso eles (os contos) têm o infantil dentro de si e se deixam contar com tanta naturalidade para as crianças. (GRIMM, vol. II, p. 589)

Entretanto, as histórias se deixam contar não apenas para as crianças. As histórias, os contos maravilhosos, de fadas, da carochinha entre tantos fazem parte da vida da maioria das pessoas: crianças ou adultos; que podem sonhar e entrar na magia dos contos de fadas embalados pela voz doce de alguém que acredita no poder da palavra.

Hans Cristian Andersen falou com as crianças com o coração. Os textos traduziam o sofrimento principalmente destas e reequilibravam as injustiças sociais na esfera do maravilhoso. Mas porque apenas as crianças precisam de palavras cuja essência fale ao coração? Quantos adultos sentem-se tal qual “O patinho feio”, “O soldadinho de chumbo”, “A pequena sereia”?

Com o avanço do racionalismo cientificista e tecnológico, os contos de fadas e as narrativas maravilhosas passam a ser vistos como ‘histórias para crianças’. Há um novo maravilhoso a atrair os homens: aquele que eles descobrem não só no próprio real (transformado pela máquina), mas também em si mesmos, ou melhor, no poder da inteligência humana. (COELHO, 2000, p. 119)

Alguns desatentos projetam a ação dos contos na produção de efeitos somente para as crianças, destacando uma face dedicada ao aspecto lúdico da fantasia. Entretanto, ao observar estas narrativas com maior profundidade, pode-se ampliar as possibilidades para uma ação efetiva em todos os públicos. As crianças têm naturalmente um impulso espontâneo que facilita a recepção das histórias por conta de serem menos moldadas pela sociedade materialista - são elas que conseguem aceitar facilmente o aspecto maravilhoso dos contos. Costa (2006, p. 94) refuta a ideia de que histórias são para crianças apenas:

Há, contudo, uma omissão imperdoável nessa crença de que apenas as crianças gostam e devem ouvir histórias. Os adultos recebem com igual prazer, encantamento e curiosidade as histórias adequadas à sua visão de mundo e à sua experiência de vida. Nesse sentido, contar histórias é também um ato de congraçamento, que irmana o público, conquistado pelo desempenho do contador e pela força do texto escolhido.

Bruno Bettelheim afirma que os contos de fadas ajudam a criança na difícil tarefa de encontrar um sentido à vida, e os adultos também. Para o autor “nada é tão enriquecedor e satisfatório para a criança, como para o adulto, do que o conto de fadas folclórico. [...] através deles pode-se aprender mais sobre os problemas interiores dos seres humanos”. (1997, p. 13)

Joseph Campbell (2008) acredita que a mitologia desempenha várias funções, sendo que uma delas é, ao mesmo tempo, psicológica e pedagógica. Para ele, o mito precisa ser o companheiro do ser humano em todas as fases da vida, por exemplo, como instrutor das crianças e como preparador para a morte dos idosos. Em entrevista ao jornal O Globo, do Rio de Janeiro, Couto enfatiza o valor de ouvir histórias e confirma que estas não são somente para crianças:

Uma certa racionalidade nos fez envergonhar deste apetite, atirando as histórias para o domínio da infantilidade. Essa estigmatização da pequena história está presente também na literatura: veja-se a forma como se secundariza o conto em relação ao romance. O advento e a hegemonia da escrita são também responsáveis por essa marginalização da oralidade. (p. 6)

Não é possível apontar ao certo - a sociedade ou o próprio ser humano - o responsável por esse rompimento que rouba dos adultos esta experiência imaginativa e lúdica. Os adultos são levados a abrir mão dos sonhos, atrelando suas vidas na rudeza da rotina e deixando de viver uma essência que, ainda assim, não os abandona. Tornar-se adulto parece ser o reconhecimento de que algumas coisas são impossíveis. Neste sentido “o conto pode manter viva essa chama de familiaridade com o desconhecido, porque lá as experiências inexplicáveis fazem sentido” (MACHADO, 2004, p. 28)" (ROSSANE LEMOS)
 
Referências - === em edição ===
 
 

Rossane Lemos
 

ROSSANE LEMOS

Jornalista, professora universitária e mestranda em literatura

 

 

 

 

 

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"Domingo, 17 de janeiro de 2010

MAGISTER - II - HAROLDO DE CAMPOS

 




Haroldo (Eurico Browne) de Campos nasceu em 19 de agosto de 1929 em São Paulo, capital. Foi casado com Carmen de Paula Arruda, com quem teve um único filho, Ivan Pérsio de Arruda Campos, em 1962. Poeta, tradutor de poesia em várias línguas, ensaísta e crítico literário, fez seus estudos secundários no tradicional Colégio São Bento, onde aprendeu os primeiros idiomas estrangeiros (latim, inglês, espanhol, francês). Participou do Clube de Poesia, ligado à Geração de 45, sob os auspícios do qual publicou seu primeiro livro de poemas, O Auto do Possesso, aos 21 anos. Em 1952, rompeu com o Clube de Poesia e, com o irmão Augusto de Campos e Décio Pignatari, fundou o grupo Noigandres e a revista com o mesmo nome. Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 1952. Foi procurador da USP até se aposentar.

O Noigandres foi o embrião do movimento da poesia concreta, que exerceu grande impacto na literatura brasileira e internacional, com mostras e exposições em países como Alemanha, Japão, Itália, Espanha, Tchecoslováquia, Suíça, Argentina, Inglaterra. A poesia concreta realizou, por meio da tradução, uma extensa revisão da poesia mundial com o fim de revitalizar a invenção poética. Em 1962, Haroldo de Campos escreveu “Da Tradução como Criação e como Crítica”*, ensaio fundamental para os estudos da tradução, depois de ter traduzido ou enquanto traduzia poetas como os grandes modernistas de expressão inglesa (Pound e Joyce), vanguardistas alemães (Gomringer, Heissenbüttel), o Mallarmé de Un Coup de Dés, Francis Ponge, Dante, Ungaretti, Maiakóvski e haicaístas japoneses. Assim, oferecia aos leitores brasileiros um rico acervo de poesia, até então virtualmente desconhecido, e extraía dessa experiência uma teoria inovadora e um novo padrão para a tradução literária.


Em 1959, permaneceu cerca de um ano na Europa. Em Colônia, encontrou-se com Karlheinz Stockhausen, no estúdio de música eletrônica da rádio da cidade, e em Rapallo, com Ezra Pound, com quem já vinha se correspondendo e cujos Cantos traduzia ao lado de Augusto de Campos e Décio Pignatari. A partir dessa primeira viagem ao exterior, continuou estabelecendo contato com renomados poetas, artistas e intelectuais estrangeiros. Em 1964, foi leitor junto à Cátedra de Filosofia (Estética) do professor Max Bense na Universidade de Stuttgart. Nesse ano, também viajou para Baden-Baden, onde entrevistou Pierre Boulez, e para a Itália, onde conheceu os poetas “novíssimos” italianos e o crítico Umberto Eco, que se surpreendeu ao saber que o poeta brasileiro tinha antecipado sua teoria da obra de arte aberta num ensaio escrito em 1955**. Entre 1963 e 1964, visitou também Praga, onde deu uma conferência sobre poesia concreta e entrou em contato com a obra de Guenádi Aigui, poeta russo que depois traduziria, e conheceu vários intelectuais, entre eles Josef Hirsal e Ladislav Novák. Em 1966, a convite do PEN American Center, participou do XXXIV International PEN Congress, em Nova York, do debate “O Escritor na Era Eletrônica”, presidido por Marshall McLuhan. No mesmo encontro, representou o Brasil na mesa-redonda “A Situação do Escritor na América Latina”, com Victoria Ocampo, Pablo Neruda, Mario Vargas Llosa e Emir Rodriguez Monegal. Também em 1966, conheceu Roman Jakobson na Califórnia. Do longo convívio que ali teve início, resultou o ensaio do lingüista russo intitulado “Carta a Haroldo de Campos sobre a textura poética de Martin Codax”***.

Recebeu o prêmio Presenza d'Italia in Brasile, em 1968. Durante a década de 60, intensificou sua atividade crítica com ensaios sobre inúmeros autores brasileiros e estrangeiros, muitos deles depois reunidos em Metalinguagem & Outras Metas. Procedeu também ao resgate de autores brasileiros que haviam ficado à margem da historiografia tradicional, como Sousândrade e Oswald de Andrade. Em 1969, convidado pela Direction Générale des Relations Culturelles, desenvolveu pesquisas sobre literatura de vanguarda em Paris. Conheceu Octavio Paz, com quem já vinha se correspondendo. Em 1981, concluiria a tradução do poema Blanco do poeta mexicano. Foi amigo de músicos ligados à Tropicália, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, de cineastas como Julio Bressane e Ivan Cardoso, e de artistas plásticos como Helio Oiticica, entre outros.


Em 1971, recebeu a Bolsa Guggenheim, que lhe permitiu fazer pesquisas na Europa e Estados Unidos para a tese de doutorado que defenderia em 1972 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. A tese foi publicada com o título Morfologia do Macunaíma. Nesse decênio, dedicou-se a aprender russo, traduzindo Maiakóvski e outros poetas russos, com Augusto de Campos e Boris Schnaiderman. Passou a dirigir a Coleção Signos, da editora Perspectiva, tendo publicado em sua gestão mais de trinta volumes. Ainda em 1971, foi professor visitante junto à Universidade do Texas em Austin, onde voltaria a ensinar em 1981. Aprofundou o interesse pela literatura hispânica, travando contato com vários escritores, como Julio Cortázar, Severo Sarduy e Cabrera Infante. Cortázar faria dele um dos personagens de Un tal Lucas, escrito em 1979. Em 1978, foi professor visitante na Universidade de Yale, em New Haven. Entre 1973 e 1989, foi professor titular de Semiótica da Literatura no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), obtendo o título de Professor Emérito em 1990. Foi um dos introdutores da semiótica no Brasil.


Nos anos 80, estudou hebraico e começou a traduzir textos bíblicos, projeto que retomaria na década de 90, para a preparação do livro Éden: um tríptico bíblico, publicado postumamente. Em 1984, publicou Galáxias, texto que escrevera entre 1963 a 1976, diluindo as fronteiras entre poesia e prosa. Na década de 90, fez duas viagens marcantes. Em 1991, a Japan Foundation o convidou para visitar o país de autores que ele divulgou no Brasil, como o poeta Bashô e o filósofo Fenollosa. Em 1994, o Instituto Cultural de Israel proporcionou-lhe uma viagem ao país, em que fez contato com grandes poetas israelenses como Yehudá Amichai, Natan Zach e Haym Gúri, dos quais traduziu alguns poemas. Também nesse período, aprofundou seus conhecimentos de grego e traduziu integralmente a Ilíada de Homero. Foi um dos fundadores da Associação Brasileira dos Amigos de James Joyce e introduziu o Bloomsday no Brasil, comemoração que vem se repetindo anualmente desde 1988.

Em 1991, recebeu uma homenagem em Salto Oriental, Uruguai, organizada pelo Centro Cultural de Salto e a Academia Nacional de Letras, e coordenada pela Profa. Dra. Lisa Block de Behar. No mesmo ano, foi homenageado na ocasião do 35º aniversário da Fundação da Aliança Cultural Brasil-Japão. Em 1992, participou do Ciclo Internacional de Poesía, na Residencia de Estudiantes, em Madri. Realizou leitura de seus poemas no Copenhagen's International Festival of Poetry, na Dinamarca, em 1993. No ano seguinte, participou do Projekt der KulturRegion Stuttgart im Max-Bense-Saal der Stadtbücherei im Wilhelmspalais, com apresentação de Galáxias por Theophil Maier e acompanhamento do conjunto Exvoco.


Em 1995, juntamente com outros poetas concretos brasileiros e portugueses, foi homenageado no evento ”A Symphosophia on Experimental, Visual & Concrete Poetry”, The Council on Latin American Studies, Yale University (New Haven-USA). No mesmo ano, participou da IIIª Biennale Internationale des Poètes, em Val-de-Marne, Paris, Lyon e Marselha, na França. Recebeu o título de Chevalier dans L'ordre des Palmes Académiques de France. Em 1996, ministrou o “Curso International sobre Poética da Tradução”, na Universidad International “Menéndez Pelayo”, Tenerife, Espanha. Nesse mesmo ano, participou do VI Festival Internacional de Poesia em Medellín, Colômbia, e proferiu o “Curso Internacional sobre Tradução como Gênero Literário”, na Residencia de Estudiantes, em Madri. Também em 1996, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Montréal, Québec.

Foi vencedor do prêmio Jabuti em 1991, 1992, 1993, 1994, 1999, 2002, 2003 e 2004. Sua biografia foi incluída na Enciclopédia Britânica em 1997. No mesmo ano, foi homenageado no II Congresso Arte e Ciência, promovido pelo Centro Mário Schenberg, ECA-USP e ABPA. A PUC-SP o homenageou no evento Diálogo das Artes - Homenagem a Haroldo de Campos, em outubro de 1996. Nessa ocasião, foi impresso um álbum de tiragem limitada com manifestações de Octavio Paz, Guillermo Cabrera Infante, Jacques Derrida e João Cabral de Melo Neto, acompanhado de um kakemono de Tomie Ohtake com um poema de Haroldo. Em seu texto-homenagem, Derrida escreve, “no horizonte da literatura, e antes de tudo na intimidade da língua das línguas, cada vez tantas línguas em cada língua, sei que Haroldo a tudo isso terá tido acesso como eu antes de mim, melhor que eu”.
Participou de uma mesa-redonda a convite da Feira Internacional do Livro em Frankfurt, em outubro de 1998, mesmo ano em que recebeu o Prêmio Internacional Lumière/Unupadec, em Roma, e participou do Simpósio Internacional Ressurgences Baroques, na Maison du Canada, em Paris. Foi o ganhador do Premio Octavio Paz de Poesía y Ensayo, no México, em 1999. Nesse mesmo ano, as universidades de Oxford e Yale, em homenagem aos 70 anos do poeta, dedicaram-lhe o simpósio "On Transcreation: Literary Invention, Translation and Poetics". Obteve o prêmio John Jameson – Bloomsday 1999 por sua divulgação da cultura irlandesa no Brasil.

Participou do Simpósio sobre Alexander von Humboldt, organizado pela Fundação Humboldt, em Berlim, em junho de 1999. Também nesse ano, recebeu o prêmio Roger Caillois pela obra Galaxies, tradução francesa de Inês Oseki-Dépré. Em junho de 2000, participou do Colóquio Internacional Revues parlées, no Centro Pompidou, Paris, com leitura a onze vozes de Galaxies. Também em 2000, recebeu o prêmio Hors Concours Fernando Pessoa por Pedra e Luz na Poesia de Dante, categoria tradução, outorgado pela União Brasileira de Escritores. No mesmo ano, tornou-se membro do Comitato di Collaborazione Culturale dell'Istituto Italiano di Cultura di San Paolo, nomeado pelo Embaixador da Itália no Brasil.



O Projeto: Yûgen/Fundação Japão prestou homenagem a ele, bem como a Tomie Ohtake e H. J. Koellreutter. Foi convidado pela UNESCO e pelo Ministério da Cultura da Grécia a participar, com leitura bilingüe de seus poemas, do “Dia Internacional da Poesia”, celebrado em Atenas e Delfos (18-22/03/2001); paralelamente foi nomeado pela UNESCO e pelas autoridades italianas membro da “Academia Mundial da Poesia”, patrocinada pelo “International Institute for Opera and Poetry". Proferiu, na Embaixada do Brasil, na Piazza Navona, em Roma, a conferência "Poesia brasiliana: dall'epoca coloniale alla contemporaneità: vocazione universale e traccia differenziale”.

Sua biografia foi incluída no Who`s Who in the World - 2001. Em 2002, foi homenageado pela USP por seu papel na divulgação da literatura japonesa no Brasil. No mesmo ano, realizaram-se uma exposição do grupo Noigandres em Genebra, Suíça, e uma homenagem no Museu Guggenheim de Nova York, com um ciclo de debates e leituras de que participaram, entre outros, Marjorie Perloff e Charles Bernstein. Umberto Eco o considerou “o maior tradutor moderno de Dante”****. Em 2003, o Colégio São Bento, por ocasião de seu centenário, homenageou o poeta, seu ex-aluno, entre outras personalidades insignes do país. No mesmo ano, recebeu homenagem in memoriam da Presidência da República, em Brasília, sendo admitido na Ordem do Mérito Cultural, na classe de Grã-Cruz.

Depois de seu falecimento em 2003, o acervo de 35 mil volumes de sua biblioteca pessoal (bibliocasa) foi doado pela família à Casa das Rosas, agora rebatizada de Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Além dos mais de trinta livros que publicou (de sua autoria ou em colaboração), Haroldo de Campos deixou, entre traduções e ensaios, um grande número de inéditos, que vão da poesia neogrega à náuatle. Suas últimas aventuras tradutórias incluem transcriações de poemas em egípcio antigo, idioma que estudava, amparado em vasta bibliografia especializada.

FONTE: HAROLDO DE CAMPOS

LINKS ÚTEIS:

OBRAS

CONTRIBUIÇÕES DE HAROLDO DE CAMPOS PARA UM
PROGRAMA TRADUTÓRIO LATINO-PORTUGUÊS


POEMAS

POESIA CONCRETA

A POÉTICA DE HAROLDO DE CAMPOS

O MOVIMENTO CONCRETISTA

RODA VIVA - HAROLDO DE CAMPOS


ENTREVISTA HAROLDO DE CAMPOS

***

Ângelo

 



Leia mais: http://karamazavi.blogspot.com/search/label/Magister#ixzz0wingAcBK".
 

(http://karamazavi.blogspot.com/2010/01/magister-ii-haroldo-de-campos.html)

 

 

 

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CARLA ABRAÃO MOSTRA-NOS

AQUILO QUE O DOUTO PESQUISADOR 

HENRIQUE MARQUES SAMYN EXPLICOU

A RESPEITO DO TROVADORISMO

 

"Figuras do Trovadorismo galaico-português


Na Idade Média, a poesia na Península Ibérica era composta e cantada por jograis, que, nas ruas ou na corte, criavam uma arte que viria a constituir um dos momentos mais fascinantes da História da Literatura. Esta série de textos pretende fazer uma sucinta apresentação acerca das principais figuras do mundo jogralesco: os trovadores, os jograis e as soldadeiras.
É difícil estabelecer com precisão o período de tempo em que se inscreve o Trovadorismo galaico-português. Seu princípio é comumente situado em 1196, provável época em que surgiu a cantiga Ora faz ost' o senhor de Navarra, um sirventês político de Johan Soarez de Pávia, o mais antigo registro de que dispomos até o presente momento; quanto ao momento em que a lírica galaico-portuguesa cede lugar à chamada galaico-castelhana, portanto o que seria a época de seu término, geralmente são adotados critérios não estritamente literários, mas materiais: como observa Giuseppe Tavani, o que ocorre é que a poesia do fim do século XIII e princípio do século XIV foi preservada no chamado Cancioneiro de Baena, compilado por volta de 1430, e passou-se a tomar tudo aquilo que nele está como sendo o corpus da poesia galaico-castelhana, embora haja nele textos muito próximos, temática e formularmente, aos cancioneiros galaico-portugueses (Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa e Cancioneiro da Biblioteca Apostólica Vaticana). De todo modo, em meio ao não pequeno conjunto de dificuldades relacionados a esta datação, é possível adotar como limite o ano de 1354, uma vez que é este o ano da morte de D. Pedro, o conde de Barcelos, o último representante conhecido deste momento literário em que a influência cultural dos trovadores provençais se fazia notar, seja como modelo (caso, grosso modo, das cantigas de amor), seja como princípio catalisador de uma poesia autóctone (caso, grosso modo, das cantigas de amigo).



Miniatura das Cantigas de Santa Maria, de Afonso X (Manuscrito do Escorial): dois jograis.


No entanto, deixando de lado estas labirínticas discussões, o que importa ressaltar é que o Trovadorismo galaico-português ¿ assim chamado, aliás, devido à linguagem literária adotada por poetas das mais diversas origens: o galaico-português (ou galego-português) ¿ foi um período literário de riqueza indiscutível, que não apenas nos legou algumas obras de beleza incomparável (como a conhecida cantiga de Martin Codax: "Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E ay Deus, se verrá cedo!"), como continua a fascinar alguns dos maiores poetas de nosso tempo ¿ pensemos em Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Cecília Meireles, por exemplo. Mas quem eram aqueles poetas? Como viviam, como se formavam?
Durante muito tempo, acreditou-se havia três tipos de poetas na época do trovadorismo: os trovadores, concebidos como poetas e compositores de origem nobre; os segréis, também nobres, mas que dispunham de poucos recursos, sendo por isso obrigados a lançar mão da poesia e da música como meio de subsistência; e os jograis, artistas de origem não nobre, que sobreviviam tocando e cantando as composições dos trovadores ¿ todos acompanhados pelas soldadeiras, cantoras e dançarinas que se exibiam em suas apresentações. As fontes para o estabelecimento dessas categorias eram as próprias composições dos cancioneiros e a Declaratio de Afonso X, uma composição criada com a finalidade de "organizar" as diferentes categorias do mundo trovadoresco, de maneira a separar as camadas inferiores, como os "cazurros" ¿ jograis que faziam exibições nas ruas e praças, mais ou menos comparáveis aos atuais "artistas de rua", ¿ dos jograis de origem mais nobre ou melhor formação.



Fólio do Cancioneiro da Biblioteca Apostólica Vaticana.

Entretanto, mais recentemente, pesquisadores como Valeria Pizzorusso e António Resende de Oliveira têm proposto novas formas de compreensão do mundo jogralesco que resolvem melhor as contradições e incoerências subjacentes a esta análise "tradicional". Ocorre que, embora as cantigas identifiquem o segrel ao jogral, a Declaratio aparentemente o associa ao trovador, ao dizer que este era qualificado, nas cortes, como segrel. Desta forma, passou-se a considerar que o termo "trovador" não é um substantivo, mas um adjetivo que qualifica um tipo específico de jogral. Quanto ao termo "segrel", aparentemente trata-se apenas de um termo utilizado como sinônimo para "jogral", durante um período de tempo específico (meados do século XIII), na região de Castela.
O que podemos inferir a partir das pesquisas mais atuais é que o termo "jogral" era utilizado como referência a todos os que ganhavam a vida realizando espetáculos perante um público, utilizando os mais diversos recursos: a música, a literatura, a prestidigitação, as acrobacias etc. Os jograis provavelmente haviam surgido dos antigos artistas que, na Antigüidade, apresentavam espetáculos de mímica e declamações, fosse nas ruas e praças, fosse nos palácios reais. Segundo Ramón Menéndez Pidal, o termo seria derivado de joculator, termo utilizado na Europa, no século VII, para denominar os artistas que se apresentavam para o rei ou para o povo. Mas o que exatamente faziam os jograis? Como viviam, que tipo de espetáculos apresentavam? Abordaremos esta questão na segunda parte desta série.

por Henrique Marques Samyn
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Por Carla Abraão | 11:16 AM Devaneios: 3".

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